o abuso
O mais a escrever é pouco e simples e, curiosamente, leva-me às palavras de Herzog em Grizzly Man: os casos recentes de abusos sexuais a bebés em Portugal e Inglaterra revelam bem o carácter caótico, violento e extremamente pré-moral da vida e, por consequência, da natureza humana. Ao contrário dos crimes sobre adolescentes, a patologia que neles surge está para além do sexo: é um ignóbil desejo de dominação sobre o mais fraco, dominação pelo próprio acto de dominar, e nada mais. A monstruosidade do acto cobre e anula qualquer possibilidade de piedade pelos agressores, porque não se aceita razoavelmente que traumas psicológicos desviem o juízo racional a este nível. Ao fazer isto, estas pessoas recusam, não só a moral, mas também todas as conquistas da Razão e, ao fazerem-no, põem-se de lado quanto a todas as outras.
1 Comentários:
Este assunto é bastante inquietante e, regra geral, é despachado em meia dúzia de juízos morais.
O post realça um aspecto, o do «ignóbil desejo de dominação sobre o mais fraco, dominação pelo próprio acto de dominar». Isto exclui, portanto, o prazer sexual (ou, pelo menos, subalterniza-o bastante)? É isso, não é? E é isto que o torna diferente do abuso sexual de vítimas mais velhas (nem sempre muito mais), correcto?
Tenho brindado este tipo de acontecimentos, mais do que com indignação, com uma imensa perplexidade. Sinto-me ultrapassada. Não obstante, este post fornece uma pista possível. Well done.
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