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a francisca, mulher prendada

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É normal que as coisas decorram normalmente: que a noite se siga ao dia, que as plantas procurem o sol, que os ministros vão de férias e que o Presidente faça comunicados ao país. Mas nada nos podia preparar para a bomba atómica que Francisca Moreira mais o seu monstrozinho verde do consumo aprontaram naquele fatídico dia de Inverno. Aconteceu que, em telefonema, Francisca nos dissera - pensávamos nós - que teria um Ewing ao jantar. "Ora que bem", pensámos nós, ansiosos por descobrir se seria Bobby ou JR. Eu perfumei-me, a Ana vestiu-se bem (a Ana cheira sempre bem; eu, por meu lado, tive de seguir sem roupa). Quando entrámos na casa de Francisca e ouvimos o tec-tec-tec, percebemos que algo estava errado: qual Ghandi, Francisca cosia um robe numa sewing machine. Eu perguntei "Mas que raio é isto?". Francisca replicou, muito contente "Ora, é uma sewing machine, de marca incógnita. E tu, Nande, porque é que estás todo nu? Andaste a beber brandy enquanto ouvias jazz e fumavas um charutinho?".

Francisca é uma mulher às direitas, mas, bolas, quando quer ferir, fere a valer. Ainda por cima, a agulha da sewing machine estava afiada - e grilinhas ao léu precisam de lugares seguros para estarem descansadas. Portanto, vesti o robe que Francisca acabara de coser - e tenho a dizer que me ficava bem bem bem jeitoso.

O Francisca-móvel

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Um dia, Francisca Moreira apareceu no nosso apartamento (pois, segundo recordo, Francisca, adorável criatura, não conseguia, no entanto, pôr de lado uma quase patológica tendência para se imiscuir em casa alheia sem razão ou objectivo) e, enquanto cirandava as belas saias de renda pelos cantos, falou-nos da sua intenção de adoptar uma criança africana chamada Auto Repair. Nós consideramos estranho tal desejo, mas a Madonna também já tinha dado nome aos filhos - por isso, achámos menos estranho. Um dia, Francisca recebeu um cartão postal onde lhe era anunciada a vinda próxima de Auto Repair, um belo nubiozinho, mesmo a jeito para lhe puxar pelos conceitos de maternidade. Mas quando, semanas depois, a entrega foi efectuada, o horror de Francisca e nosso foi enorme: uma troca na Alfândega levou a que Francisca recebesse um automóvel chamado Mali e não uma criança chamada Auto Repair, que entretanto tinha sido enviado para uma fábrica da Renault. Ainda assim, Francisca, mestre em lidar com a adversidade, aprendeu a amar Mali como um filho, com a vantagem de que não tem de se levantar de manhã para ir levá-lo à escola.

a "bumbum" do ano*

A ex-dançarina Carla Perez não sabe quem é Mulher Melancia, Mulher Filé ou qualquer outra personagem cujo atrativo principal é o tamanho avantajado do bumbum. Tampouco se sente ameaçada ou incomodada com as novas rivais do popozão.

"Não ligo para comparações. Nem sei quem são elas. Pra mim, quem tem um bumbum grande é a Rosiane da 'Gang do Samba'. Acho ela linda e maravilhosa", opinou Carla na festa da grife Carmen Steffens, em São Paulo.

Carla não entrou na disputa de bumbuns, deixou a preocupação com o tamanho das nádegas para o passado e agora pensa em seu trabalho com público infantil e em sua família. "Mudou até o jeito dos homens me abordarem nas ruas. É respeito, um jeito carinhoso de falar, até porque agora são os filhos e filhas deles que gostam de mim", disse.

Super assediada pelo público feminino – que a rodeou no evento pedindo fotos desde que ela chegou ao local – Carla Perez está visivelmente feliz e satisfeita com os rumos de sua carreira. A cantora não deixa, porém, de passar seu recado às seguidoras ou aspirantes a "bumbum do ano". "Minha bunda não faz nada se eu não estiver junto. Tem que ser um conjunto. Se não tiver cabeça, nada mais funciona", afirmou.

o sinal das coisas

O computador de casa vai-se abaixo e o do trabalho não reconhece a palavra "mulheres".

a prudência

“Acho que tu (e também o John {Ashbery}) deves ter atenção àquele que é sempre o grande perigo de qualquer estilo "surrealista", nomeadamente o de se confundir autênticas relações não-lógicas, que causam espanto, com as acidentais, que causam uma mera surpresa e, no final, cansaço.
W. H. Auden (carta a Frank O'Hara).

o vídeo

A Primer for the Daily Round

A peels an apple, while B kneels to God,
C telephones to D, who has a hand
On E's knee, F coughs, G turns up the sod
For H's grave, I do not understand
But J is bringing one clay pigeon down
While K brings down a nightstick on L's head,
And M takes mustard, N drives into town,
O goes to bed with P, and Q drops dead,
R lies to S, but happens to be heard
By T, who tells U not to fire V
For having to give W the word
That X is now deceiving Y with Z,
Who happens just now to remember A
Peeling an apple somewhere far away.

