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Críticas de cinema

O Emérito Senhor

É a má disposição que me leva a tirar o cinto, baixar as bragas e cagar bolos-reis sobre o seu não me pronuncio, cargas policiais sobre a sua confiança, propinas sobre as suas propostas de legislação ao Governo, actos de censura ao Herman José e ao José Saramago sobre as suas cooperações estratégicas, PGA's e provas globais sobre os seus esbirros que sopram ao vento um regime presidencialista, e cago as esperanças e o dinheiro dados à Função Pública para comprar, na altura, a coesão social e, no agora em que a esperança e o dinheiro se acabam, a falta de confiança que permite, enfim, que o senhor Cavaco insufle.
Daqui até às eleições, deixo esta mensagem. Para quem quiser, a versão em texto está aqui.

a paciência

Quando estou num período de estudo extremo, não posso ir ao cinema e o livro que leio nos intervalos é um ensaio com mais referências do que o discurso de José Sócrates antes de ser primeiro-ministro, compreendo melhor Aristóteles: "a tragédia é a imitação de uma acção elevada e completa (...) que, por meio da compaixão e do temor, provoca a purificação de tais paixões".

meanings of life

Pode-se atravessar o mundo e nunca ver nevar em Paris.

estranhas coincidências

George Best, recentemente falecido, era conhecido como o quinto Beatle. Tal como George Martin (produtor da banda), tal como Pete Best (o primeiro baterista, antes de Ringo Starr). E Stuart Sutcliffe?

Histórias mínimas

Enquanto o Ministro fala da gripe das aves, o Secretário pensa em bolas de golfe.

sell out?

papa bento 2

O que o documento da Congregação para a Educação Católica (que pode ser consultado aqui) afirma é, em resumo, que a homossexualidade, quer enquanto efectiva prática, quer enquanto tendência, deve ser erradicada dos seminários. Isto não é mais do que a ponta de uma longa corda de hipocrisias da igreja católica. Primeiro, há o desfasamento entre o tratamento teológico da sexualidade e as frequentes e conhecidas tolerâncias e silêncios relativamente a sacerdotes sexualmente activos que, por vezes, mantém mesmo núcleos familiares. Se a dimensão erótica da pessoa deve ser, à partida, anulada no sacerdote, qual a necessidade de especificar um erotismo homossexual face a um heterossexual? Depois, temos os recentes e famosos casos de abusos de menores, que, como refere o padre Feytor Pinto, parecem ter sido uma grande motivação para este documento. Só que isso reflecte duas coisas: uma tentativa desesperada de ligar à homossexualidade uma voracidade sexual incontrolável e comprometedora que leva inevitavelmente a uma conduta criminosa, o que é simplesmente ridículo; um estranho modo de combater o abuso sexual de menores nos seminários, tentando anular os impulsos sexuais... dos abusados!

Especificamente em resposta ao Marco Mendes Velho, que me chama "proletário e quase estalinista" aqui e "católico desiludido", "homossexual em vias de definição" e "ex-seminarista abusado" (em alternativa) aqui, digo que a Igreja Católica não é (se é, não deve ser) um Estado dentro do Estado, sendo-lhe assim plenamente aplicável a "cartilha constitucional de direitos e deveres" que vigora para qualquer pessoa (que eu saiba, pelo menos entre nós a Concordata não se sobrepõe à Consituição). Talvez seja por não gostar de determinado tipo de estupidezes em estruturas com poder que me preocupo com este assunto. É que um estúpido sem poder é apenas isso, mas um estúpido com poder é mais: é perigoso.

papa bento

Aquele que, enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, disse que “as relações homossexuais são grave depravação e intrinsecamente desordenadas, não podendo em caso algum receber qualquer aprovação” e "a igreja classifica os casamentos homossexuais como imorais, artificiais e nocivos. Fazem parte da ideologia do mal. Se todos os fiéis são obrigados a opor-se ao reconhecimento legal das uniões homossexuais, os políticos católicos são-no de modo especial, na linha da responsabilidade que lhes é própria” quer agora, enquanto Papa, proibir o acesso dos homossexuais ao sacerdócio. Claro. É o avô que os jovens católicos saúdam em peregrinações à sua Meca romana. É o exercício do prelado de tolerância que se anunciava.

o pres(id)ente possível 2

Soares diz o que lhe apetece, Alegre diz e desdiz; e Cavaco? Cavaco, ou não diz nada, ou não diz nada de interesse. Entretanto, do outro lado do Atlântico, este Presidente faz isto.

o pres(id)ente possível

Manuel Alegre acrescenta pungência à sua personagem política quando aparenta ter em inocência o que Mário Soares tem em astúcia. Se a tem ou não, não poderei ser eu a dizer. Mas é curioso como, em contraste com o omnipresente (e fácil, e popular) sebastianismo de Cavaco, Alegre prefere ser o homem trágico.

