Luta, autores e gato fedorento
O Dvd dos Gato Fedorento foi o produto cultural mais oferecido neste Natal e é provavelmente - digamo-lo sem vergonhas - o maior sucesso de vendas do humor/ficção nacional desde há... bem, desde sempre. O que há de curioso neste sucesso é que a popularidade dos Gato Fedorento foi feita mais através da Internet, com o seu blog e com a troca dos sketches através de sistemas de partilha de ficheiros e de gravação em cd's, do que da televisão. Confesso que me estou a guiar, talvez em demasia, pela minha experiência pessoal, mas posso dizer sinceramente que quase todos os fãs dos moços que conheço - incluo-me - conheceram-nos no écran do computador, e não no do televisor.
Os Gato Fedorento são a prova de que a partilha de ficheiros pode beneficiar o próprio autor. Mais, discussões como esta, que revelam os constrangimentos comuns à actividade criadora, revelam-nos o mecanismo oculto da indústria cultural, que se veste de intelectualidade e de interesse e nos vende os músicos, os escritores, os cineastas. É o trabalho destes, a obra destes que vamos ver, mas o dinheiro que nisso se empenha, e que devia servir para recompensar o esforço criativo, vai para as mãos de quem opera a respectiva estrutura comercial ou, pior, de quem se aproveita do seu poder de distribuição para a venda da obra. É imoral que distribuidores fiquem com 50% do valor total ou que haja concursos cujo prémio é a edição da obra pela entidade organizadora sem que daí resultem quaisquer direitos para o autor ou uma outra qualquer compensação.
A organização dos autores em estruturas colectivas, realmente garantes de influência e força reinvindicativa (não nos acanhemos com o vocabulário) e que, simultaneamente, permitam que eles se possam expressar de modo livre e legitimamente recompensado, é um passo inevitável a dar.
Afirmo com convicção: depois da saúde, da educação, da segurança social e tudo o mais, a luta que ganhará expressão no século XXI será pelo direito a uma comunicação livre, para além da liberdade de imprensa, e fortemente apoiada no acesso tendencialmente gratuito aos meios informatizados de comunicação por todos os cidadãos. Os autores devem, reinvindicando por si, começar assim a lutar por todos.
Os Gato Fedorento são a prova de que a partilha de ficheiros pode beneficiar o próprio autor. Mais, discussões como esta, que revelam os constrangimentos comuns à actividade criadora, revelam-nos o mecanismo oculto da indústria cultural, que se veste de intelectualidade e de interesse e nos vende os músicos, os escritores, os cineastas. É o trabalho destes, a obra destes que vamos ver, mas o dinheiro que nisso se empenha, e que devia servir para recompensar o esforço criativo, vai para as mãos de quem opera a respectiva estrutura comercial ou, pior, de quem se aproveita do seu poder de distribuição para a venda da obra. É imoral que distribuidores fiquem com 50% do valor total ou que haja concursos cujo prémio é a edição da obra pela entidade organizadora sem que daí resultem quaisquer direitos para o autor ou uma outra qualquer compensação.
A organização dos autores em estruturas colectivas, realmente garantes de influência e força reinvindicativa (não nos acanhemos com o vocabulário) e que, simultaneamente, permitam que eles se possam expressar de modo livre e legitimamente recompensado, é um passo inevitável a dar.
Afirmo com convicção: depois da saúde, da educação, da segurança social e tudo o mais, a luta que ganhará expressão no século XXI será pelo direito a uma comunicação livre, para além da liberdade de imprensa, e fortemente apoiada no acesso tendencialmente gratuito aos meios informatizados de comunicação por todos os cidadãos. Os autores devem, reinvindicando por si, começar assim a lutar por todos.
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