EM DIRECTO DO INFERNO
Estar em exames é isto, é pensar em tudo ao mesmo tempo como um homem de sete cabeças, ligar a televisão ao calhas e achar as imagens muito interessantes, mas desligá-la por remorso, mesmo que o que esteja a dar seja uma entrevista ao tio de um amigo nosso, que por acaso é um dos maiores escritores portugueses vivos, e voltar à mesa com os cadernos e escrever isto no computador antes de perder a coragem. E ter ideias, muitas ideias, e ir pescando livros de vez em quando da estante, menina e moça e semiótica, e pensar este verão é que vai ser, este verão é que vai ser, e é perder coisas por esquecimentos e é sentir os desarranjos dos outros, e é pensar em onde vou trabalhar para o ano, e é o campo fodido do possível ao virar da esquina que é em setembro, e é os sins que disse e os nãos que me disseram, e o rasto de sangue que o boneco que inventei deixa pelo chão. Afinal, ainda me lembro de aprender a sentir-me como um acordeão usado.
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