Histórias mínimas

Chegado a casa, um barman triste procura um caderno para desenhar flores.

Histórias mínimas

Em debates televisivos, discute-se a nova ameaça: jogos de Sudoku sem solução.

o aniversário

Confesso que me sinto um pouco perplexo quando penso que foi já há dois anos que, depois de deixar passar a febre da blogosfera portuguesa que uns artigos de “silly season” tinham provocado no Verão, criei uma conta no Blogger e escrevinhei umas coisas só a ver no que dava. Deu nisto.
Um resumidíssimo balanço do ano: quatro momentos fundamentais no que toca ao intuito de expor e discutir ideias pensadas livremente (primeiro, segundo, terceiro, quarto); abandono do Courier New pelo Garamond; menor uso de imagens (consciente, mas não auto-imposto); um aumento desmesuradíssimo da barra lateral para além do número limite que me tinha imposto no início (10!); triplicação do número de visitas, o que me deixa muito contente.
Por tudo, o meu enorme agradecimento a quem leio, a quem me lê e a quem participa.

E se fosse cá?

o samurai de caminha

No Correio da Manhã:
“Ele passava a vida em frente ao computador, em jogos de luta e de guerra e recebia quase todos os dias novas espadas, que comprava pela internet, que a mãe até lhe construiu um anexo para ele colocar a sua colecção”, disse a empregada.

Mas não era apenas para coleccionar que Lopo Júnior pretendia as espadas: ele é cinturão negro em Kung-fu e um “grande apaixonado pelas artes marciais”. No anexo da casa, para além das espadas, o homicida tinha também muito material de treino relacionado com as artes marciais.
(...)
A explicação dada aos agentes da PJ reflecte os problemas psíquicos que o afectavam: acreditava, frequentemente, estar a viver situações irreais relacionadas com os jogos de computador e artes marciais, para o seu dia-a-dia. Ao que apurámos, o homicida agora condenado falava sozinho, quase sempre em inglês, e estava sempre a lutar, porque, dizia, “os outros eram mais fortes e tinha de os vencer”.
Mais alguém acha que o caso do matricida de Caminha diz algo muito relevante sobre todos nós?

Comboios

Já agora, Sérgio, eu sugiro o The Narrow Margin.

os cinco romances

Prosseguindo o desafio (anda literária, a blogosfera), os meus cinco romances portugueses dos últimos trinta anos: "O que Diz Molero", Dinis Machado; "O Delfim", José Cardoso Pires; "Um Deus Passeando Pela Brisa da Tarde ", Mário de Carvalho; "Ensaio sobre a Cegueira", José Saramago; "O Maior Espectáculo do Mundo", Hugo Gonçalves.

Você também pode ser escritor?

Teste curioso no Esplanar. O meu resultado: 7+ (medianamente dotado); Prolixo (A e D dominantes).

o futuro, o cinema

Ainda a propósito do cinema, bom post no eCuaderno, que liga ainda para o blog de uma rodagem.

