frança e os outros (2)
Ainda há dias falei aqui de Haneke e a verdade é que tem sido este austríaco quem melhor tem representado no cinema a profunda cisão no modo como a França/Ocidente foi construída/o. Por outro lado,a sociedade da opulência é também a sociedade do medo (o centro da cidade, rico, é a metrópole, o subúrbio, mais pobre, é a colónia e o medo de que os selvagens da periferia venham pilhar o centro é, afinal, um neocolonialismo) e não tem havido melhor representação do jovem nela perdido do que a de Rents, o protagonista de Trainspotting, a disparar, de um lugar escondido no jardim público, chumbeiras em pit bulls para que estes se virem contra os donos skinheads. É que Rents já se habituou de tal modo ao medo que convive com ele numa dimensão para além da ameaça física, fazendo o instrumento desta virar-se contra o dono e, assim, concretizar a agressão que aquele medo deixa em suspenso através da inversão da lógica de poder.
6 Comentários:
ó jorge ainda não ultrapassaste o pensamento filosófico do 12.º ano. Os miseráveis existem porque não é possível suportar o teu e o meu conforto sem desgraçados. A única diferença é que a gente não os vê. Não sabes que o estado providência da segunda metade do século XX era sustentado pela exploração europeia no resto do mundo. Meu filho se queres mudar o mundo começa por ti. E não te armes em intelectual de pacotilha sempre a acusar que culpa do pecado do mundo está na exploração capitalista ou na burguesia. Pelo que sei não és filho de gente pobre. Por favor não venhas com a treta que és filho da classe média inferior e que o pai do teu pai passou por muito. Sinceramente ainda não passaste a fase de que a culpa é dos políticos. É evidente que eles são uns miseráveis, mas não te esqueças que o povo, do qual eu e tu fazemos parte também não são grande merda.
o jorge eu não sou anónimo trabalho http://casa-de-meninas.blogspot.com
Eu falo de um mundo que fez do medo um motivo de orgulho e, de resto, limito-me a apontar aquilo que vejo. Não entendo o comentário no que toca ao "pensamento filosófico do 12º ano" nem gostei do apontamento à minha família, principalmente porque eu nunca disse que era filho disto ou daquilo. A "treta" que aponta, portanto, existe na sua cabeça - seja lá quem você for, já que não se identifica nem aqui nem no seu blog -, não nas minhas palavras. Também nunca disse que a culpa era dos políticos. Ou seja, disse pouco do que me atribui no seu comentário, por isso, também quase nada tenho a responder.
deduzo que o jorge vaz nande seja um ícone na tua vida, tal dedicação lhe dás e conhecimento lhe tens!
[vais ter de estudar mais, tens imensas falhas e algumas graves]
e parece-me aqui [conhecendo bem uma das partes] que não será o jorge vaz nande que necessita de humildade...
e ainda bem que julgas os estudantes de coimbra pelo presidente da associação de estudantes que têm! assumo que os nossos políticos representem bem aquilo que és!
[caso contrário podes sempre tentar ir aos blog's deles mandar bocas!]
acho imensa piada a pessoas que falam de cor e estereotipam as situações para terem sempre algum coisinha para dizer...
quase que pareces esperto, se te lermos assim de relance!
e já agora, vou-te dar a minha opinião, anonimatos usam-se em cartas de amor! em tudo o resto só pode revelar cobardia!
fico à espera da tua resposta, já que não deves ter nada de produtivo na vida para fazer senão escrever estas tretas...
muitos beijinhos [cheios da ironia de quem procura provocar]
francisca moreira, da horta dos nabos!
Meu caro Casa de Meninas, querer trocar ideias de modo sério não tem nada a ver com humildade. Dar a cara (e o nome) por aquilo que se escreve, no entanto, já poderá ter. Descanse, não me ofendeu, mas não me espanta que julgue que o fez, já que deduzo das suas palavras que não me conhece muito bem. Por isso, não compreendo as suas lições de moral. Primeiro, porque este não é o local para as dar. Segundo, porque não faço a mínima ideia de qual será o seu interesse em dá-las. Terceiro, porque não entendo como alguém pode conceber que outra pessoa aceite sermões de uma pessoa invisível. Talvez você tenha uma queda para moralista, mas isso não é problema meu. Eu escrevo livremente neste blog, sempre o fiz, é para isso que ele serve e a minha responsabilidade para quem o lê é continuar a fazê-lo. Se as minhas citações o incomodam, não leia. Talvez assim evite fazer figuras ainda mais ridículas do que as que aponta ao presidente da AAC.
Começo por dizer que o Jorge tem razão em algumas afirmações. Mas dramatiza muito, parece que não lhe podem tocar. Ninguém pode picar o menino que já tem um site pessoal cheio de nada, ou melhor, cheio de tudo – de poemas DN Jovem, de artigos de cinema tipo tese de licenciatura de estética, de prémios IPJ e de artigos em jornalinhos. Assim ninguém pode tocar no rapaz que agarra na honra, na dignidade e no sangue para gritar que a mim ninguém me pode tocar e muito menos um ser desprezível que se cobre na escuridão do anonimato, à boa maneira do século XIX. Mas que importa o meu rosto. As figuras públicas têm de estar sujeitas até às críticas de seres esquálidos como eu. Trabalho numa casa de meninas, confesso. Sou um ser triste, negro, nano, solipso, uma espécie de Eurico Presbítero da indignidade que ataca viúvas e meninos indefesos como o bom e inteligente Jorge de Monção. Ainda não atingiste a capacidade de tolerar a miséria, a pequenez, o bréu que não dá a cara. No fundo sou um excremento enquanto o Jorge é um ser culto e condenado ao sucesso. Quanto à menina fm, que disse que eu tinha de estudar. Simplesmente afirmo digo-lhe: não é estudar mas simplesmente pensar. A menina pensa que se passar a vida a estudar vai a algum lado. Ó menina. Sinceramente. A menina não vai lado nenhum. Vai apenas parar a um emprego de 2000 €. O que todos temos de fazer é pensar mais, pensar mais. A estudar assim não passará de mono, apesar de o seu nome ser fm. Até pode ser fm, mas falta-lhe o estéreo. A sua cabeça é redonda mas as suas ideias não estão condenadas a circulação eterna. Quer um conselho, liberte-se da roda. Quanto Sr. Jorge uma última sugestão deixa lá as MIAS e oiça a La Grand Macabre do Gyorgy Ligeti. Não estude, pense e afine o ouvido.
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