"O Milagre Segundo Salomé"
É um pouco frustrante dizer isto, mas o que este filme tem de espantoso vem realmente do seu aparecimento no âmbito do cinema português. Não porque seja um filme de época (até apetece dizer: mais um?...) ou uma "grande produção" ("Capitães de Abril" já o era), mas porque é estranho ver um filme português com as coisas tão no sítio certo. Não há outra maneira de dizer: este é um filme que tem as coisas no sítio. Os actores não exageram, o ritmo está bem marcado, os cenários são credíveis. "O Milagre..." parece, acima de tudo, ter sido feito por pessoas que souberam trabalhar bem umas com as outras - há, principalmente, uma banda sonora solidíssima de Bernardo Sassetti e uma actriz principal extraordinária, Ana Bandeira. O raccord do encontro amoroso entre Salomé e Gabriel na casa deste fica na memória. Tirando um ou dois pontos menos agradáveis (uma fixação talvez excessiva no rosto de Bandeira; a hostilidade repentina de Salomé para com Sertório não é bem explicada), estamos perante um caso raro de filme português que fixou os seus objectivos com consciência e os atingiu com competência.
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