o cinema português

Parece-me que Pedro Mexia faz bem em denunciar as dicotomias minoria/maioria, alternativo/comercial e arte/indústria nos seus artigos de ontem e hoje no DN, mas é necessário racionalizar a relação que a ficção televisiva tem hoje com o cinema para evitarmos a dicotomia em que ele se deixa cair quando desabafa "será que "o cinema português" só vai agradar ao "público" quando se tornar num imenso Morangos com Açúcar?". É preciso compreender que a tomada do cinema pelos padrões narrativos televisivos ocorre ao nível formal e, na generalidade, esse é um nível que, salvaguardado um espaço de inteligibilidade pelo senso comum, não importa por demais ao público. "Alice" prova-o: está a ter público, está a dar-se bem nos jornais. Que interessa saber se é um filme fácil ou difícil? Parece-me antes que é, muito simplesmente, um tratamento artístico bem pensado de uma história com interesse humano, e este, sim, é o aspecto que importa. O público está acostumado a encontrá-lo (personagens com as quais se pode relacionar, dilemas que pode compreender, histórias que lhe estão próximas) em telenovelas e, por isso, prefere algo que se lhe apresente com a forma desse embrulho, porque lhe serve de garantia. "Alice", no entanto, foi-lhe apresentado como a história de um pai à procura da filha desaparecida e não defraudou as expectativas; por isso, o público assiste a "Alice". Cabe ao cineasta escolher com o que se deve preocupar. Um filme não é uma equação e, como se disse de Indiana Jones e os Salteadores da Arca Perdida, não se pode exigir a um parque de diversões que seja uma catedral.

o candidato cavaco

Na entrevista de ontem à TVI, Constança Cunha e Sá feriu o coração da retórica de campanha de Cavaco Silva: a mansidão, que o candidato arma como um lençol à frente da cara e que treme de cada vez que se põe em causa os seus mandatos como primeiro-ministro, que treme quando lhe foge a língua para a verdade e diz "em lugar de andar com retórica aqui e acolá, vou continuar a empenhar-me em explicar aos portugueses porque razão decidi candidatar-me à Presidência da República. Vou perder, perdão, ganhar todo o meu tempo a explicar essas razões aos portugueses", que lhe treme sempre que se protege por trás de uma estranha ética de silêncio, inventada de propósito para uma campanha em que Cavaco, já se sabe, não vai pôr em causa nada nem ninguém, deixando as inevitáveis e calculadas rupturas para depois das eleições. Cavaco, por enquanto, esforça-se por ser o candidato de todos os portugueses, mas prepara-se para ser presidente de uma só república: não a portuguesa, não a do PSD, mas a do próprio Cavaco.

O futuro

A junção de cinco factores,

1- O encerramento dos cinemas Millenium no Freeport de Alcochete,
2- O desinteresse do público pelo cinema enquanto acto social e a preferência por ver o filme no conforto de casa,
3- A tendência para aproximar a estreia em sala e o lançamento do DVD,
4- A facilitação crescente do acesso a meios de edição e produção audiovisual,
5- A necessidade de encontrar formas de iludir a pirataria,

leva-me a pensar que não estamos nada longe do tempo em que o cinema, enquanto forma de espectáculo, passará a incluir uma variante: algo como um concerto de imagens, com um cine-intérprete a fazer uma montagem de várias cenas ao seu dispor, segundo a sua sensibilidade no momento e a sua interpretação da vontade do público, podendo assim apresentar um espectáculo diferente todas as noites. Enfim, algo próximo do vjaying, mas sem abdicar do lado narrativo e sem ser meramente acompanhante de música; algo que, através da figura do “mestre de cerimónias”, que conduz e pode ser mais ou menos exímio, evite a monotonia interactiva de ser o próprio público a democraticamente escolher a cena que se segue.

a música (2)

Embora não seja o maior apreciador do mundo de M.I.A., reconheço-lhe algo de muito interessante: o modo como ela se veste, estilizando a roupa barata de subúrbio (fatos de treino, t-shirts acima do número...). Isto, claro, não tem nada a ver com música, e talvez por isso mesmo devesse mudar o título do post...

a música

Há algum tempo que não ouvia alguém cantar como se valesse a pena. Regina Spektor é excelente e o Raúl (que ma apresentou) também.

o mais curto conto de freud do mundo*

Era uma vez um homem que perguntou a uma mulher:
– Queres casar comigo?
Ela respondeu:
– Só se matares o meu marido.
E ele assim fez. Casar com a própria mãe custa.

a pergunta

É sempre a mesma quando, depois de alturas de poucas visitas, faço uma revista de blogs: há mais blogs interessantes ou foram os meus interesses que se dilataram? O que, por sua vez, me lembra algo que li hoje: é a linguagem que transforma o mundo ou o mundo que transforma a linguagem? Também li sobre Isidore Isou e Michel Mourre, mas isso fica para outra altura.

frança e os outros (2)

