meanings of life
Há uns anos, um amigo meu, que tinha acabado o curso e regressado à terra natal, escreveu um texto que foi popular entre a malta da Secção de Jornalismo da AAC de então. Ele dizia qualquer coisa parecida com o aperto na garganta ser tamanho que não conseguiu evitar parar em cada estação de serviço até Setúbal para chorar um pouco. Na altura, ri-me. Hoje, já não o faço. Não terei chorado tanto como ele, mas, ainda assim, compreendo-o melhor.
A tristeza e o sentimento de perda ao sair de Coimbra não têm nada a ver com os lugares-comuns dos fados e das serenatas (para os quais, aliás, nunca tive grande paciência). Percebo hoje que eles até têm muito pouco a ver com Coimbra propriamente dita e muito mais a ver comigo. Eu morro um pouco para mim, porque, ao sair de Coimbra, saio fisicamente do sítio onde eu já fui outro - e, principalmente, onde esse outro foi pela primeira vez eu sozinho. A pessoa que sou não é a mesma de então, mas, até agora, podia-me iludir, porque a estabilidade do espaço criava uma ficção do eu que vivia na memória. Portanto, eu era ainda, um pouco, o outro. Agora, sou-o menos. Ao desaparecer o sítio onde fui algo, perco-me também do algo que fui.
Por outro lado, o meu horizonte mudou. Ao deixar a Advocacia para trás, uma actividade que não me dava nem gozo nem proveito, tive de sair do conforto de uma não-escolha. Isso também custa. É fodido ser livre.
A tristeza e o sentimento de perda ao sair de Coimbra não têm nada a ver com os lugares-comuns dos fados e das serenatas (para os quais, aliás, nunca tive grande paciência). Percebo hoje que eles até têm muito pouco a ver com Coimbra propriamente dita e muito mais a ver comigo. Eu morro um pouco para mim, porque, ao sair de Coimbra, saio fisicamente do sítio onde eu já fui outro - e, principalmente, onde esse outro foi pela primeira vez eu sozinho. A pessoa que sou não é a mesma de então, mas, até agora, podia-me iludir, porque a estabilidade do espaço criava uma ficção do eu que vivia na memória. Portanto, eu era ainda, um pouco, o outro. Agora, sou-o menos. Ao desaparecer o sítio onde fui algo, perco-me também do algo que fui.
Por outro lado, o meu horizonte mudou. Ao deixar a Advocacia para trás, uma actividade que não me dava nem gozo nem proveito, tive de sair do conforto de uma não-escolha. Isso também custa. É fodido ser livre.
7 Comentários:
Fico triste com a ida. A vossa e a minha, de um sítio (onde dizes - e com toda a razão - que fomos outros e sós pela primeira vez.
É o fim de um ciclo que se fecha, o fim de um tempo em que fomos aprendendo a ser crescidos. E, nesta cidade, aprendêmo-lo em conjunto, entre amigos.
Acho que sinto o meu coração a contorcer-se cada vez que penso nestes tempos que vêm, nos tempos que foram, naqueles que partem e nos que ficam... mas no fundo, aqueles que importam ficam sempre cá dentro...
beijinhos amigo! Vou sentir a vossa falta
Queria dizer-te muitas coisas,mas não sei escrever bonito como tu. Só duas coisinhas:
1)Liberdade é sinónimo de responsabilidade
2)Um barco sem amarras pode ficar à deriva.
..."Por outro lado, o meu horizonte mudou. Ao deixar a Advocacia para trás, uma actividade que não me dava nem gozo nem proveito, tive de sair do conforto de uma não-escolha. Isso também custa. É fodido ser livre."...
Será a vida assim tão fácil como parece fácil dizer que é fodido ser livre !? É possivel,fácil para uns e dificil para outros principalmente para os que não tem escolha possivel.Por vezes o conforto das "não-escolhas" é o caminho possivel nesta dificil escolha de viver com os outros....
o meu coracao explodiu ao ler que deixaste a puta da advocacia... o caminho esta aberto e o mundo e um cantinho cheio para ser sentido e escrito...
abraco-te cedo!!!
c***
adorei o blogue, vai já para os meus links.
Um grande abraço de chão Papel!
Como te compreendo...
Voltarei para Coimbra no Natal... Entretanto vou lá voltando muitas vezes. Por tudo...
coimbra, cidade mãe...o fim é um parto doloroso mas é também o começo doutra estória.
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