a citação
Há dias, fui à feira do livro que está a decorrer (ou já terá acabado?) na estação de Metro do Cais do Sodré. Lá encontrei "A Arte de Armar", de José Jorge Letria e, por aquilo que consegui apurar e perceber, publicado em 1974, mas antes do dia 25 de Abril. A dada altura, diz o autor:
Num país onde a carne está cada vez mais cara, onde são poucas as pessoas que sabem ler, menos as que possuem telefonia e ainda menos as que sabem ouvi-la, o cantor não pode ter e veleidade de transformar o que quer que seja em discos de cento e oitenta e dois e quinhentos. Por isso mesmo deve utilizar outros meios: deve (para já não acredito que seja possível) falar uma linguagem simples, dirigir-se às pessoas com clareza e estar consciente do seu papel (muitas vezes de embrulho) numa terra em que são poucas as pessoas que o estão, efectivamente. As dificuldades não são pequenas e as pessoas estão cada vez mais desencorajadas.É estranho eu escrever isto tão pouco tempo depois da ópera Bichus ter estreado (o texto, por opção assumida, tem abstracção q.b.), mas estas palavras são, ainda hoje, muito convenientes. Não temos necessariamente que as levar até onde queria ir Letria; contudo, talvez nos ajudem a virar o volante na direcção certa.
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