entretanto, ontem também tive oportunidade de ver o Elephant (entalado entre beijinhos de parabéns à minha namorada). Apenas uns comentários breves.
Primeiro, descobrir a progressão do cineasta Gus Van Sant. "My Own Private Idaho" era um exercício intenso - e de uma honestidade (homo)sexual comovedora. Sem gracinhas, esse filme era já um pico, enfim, uma primeira obra-prima. "Elephant" é uma obra de maturidade; penso que isso foi sempre uma evidência que me surgiu em criações de maior rigor e que nunca provoquei. Ou seja, nunca parti para as obras com a função "descartar ser obra de maturidade" escrita na mão (e, assim de repente, estou a lembrar-me de algumas: "Jackie Brown" para Tarantino; a trilogia das Mulheres Sacrificadas para Lars von Trier; "Tips and Shortcuts" para os Primitive Reason). Ontem, enquanto via "Elephant", isso voltou-me ao pensamento. Será pela paz, por uma certa coesão calma na concepção dos planos?
Segundo, é engraçado reparar como Van Sant compreende o universo do liceu (ou tem de ser escola secundária?). É bem verdade que cada um vê aquilo que quiser ver, mesmo que não tenha disso conciência; ora, eu recordo-me do ambiente passivo-agressivo, de sentir olhos na nuca. Vergonhas em círculo fechado a vigiarem-se umas às outras, todas prestes a explodir.
Terceiro, Van Sant tomou o digestivo expressionista de "Gerry" para aplacar as palpitações que Holywood lhe tinha deixado, não? Repare-se no equilíbrio : quanos planos nascem de uma deformação colorida - que lembra "Gerry" - para se transformarem lentamente (sem pressas: é preciso olhar para eles) em continuação da narrativa? Ou, pelo menos, da análise subjectiva de uma linha de acontecimentos que o filme é? É que "Elephant" não está no espaço e tempo que mostra, mas sim no de quem o dá a ver.
Onde é que se pode ver (outr)a escola tão bem filmada?
P.S: Este filme foi comentado de maneira muito mais modesta por alguém cuja crónica semanal foi para mim, durante algum tempo, absolutamente imperdível. Depois, ela acabou e eu comecei a ler outras coisas que antes não teria lido.
Primeiro, descobrir a progressão do cineasta Gus Van Sant. "My Own Private Idaho" era um exercício intenso - e de uma honestidade (homo)sexual comovedora. Sem gracinhas, esse filme era já um pico, enfim, uma primeira obra-prima. "Elephant" é uma obra de maturidade; penso que isso foi sempre uma evidência que me surgiu em criações de maior rigor e que nunca provoquei. Ou seja, nunca parti para as obras com a função "descartar ser obra de maturidade" escrita na mão (e, assim de repente, estou a lembrar-me de algumas: "Jackie Brown" para Tarantino; a trilogia das Mulheres Sacrificadas para Lars von Trier; "Tips and Shortcuts" para os Primitive Reason). Ontem, enquanto via "Elephant", isso voltou-me ao pensamento. Será pela paz, por uma certa coesão calma na concepção dos planos?
Segundo, é engraçado reparar como Van Sant compreende o universo do liceu (ou tem de ser escola secundária?). É bem verdade que cada um vê aquilo que quiser ver, mesmo que não tenha disso conciência; ora, eu recordo-me do ambiente passivo-agressivo, de sentir olhos na nuca. Vergonhas em círculo fechado a vigiarem-se umas às outras, todas prestes a explodir.
Terceiro, Van Sant tomou o digestivo expressionista de "Gerry" para aplacar as palpitações que Holywood lhe tinha deixado, não? Repare-se no equilíbrio : quanos planos nascem de uma deformação colorida - que lembra "Gerry" - para se transformarem lentamente (sem pressas: é preciso olhar para eles) em continuação da narrativa? Ou, pelo menos, da análise subjectiva de uma linha de acontecimentos que o filme é? É que "Elephant" não está no espaço e tempo que mostra, mas sim no de quem o dá a ver.
Onde é que se pode ver (outr)a escola tão bem filmada?
P.S: Este filme foi comentado de maneira muito mais modesta por alguém cuja crónica semanal foi para mim, durante algum tempo, absolutamente imperdível. Depois, ela acabou e eu comecei a ler outras coisas que antes não teria lido.
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