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O bukowski
Então queres ser escritor? Se não sai de ti a arder apesar de tudo o resto, não o faças. a menos que sem quereres saia do teu coração e da tua mente e da tua boca e das tuas tripas, não o faças. se tens de estar horas sentado a olhar para o ecrã do computador ou curvado sobre a máquina de escrever à procura de palavras, não o faças. se o fazes por dinheiro ou fama, não o faças. se o fazes porque queres mulheres na tua cama, não o faças. se tens de estar sentado a reescrever e reescrever, não o faças. se te cansas só de pensar nisso, não o faças. se estás a tentar escrever como outra pessoa qualquer, esquece. se tens de esperar até que saia de ti aos berros, tem paciência. se nunca sair de ti aos berros, faz outra coisa qualquer.
se primeiro o tens de ler à tua mulher ou namorada ou namorado ou pais ou seja lá quem for, não estás pronto.
não sejas como tantos escritores, não sejas como tantos milhares de pessoas que se chamam escritores, não sejas monótono e aborrecido e pretensioso, não te sufoques com amor próprio. as bibliotecas do mundo bocejaram e adormeceram por outros como tu. não os sigas. não o faças. a menos que te saia da alma como um míssil, a menos que estar parado te leve à loucura ou ao suicídio ou ao homicídio, não o faças. a menos que o sol que tens dentro te esteja a queimar as entranhas, não o faças.
quando for mesmo altura, e se tu foste escolhido, vai ocorrer por si mesmo e assim continuará até que morras ou que morra em ti.
Jorge, bela ideia de revelar um escritor maldito. É preciso amaldiçoar, berrar, apelarmos à besta que há em nós quando tudo começa a ficar tão liso, tão conformado que até a superfície dum lago nórdico vomitaria. Virgílio
há uns anos, trabalhei durante um fim-de-semana numa discoteca para ganhar 7 contos e meio - queria comprar dois livros do Bukovwki que sabia ter saído de um programa do Bernard Pivot amparado por dois seguranças, completamente bêbado
trabalhei, recebi - e gastei tudo em cerveja, pareceu-me mais importante na altura
outro tipo impressionante pela honestidade é o Sebastião Alba - dizer-se poeta ao pé dele devia ser para qualquer um uma ousadia
8 Comentários:
Jorge,
bela ideia de revelar um escritor maldito. É preciso amaldiçoar, berrar, apelarmos à besta que há em nós quando tudo começa a ficar tão liso, tão conformado que até a superfície dum lago nórdico vomitaria.
Virgílio
vejo neste texto todos os grandes escritores portugueses :)
muito bom
há uns anos, trabalhei durante um fim-de-semana numa discoteca para ganhar 7 contos e meio - queria comprar dois livros do Bukovwki que sabia ter saído de um programa do Bernard Pivot amparado por dois seguranças, completamente bêbado
trabalhei, recebi - e gastei tudo em cerveja, pareceu-me mais importante na altura
outro tipo impressionante pela honestidade é o Sebastião Alba - dizer-se poeta ao pé dele devia ser para qualquer um uma ousadia
pol
grande poema!!
e excelente tradução!
Parabens .....mas nao o faças!
bjs
Anas
()__()
! !
(**)MUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!!!!!!!!
" "
@ @
#
~~~~~
isto e so para comparar o teu poema aos nossos «QUERIDOS» animais!!!!!
MUUUUUUUUUUUU!!!!um abraço
Bem, o poema não é meu, é do Bukowski, mas obrigado, seja como for.
parabéns pela tradução
excelente, o poema... e faz todo o sentido, não há outra maneira... e nunca houve.
alexandra p.
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