Emmett Till
Este era Emmett Till. Em Agosto de 1955, Emmett tinha 14 anos e estava a passar uma temporada com parentes numa terreola do Mississipi chamada Money (!), longe da Chicago onde vivia.
Num desses dias, Emmett assobiou a Carolyn Bryant, uma lojista branca de 21 anos. Algumas versões dizem que ele teria sido demasiado licencioso com ela, outras dizem que não. Três dias depois, a meio da noite, Emmett foi arrancado da cama na cabana do seu tio-avô e raptado. O seu corpo seria encontrado por pescadores no rio Tallahatchie. Tinha a cara completamente amassada, a cabeça baleada e, atada ao pescoço com arame farpado, uma grelha de descaroçador de algodão (que penso ser a tradução mais correcta de "cotton gin fan") com cerca de 35 quilos, de modo a não flutuar.
Seriam constituídos arguidos Roy Bryant, marido da lojista, e o seu meio-irmão J. W. Milam. Provou-se que a grelha que tinha sido atada ao pescoço de Emmett era do celeiro deste último. Várias testemunhas afirmaram terem visto os arguidos com a vítima. No entanto, um júri constituído apenas por homens brancos oriundos do distrito natal dos mesmos ilibá-los-ia depois de uns meros 67 minutos de deliberação. Um ano depois, por 4000 dólares, tanto Bryant como Milam confessariam o homicídio à revista Look. Nenhuma consequência lhes veio daí, pois uma vez inocentados, não podiam voltar a ser julgados.
A diferença deste para com todos os outros homicídios de negros no Sul dos Estados Unidos foi a de a mãe de Emmett, Mamie Till-Mobley, ter insistido em fazer o funeral com o caixão aberto. E o que então toda a gente viu foi isto.
Esta fotografia de um corpo desfigurado tornar-se-ia a partir de então um ícone fundador do Movimento pelos Direitos Cívicos. A própria Rosa Parks, que apenas três meses depois do julgamento recusaria dar o seu lugar no autocarro a um branco (o que levaria à declaração pelo Supremo Tribunal da inconstitucionalidade da segregação nos transportes públicos), teria mesmo dito a Mobley que, nesse dia, pensava em Emmett acima de tudo.
Ora bem, o processo do homicídio de Emmett Till vai ser reaberto. Ao que parece, um documentário desenterrou nova informação que leva a concluir que pelo menos mais uma pessoa estaria envolvida no crime. E essa pessoa, ao que parece, ainda está viva e pode ser chamada ao tribunal.
Esta notícia deixa-me indeciso. O que é mais importante afirmar: o natural esgotamento do efeito útil de uma possivel sentença ou o castigo da atroz impunidade que paira há meio século sobre este caso? Nem questiono a escolha entre o Direito e a Justiça. Parece-me que a questão aqui é mesmo a de saber o que é justo. Opiniões?
Para saber mais:
- A morte de Emmett Till:http://afroamhistory.about.com/library/weekly/aa021703a.htm; http://www.bobdylanroots.com/till.html.
- A entrevista aos homicidas:http://www.pbs.org/wgbh/amex/till/sfeature/sf%5Flook%5Fconfession.html.
- A reabertura do processo: http://www.boston.com/news/globe/editorial_opinion/editorials/articles/2004/05/19/in_memory_of_emmett_till/; http://www.chron.com/cs/CDA/ssistory.mpl/editorial/2575621.
1 Comentários:
gostaria q auguem com competencia maior q a minha falasse sobre a pena de morte para politicos corruptos, e sobre o medo q eles teem de falar sobre o assunto q pode acabar com a "arca d tesouro",
nosso pais q é riscado do mapa do mundo para ir para as contas de poucos, junto com estes roubos politicos vao nossa segurança, a segurança de turistas, o medo de investimento em nosso pais, nossa cultura e de nossos filhos, nossa imfra estrutura...
abolir a pena de morte é importante, mas é a unica maneira de curar esta doença chamada politica
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