a vitória de salazar 2
O João Ferreira Dias cunha um termo: neo-salazarismo. Tem razão, está aí aquilo de que ele fala - ainda que me pareça mais velho do que neo, mas tudo bem. Eu não acho é que a vitória de Salazar no concurso da Maria Elisa seja grande sinal de coisa alguma. A primeira coisa que ouvi logo quando Salazar voltou da morte para um rol de candidatos foi uma risada e um "ainda vai ganhar este!" da pessoa que estava ao meu lado. Não o disse enquanto motivo de satisfação, mas com nervoso miudinho. As pessoas souberam instintivamente que fazer-se ganhar o Botas era fazer acontecer alguma coisa (garanto que não estaríamos a discutir a violência familiar três dias depois de ter ganho o D. Afonso Henriques). Uma chamada telefónica para um gravador não é um compromisso com nada - mas, se conseguimos fazer acontecer alguma coisa sem termos que nos comprometer com seja lá o que for, porque não fazê-lo? Está-se a discutir muito este assunto no plano político, mas pouco no plano da psicologia da sociedade de informação. Transformar uma votação que foi inconsciente e feita com risadas de gozo num manifesto político consciente de quem rejeita o estado actual das coisas é levar as coisas um pouco longe demais.
Se as pessoas deviam ou não ter tratado com ligeireza este assunto, isso é outra questão. Eu não o teria feito, não o fiz e partilho um certo desconforto com o que aconteceu. Mas um programa de entretenimento, saído da mesma Programação de onde saem o Só Visto e o Portugal no Coração, deve ser subitamente elevado a coisa séria? O que eu acho é que a blogosfera sai disto um bocadinho envergonhada. Provavelmente, não sabia da votação por SMS e exigiu Salazar, porque, no programa que imaginou (provavelmente, uma discussão de horas à volta de uma mesa com a Ana Sousa Dias), ele fazia lá sentido. Mas não fazia, pois as figuras eram de papelão e o que se queria era discutir heróis num contexto ligeiro - e agora volta-se à discussão séria de um programa que não o era antes de ser e não o será depois de ter sido. Isto é tudo demasiado ridículo.
Quanto à extrema-direita, sempre se esforçou por ter espaço na Comunicação Social, ainda que com manifestações de trinta pessoas. Graças a isto, a atenção da gente foi despertada. Esperemos que não o tivesse sido no mau sentido.
Se as pessoas deviam ou não ter tratado com ligeireza este assunto, isso é outra questão. Eu não o teria feito, não o fiz e partilho um certo desconforto com o que aconteceu. Mas um programa de entretenimento, saído da mesma Programação de onde saem o Só Visto e o Portugal no Coração, deve ser subitamente elevado a coisa séria? O que eu acho é que a blogosfera sai disto um bocadinho envergonhada. Provavelmente, não sabia da votação por SMS e exigiu Salazar, porque, no programa que imaginou (provavelmente, uma discussão de horas à volta de uma mesa com a Ana Sousa Dias), ele fazia lá sentido. Mas não fazia, pois as figuras eram de papelão e o que se queria era discutir heróis num contexto ligeiro - e agora volta-se à discussão séria de um programa que não o era antes de ser e não o será depois de ter sido. Isto é tudo demasiado ridículo.
Quanto à extrema-direita, sempre se esforçou por ter espaço na Comunicação Social, ainda que com manifestações de trinta pessoas. Graças a isto, a atenção da gente foi despertada. Esperemos que não o tivesse sido no mau sentido.
1 Comentários:
concordo contigo.
estão a dar demasiada importância a um programa onde anónimos votam no maior português de sempre!
se até o titulo é ambíguo, porquê dar tanta visibilidade a isso?
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