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BRO (FINAL)

a mesa de plástico e o círculo
bro da mesa do
medalhão ao pescoço e bro do teu
chapéu

bro por vezes faz falta ser silencioso nas casas
vestais te agradecem as lamas vindas de baixo
o andar de baixo
as noites tão quentes bro as noites tão quentes
o teu barrete
moído sob
o estaline das
noites tão

o carro parado luzes ligadas
lago de estige o velho que se mije
mas não bro tua mulher
lá dentro bro o tofu
não sabe a nada é misterioso

bro tu queres bro precisas
fufa e meia precisão de coiso vivo
tu queres o irmão meu no hospital o
bruto bro o novelo que tu bro arrebanhas

bro falo do povo que não existe
falo da erva que desiste
de crescer
como tu bro como tu
dizes que queres o rádio ligado
e falas da merda de não dormires
e os dragões de tu bro a fazerem te as noites origami

bro tu olhas
os homens e as
memórias
bro brancas e dizes no lado
do passeio onde moras com os teus
pecados
não quero ter memória
andar o presente bro
definido sobre ti como a
capa de água perpétua alimentada
do gotejar da calha dos teus egrégios
e tu bro arrancas do meio do teu corpo
a história da casa de madeira e autoclismas o tempo

(um dois três quatro vezes bro olhas as pessoas a caiarem de sozinhas a parede da casa vizinha casa perderem-se muralha invisível e anti-ineses-negras e da sobre rua bro pressente bro assina bro tremerem-lhe os dentes do cano de rua aberto esgoto logo à frente da tabacaria)

bro eu tenho
cheia cidade uma por dentro do meu corpo
a sério bro e o irmão meu no hospital quer saber se
bro conheces a intelectual
fuga mulher colecção de seios que
no natal se queimou por via duma
colecção de sóis transalpinos
e tu bro e o teu chapéu
rodopiam em conhecimento e falam
do partido comunista e dos
charros fumados numa toca de toupeira ou num
acampamento e os casais de homens vestidos de branco que
te perguntam acreditas como
fantasmas ou
anjos ou mulheres e
tu bro remorsos da porta
deixada aberta e os gritos e falar
política ao lado do passeio
não é para ti
só te faltam palavras para o querer
dizer a vontade e a ausência
na raiz interna da
respiração

bro sabes que em
abril os cravos nascem da
terra morta e tu
és o mais
cruel dos homens

e há nisto a história da
porta e dos
espelhos quando
bro mancavas a
té à máquina e na
mão o sete o bolso o
sexo e o sono o
risco do dia nascente

ultimamente tu dirias
fechar as janelas e
cortar as estrelas perigosas

ultimamente cala
rias os jardins e os
bigodes que te fazem sono

bro és
de tiragem limitada e radiodifusão
entras na voltagem
da loja e presumes
seduzir e presumes
suportar mas o tempo
é mais um século vinte

(como um candeeiro permanente a acender-se e a apagar-se permanente a aceitar-se e permanente)

se soubesses juntar as
letras bro pelo menos mata
vate a morte é assunto
sério desde sá
carneiro pelo
menos tu
nunca dela te
riste e
medo tu não
ditas o que existe para o
candeeiro que é
permanente e te ilumina os
olhos noites
nuas

bro a máquina e a
pós game over a
mulher e a
pós a
deus o a
ceito ou tal
vez não por
enquanto só as
palavras e as
mãos queimando as
listas antigas dos templos
que já não existem a
não ser em muro.

(bro encontra o acidente das águas passadas sobre a poeira da cama bro veste-se cuidado mas não aceita o calor cantar dos olhos de veludo e flauta bro gostava de imaginar as ancas de pedra os dedos os filhos de chapa cinco)

bro tu regressas à casa de grãos de cinza
de pedras que se soltam e pequenos infernos
bro tu limpas
a água da cruz
do teu peito e bro pedes
por uma vez pedes
cartas mas a palavra
é vazia e cai ao contrário
do que se diz
nos anúncios e tu andas
à volta das bandeiras até que algo
se mova.

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