o fim dos patinhas e o português em áfrica
Na "Os Meus Livros" deste mês: a Edimpresa, que publicava as edições portuguesas de livros Disney, vai acabar com as mesmas. Voltarão as edições brasileiras, presmo que com distribuição da mesma empresa ou grupo. Na minha infância, convivi com as duas e lembro-me de haver um momento em que as revistas tinham uma faixa verde e vermelha no canto superior esquerdo. Anos mais tarde, alguém na Federação Portuguesa de Futebol se lembraria de fazer o mesmo nas varandas portuguesas, mas isso não importa. É algo que se perde, sim, e um problema para a aprendizagem da língua. Isto é, pelo menos, aquilo em que eu gostaria de acreditar: tomando por verdadeiras as declarações da Edimpresa, e nada indica que não o sejam, o facto de o cancelamento se dever a "vendas inexpressivas" também leva a crer que as crianças de hoje vão buscar as leituras a outros lados. No entanto, o risco persiste.
Já agora, um desabafo: a edição fazia-se cá há 26 anos, idade que eu fiz em Dezembro. Talvez fosse melhor darem-me já um tiro de misericórdia, não?
Mais à frente na mesma revista, Fernando Sarmento, o fundador da Editora Morumbi (predecessora da edimpresa), diz que acha que o regresso das edições brasileiras é um "erro muito grave" e que "nós já estamos a perder o comboio da língua em Angola porque os brasileiros estão a ir para lá, a sua terminologia está a vingar". Isto é verdade, mas é também ilusão. Não só graças a uma maior identificação cultural, mas principalmente graças à força imensa de exportação comercial da sua cultura popular (principalmente televisão e música), o Brasil está a conquistar a África lusófona. Do mesmo modo, de resto, que conquistou Portugal há umas décadas. Isto não é uma luta entre o Brasil e Portugal pelos irmãos que estão a crescer: a influência portuguesa, pareceu-me, ainda predominava nas livrarias de Maputo quando lá fui em Julho, mas, naturalmente, cada vez mais deixará de o fazer, pois na discoteca ouvia-se muito mais música brasileira. Eu já ouvi falar em acordos ortográficos para deixar de haver várias línguas portuguesas, mas não sei de que modo, a que nível, este se impõe. Se for do gabinete do ministro, já se provou, não funciona. Prefiro que uma variante linguística se imponha naturalmente a que outra se perca artificialmente.
Já agora, um desabafo: a edição fazia-se cá há 26 anos, idade que eu fiz em Dezembro. Talvez fosse melhor darem-me já um tiro de misericórdia, não?
Mais à frente na mesma revista, Fernando Sarmento, o fundador da Editora Morumbi (predecessora da edimpresa), diz que acha que o regresso das edições brasileiras é um "erro muito grave" e que "nós já estamos a perder o comboio da língua em Angola porque os brasileiros estão a ir para lá, a sua terminologia está a vingar". Isto é verdade, mas é também ilusão. Não só graças a uma maior identificação cultural, mas principalmente graças à força imensa de exportação comercial da sua cultura popular (principalmente televisão e música), o Brasil está a conquistar a África lusófona. Do mesmo modo, de resto, que conquistou Portugal há umas décadas. Isto não é uma luta entre o Brasil e Portugal pelos irmãos que estão a crescer: a influência portuguesa, pareceu-me, ainda predominava nas livrarias de Maputo quando lá fui em Julho, mas, naturalmente, cada vez mais deixará de o fazer, pois na discoteca ouvia-se muito mais música brasileira. Eu já ouvi falar em acordos ortográficos para deixar de haver várias línguas portuguesas, mas não sei de que modo, a que nível, este se impõe. Se for do gabinete do ministro, já se provou, não funciona. Prefiro que uma variante linguística se imponha naturalmente a que outra se perca artificialmente.
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