Este blog está encerrado.

O autor continua a publicar em http://jvnande.com.

Se quiser ler uma selecção de textos, clique aqui.

"Amarcord"

Não posso dizer que a cópia parecesse restaurada ou, pelo menos, que o parecesse muito bem. Não posso afirmar com toda a certeza que a perda se deveu às condições não tão boas do Estúdio 2 dos cinemas Millenium-Avenida, que são (sem sombra de dúvida) as salas principais de Coimbra e que, por isso, deveriam chamar a si maior responsabilidade. Fosse lá o que fosse (e talvez Fellini andasse com o mesmo problema que acossa muitos filmes portugueses - penso nos últimos de Paulo Rocha), o som estava muito mau.

Ainda assim, o tempo. As bruxinhas, que voam no início e acabam de voar no fim. O tempo a ressumar do filme, o tempo da memória, mas também o tempo dentro do que é lembrado. Para quem não sabe, "Amarcord" é uma expressão da região de Emilia-Romagna, onde fica Rimini (cidade-natal de Fellini e cenário do filme), e que significa "eu recordo" - tomem lá para todas as associações. Apenas mais um tópico para reflexão: a linha narrativa de "Amarcord" é criada na consciência, que acolhe impressões de tempo, e não uma história nítida, definida, dura. Isto não tem nada a ver com o onirismo, se bem que também tenha. De todos os Fellinis que já vi, e talvez juntamente com "La Dolce Vita", é aquele em que há uma maior aproximação a algo que será o essencial do narrativo em cinema.

Mais uma curiosidade: o nome da personagem "Gradisca", no filme, vem da frase "Maestá, gradisca...", que significa (segundo aquilo que percebi dos sites em italiano que consultei) algo como "Majestade, encantada". Interessante, interessante, é o facto de ter mesmo existido uma Gradisca em Rimini (Gradisca Morri, falecida em 2001 com 85 anos), mas a sua alcunha não tinha uma origem tão exótica como a que aparece no filme: chamava-se Gradisca apenas porque o seu pai combateu na cidade de Gradisca d’Isonzo aquando da Primeira Guerra Mundial. Para mais informações.
« Home | Próximo »
| Próximo »
| Próximo »


jorge vaz nande | homepage | del.icio.us | bloglines | facebook | e-mail | ligações |

novembro 2003 dezembro 2003 janeiro 2004 fevereiro 2004 março 2004 abril 2004 maio 2004 junho 2004 julho 2004 agosto 2004 setembro 2004 outubro 2004 novembro 2004 dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 junho 2005 julho 2005 agosto 2005 setembro 2005 outubro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 maio 2006 junho 2006 julho 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 maio 2007 junho 2007 julho 2007 agosto 2007 setembro 2007 outubro 2007 novembro 2007 dezembro 2007 janeiro 2008 fevereiro 2008 março 2008 abril 2008 maio 2008 junho 2008 julho 2008 agosto 2008 setembro 2008 outubro 2008 janeiro 2009 fevereiro 2009 março 2009 maio 2009 junho 2009 julho 2009 agosto 2009