Pelo meio de sonos ácidos, lagartos indianos em vaivém na memória e fantasmas de árvores no cimo de colinas que renascem das cinzas, descobri o troço de linha ferroviária mais bonito de toda a Europa. Entre Castelo Branco e Alferrarede, o sonho mora no rio e a realidade no monte. Mais à frente, o Herberto Hélder.
Na linha em baixo rangiam e apitavam comboios que talvez fossem para Antuérpia. Eu pensava em Deus quando os comboios trepidavam nos carris e apitavam tão perto de mim. Quando iam possivelmente a caminho de Antuérpia. Pensava nos comboios como quem pensa em Deus: com uma falta de fé desesperada. Pensava também em Deus – um comboio: algo que sem dúvida existe, mas é absurdo, que parte com um destino indefinido: Antuérpia – que possivelmente (evidentemente) não era.
Não vi Coimbra à luz do dia, mas ontem foi, seguramente, um dia muito agradável.
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