Howard Nemerov


Gostava de ter traduzido. Não consegui.

a felicidade de francisca moreira é a nossa

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Francisca Moreira, como diz o outro, não é aquilo que parece. Apesar de, à superfície e depois de conhecidos algumas dos rocamboles em que se envolveu, ela fazer lembrar uma espécie de libelinha selvagem, a verdade é que Francisca é um ser doce, bom para o seu próximo e querida para os pequenos animais do mundo, qual Eva do Taveiro. Ah, quantas vezes eu pensei que ela merecia mais do que tinha, que não haveria justiça tão grande que fizesse com que o mundo lhe retribuísse tudo aquilo que ela faz por ele.

Até que um dia, Francisca descobriu o Mac Poker. Lembro-me desse dia: ela aproximou-se de mim e de Jerónimo, o cavaleiro Jedi comunista, e, com aquele ar melífluo que tanto coração derreteu por essa Europa de gente louca, perguntou "o que acham se eu brincasse um bocadinho com o Mac Poker?". Jerónimo reagiu mal de início, dizendo "Não conheço esse Mac Poker, Francisca. Não porá ele em risco o belíssimo ser humano que tu és?". A caçoada foi grande: afinal, Jerónimo não troca tintas quando pinta casas com frinchas.

Muitos dias e noites se passaram enquanto Francisca decidia se começava ou não a usar o Mac Poker. Estrelas caíram do céu, as nuvens puseram-se em formas primordiais, o Mondego começou a correr para trás. Eu e Jerónimo abraçávamo-nos e chorávamos, gritando: "O que fará? O que é que Francisca fará?! Estará em risco de se perder esta criatura cuja pungência no existir fará sorrir todos os Poetas até ao final do Tempo?".

Pois uma semana depois, Francisca, saltando à corda, bela e fresca como uma manhã de Primavera, apareceu-nos. Decidira: não jogaria o Mac Poker, pois Francisca não tem um Macintosh. Ah, coisa bonita, coisa linda, exclamámos. Salvara-se o património de inocência da Humanidade: Francisca era, enfim, nossa, como um tesouro que anda e fala e é maravilhoso... E, todos juntos, fomos para a ponte pedonal, saltar à corda enquanto atravessávamos de uma margem à outra do Mondego. É que, parecendo que não, ainda custa.

o concerto

Preciso de dizer isto antes que me vá deitar, o amanhã chegue e a verdade perca a necessidade: Bob Dylan foi talvez o melhor que poderia ter visto no preciso momento em que o vi. Com "Lisbon" e a apresentação da banda como únicas palavras pronunciáveis e tudo.

Na segunda-feira, descobri que uma pessoa que conheci há anos nos Jovens Criadores teve um derrame cerebral - mas só porque um dossier sobre ela (faz de si a sua matéria artística, a valente) me veio em anexo num e-mail de divulgação cultural e só porque ela tem o mesmo nome que uma actual colega de trabalho minha que é também pintora, senão o mais provável é que nem tivesse aberto o e-mail.

Na quarta-feira, descobri que o meu vizinho do lado de há quase dois anos, nado e criado em Lisboa, namorou com uma antiga professora minha, nada e criada na Trofa e passada por Monção.

Ontem, descobri que alguém que conheci há anos nos Jovens Criadores - os mesmos em que conheci a pessoa de há dois parágrafos atrás - está a trabalhar no Ikea, mas só porque, por coincidência e à última da hora, lá fui.

Quando o Dylan tocou a "It's Alright Ma", todo o concerto se abriu para o público. Antes, o John Butler Trio só o conseguira quase no final, com um solo sobre-humano do baterista, mas ao Dylan bastou ter a banda toda a olhar para ele para saber as variações, repetir compasso atrás de compasso e murmurar as letras. E, ainda assim, houve um momento em que tudo aquilo fez sentido. A banda para trás no palco, como a de um cabaret, sem se querer mostrar, sem fazer de si própria o espectáculo, a ausência de palavrinhas gentis, o agradecimento final, sem vénia, sem nada, só a banda no centro, de pé, a olhar para o público que a aplaudia e eu sentia que aplaudiria aqueles gajos, aquele gajo, o tempo todo que eles quisessem ali ficar de pé. E o Dylan não me engana com aqueles olhos de ratito malandrão: depois daquela malta toda, velha e nova, cantar a Like a Rolling Stone ao mesmo tempo, havia ali sorriso mal escondido.

Não foi um concerto como qualquer outro quanto àquilo que pede ao público para ser e ao modo como lhe pede para estar. Mas, a partir de um momento, fez sentido. A partir de um momento, tudo faz sentido.

o quiosque

Atenção, que voltou à carga um blog português mesmo muito interessante.

o que um reparo faz

Hoje, e devido a um reparo por e-mail de Francisca Moreira, comprei uma bicicleta. Sim, vivo em Lisboa. Sim, vivo na Graça. Sim, sou algo maluco. Sim, conto pedir responsabilidades a Francisca Moreira se esta aventura não correr bem. Há coisas que não se admitem.

o que dá que pensar

a noite

Visitantes deste blog, se estão a planear o que fazer na noite de sábado, tenham em conta isto. Beijos.
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