Do Jornal da Noite da Sic: Jorge Gonçalves (se não me engano no apelido), cego, está a fazer um curso na respeitada Ecole Normale de Musique, onde é reconhecido pelos colegas e professor como um valor indiscutível. O método de trabalho de Jorge é excepcionalmente difícil, pois tem que ler a pauta Braille com uma mão e tocar com a outra, invertendo depois as mãos. Deste modo, ele decora as peças frase por frase, compasso por compasso, num processo lento que progride apenas graças à sua perseverança e força de vontade. Não é um fenómeno de circo, é um pianista de grande talento que não se deixou intimidar pelo que seria, à partida, uma enorme limitação. É o tipo de pessoa que nos mostra a verdadeira medida do humano.
Quando Jorge acabou o curso no Conservatório de Coimbra e decidiu fazer o curso superior de Piano da Ecole Normale, ele e os pais foram pedir um apoio à Gulbenkian. Como não conheciam ninguém e ninguém os conhecia a eles, não lhes deram nada. A família não quis deixar que o sonho dele morresse, e investiu as economias de uma vida no sonho do filho. Só por isso é que ele conseguiu ir viver para Paris e só por isso é que apareceu hoje no Jornal da Noite da Sic. Quando Jorge, que deve tudo a si e aos seus, ganhar nome e respeitabilidade, talvez então, sim, talvez então seja alegremente reinvidicado como pertença deste país. Um país de merda em que às vezes só apetece escarrar.
Quando Jorge acabou o curso no Conservatório de Coimbra e decidiu fazer o curso superior de Piano da Ecole Normale, ele e os pais foram pedir um apoio à Gulbenkian. Como não conheciam ninguém e ninguém os conhecia a eles, não lhes deram nada. A família não quis deixar que o sonho dele morresse, e investiu as economias de uma vida no sonho do filho. Só por isso é que ele conseguiu ir viver para Paris e só por isso é que apareceu hoje no Jornal da Noite da Sic. Quando Jorge, que deve tudo a si e aos seus, ganhar nome e respeitabilidade, talvez então, sim, talvez então seja alegremente reinvidicado como pertença deste país. Um país de merda em que às vezes só apetece escarrar.
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