Ainda há dias falei aqui de Haneke e a verdade é que tem sido este austríaco quem melhor tem representado no cinema a profunda cisão no modo como a França/Ocidente foi construída/o. Por outro lado,a sociedade da opulência é também a sociedade do medo (o centro da cidade, rico, é a metrópole, o subúrbio, mais pobre, é a colónia e o medo de que os selvagens da periferia venham pilhar o centro é, afinal, um neocolonialismo) e não tem havido melhor representação do jovem nela perdido do que a de Rents, o protagonista de Trainspotting, a disparar, de um lugar escondido no jardim público, chumbeiras em pit bulls para que estes se virem contra os donos skinheads. É que Rents já se habituou de tal modo ao medo que convive com ele numa dimensão para além da ameaça física, fazendo o instrumento desta virar-se contra o dono e, assim, concretizar a agressão que aquele medo deixa em suspenso através da inversão da lógica de poder.

frança e os outros

Os distúrbios em França não são diferentes de fenómenos anteriores que ocorreram em Portugal, como o falsificado arrastão de Carcavelos ou, até certa medida, os incêndios de verão. Com o primeiro, eles têm em comum o facto de revelarem o eclodir de frustrações entupidas já há muito, com particular expressão nas novas gerações descendentes de imigrantes. Curioso é o facto de o alvo prioritário da ira dos excluídos da sociedade de opulência ser, precisamente, a propriedade, que aquela gosta de lhes acenar na cara como meta inatingível, e curioso também é o modo quase irracional e profundamente intuitivo como essa destruição é para os amotinados o modo de expressão natural do seu desconforto - como se procurassem arrancar das mãos daquela sociedade a arma com que ela os humilha, independentemente dos custos (a perda de empregos e das infraestruturas que os proprios amotinados utilizam, como os campos de jogos). Esclareça-se, porém, uma diferença: o arrastão existiu só no medo da classe média, os distúrbios existem fisicamente e, medo dos medos, não dependem de nada a não ser do ódio, ao contrário dos motins estudantis de 68, que dependiam da paralisação dos sindicatos.
Com os incêndios de Verão, os distúrbios têm em comum a revelação de um interessante elemento da consciência social: o da cidade como reservatório da riqueza e, portanto, com prioridade máxima de protecção. Tal como o alerta só soou verdadeiramente quando o fogo, este ano, entrou nos subúrbios de Coimbra e Viana do Castelo (o que teria sido se fosse Lisboa...), também aqui se colocou a fasquia nos carros a arder no interior de Paris. Até aí, o assunto era do subúrbio e a vida podia continuar. Esta guetização silenciosa apenas permite uma conclusão: uma sociedade (burguesa) que tem como fim o conforto e como meio uma economia falha quando essa economia depende de se excluir uma parte substancial da população desse conforto.

meanings of life

Eu deitado, eu de pé, murmuro, afasto-me, deito-me de novo, cheio de medo.

meanings of life

Tentar perceber porque acho alguma publicidade nova cheia de sentido: assobio o “Come on Eileen”, comovo-me com a história da Efémera.

meanings of life

Value this time in your life kids, because this is the time in your life when you still have your choices, and it goes by so quickly. When your a teenager you think you can do anything, and you do. Your twenties are a blur. Your thirties, you raise your family, you make a little money and you think to yourself, "What happended to my twenties?" Your forties, you grow a little pot belly you grow another chin. The music starts to get too loud and one of your old girlfriends from highschool becomes a grandmother. Your fifties you have a minor surgery. You'll call it a procedure, but it's a surgery. Your sixties you have a major surgery, the music is still loud but it doesn't matter because you can't hear it anyway. Seventies, you and the wife retire to Fort Lauderdale, you start eating dinner at two, lunch around ten, breakfast the night before. And you spend most of your time wandering around malls looking for the ultimate in soft yogurt and muttering "how come the kids don't call?" By your eighties, you've had a major stroke, and you end up babbling to some Jamaican nurse who your wife can't stand but who you call mama. Any questions?*

meanings of life

E, no entanto, a frase de que mais me lembro por estes dias é “o que ainda não sabes é que vais ter dezoito anos o resto da vida”.

I'm going though changes*

Como prefiro um sapo no início a uma barra negra omnipresente, o www.jorgevaznande.tk passou a jorgevaznande.pt.vu.
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