o filme: Babel
Não me parece que Babel seja um filme mais ou menos demagógico na sua proposta do que qualquer outro - e, na verdade, havendo nele manifesto político expresso (que o há), não é verdadeiramente este que domina e orienta a narração. O tema dominante é a comunicação e, inteligentemente, Iñarritu não se esquece que falar sobre isto na era do telemóvel e da Internet implica falar também sobre as pontas soltas do mundo globalizado. Isso é interessante, mas estive para não perdoar ao filme o momento do abandono das crianças pela ama, que, para lhes salvar a vida, sacrifica a possibilidade de delas ser mãe. Nessa altura, Babel roçou o melodramático e não sei se era necessário. Percebe-se: pretende-se dizer que os underdogs do capitalismo são também os da culpa e, como tal, que a moral e a justiça vêm depois da economia. Por isso, era preciso sacrificar a ama de algum modo. Isto torna consequencial, mas não justificado, o melodramatismo e, se os miúdos tivessem morrido, a cópia d' "O Paciente Inglês" teria manchado o filme de nódoa indelével.
Foi o ponto que me pareceu mais fraco num filme coeso, bem mais controlado do que 21 Gramas. Rodrigo Prieto fez uma fotografia menos saturada e mais contida (tudo bem), Guillermo Arriaga dividiu, mais do que fragmentou, a história (ainda bem). E, já agora, reparem no momento em que Pitt ajuda Blanchett a urinar: é a adaptação de uma cena que foi cortada de "Amores Perros". Curiosamente, enquanto em Babel ela serve a reconciliação do casal, no primeiro filme de Iñarritu servia como último limiar de carinho antes do desmoronar da relação entre Daniel e Valeria.
Foi o ponto que me pareceu mais fraco num filme coeso, bem mais controlado do que 21 Gramas. Rodrigo Prieto fez uma fotografia menos saturada e mais contida (tudo bem), Guillermo Arriaga dividiu, mais do que fragmentou, a história (ainda bem). E, já agora, reparem no momento em que Pitt ajuda Blanchett a urinar: é a adaptação de uma cena que foi cortada de "Amores Perros". Curiosamente, enquanto em Babel ela serve a reconciliação do casal, no primeiro filme de Iñarritu servia como último limiar de carinho antes do desmoronar da relação entre Daniel e Valeria.
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