notas sobre cinema 2
Por um lado, há o fascínio pela imagem: a imagem em movimento foi fenómeno de feira, coisa que surpreendia e fascinava quem passava, e havia qualquer coisa a conquistar em qualquer pessoa. Depois, Méliès inventou o enredo: nos Lumière, o fascínio pelo objecto enquanto imagem suplantava o resto, e filmava-se o que se filmava para fazer funcionar o objecto (para a imagem se mover), mas Méliès decidiu filmar o indocumentável. Os Lumière fizeram cartões postais, Méliès fez circo e prestidigitação. Méliès inventou o exterior dentro de si próprio e pouco lhe interessava o exterior; os Lumière não tinham interior, como cineastas não existiram, o cinematógrafo podia rodar sem eles (se lhe tivessem adaptado a pilha eléctrica e um sistema de controlo remoto, ficariam em casa e não contratariam ninguém).
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