o tempo de cavaco
Quando Francisco José Viegas diz que tudo está registado está, talvez sem se aperceber, a dizer algo maior: que, na Internet, tudo é presente, porque o conteúdo está sempre acessível no momento em que a ele acedemos, o que é o mesmo que dizer que tudo é passado, porque o conteúdo foi colocado num momento anterior àquele em que a ele acedemos, e futuro, porque tem o germe da disponibilidade. Na verdade, na Internet não há tempo, porque a Internet é o registo de uma acção que se esgota no próprio registo, ou seja, é memória automática e perene. Simultaneamente, a Internet não é espaço, porque, sendo ciberespaço, não está em espaço algum. Assim, não sendo espaço nem tempo, a Internet terá de ser outra coisa qualquer. Seja lá o que for, não é um Cavaco Presidente da República.
Eu acho que foi escolhido o homem errado. Não porque Cavaco seja o cavaleiro do Apocalipse mascarado de D. Sebastião, mas simplesmente porque não merece o cargo. Seja como for, a maioria decidiu. Eu não sou derrotado, como o triplo Rui Tavares, porque não me comprometi com nenhuma candidatura. Enquanto cidadão e eleitor, sou jurado, não jogador, e, enquanto jurado, posso ter a opinião minoritária, mas não posso perder. Cavaco não é o presidente que eu quero, mas, a partir de hoje, e muito especificamente a partir de 9 de Março, já não é Cavaco que é Presidente da República - o Presidente da República é que é Cavaco. É uma pena que o respeito que tenho pelo cargo não corresponda ao respeito que (não) tenho pelo homem, mas assim é. A partir da tomada de posse, a pequena imagem que criei e que correu boa parte da blogosfera já não faz sentido e, por isso, retirá-la-ei. Cavaco terá de tomar decisões que, não sendo nem de perto nem de longe as que deu a entender que seriam, envolvem todos e devem servir o bem de todos. Dizer que, à partida e fora de uma campanha política, não estou com alguém colocado nessa posição é ilógico. Eu espero que Cavaco não seja nada do que foi e do que deu a entender que será. Eu espero que Cavaco não seja Cavaco. Para além disso, dou o benefício da dúvida a quem teve o beneplácito democrático. Estarei atento e, julgo, não estarei sozinho.
Eu acho que foi escolhido o homem errado. Não porque Cavaco seja o cavaleiro do Apocalipse mascarado de D. Sebastião, mas simplesmente porque não merece o cargo. Seja como for, a maioria decidiu. Eu não sou derrotado, como o triplo Rui Tavares, porque não me comprometi com nenhuma candidatura. Enquanto cidadão e eleitor, sou jurado, não jogador, e, enquanto jurado, posso ter a opinião minoritária, mas não posso perder. Cavaco não é o presidente que eu quero, mas, a partir de hoje, e muito especificamente a partir de 9 de Março, já não é Cavaco que é Presidente da República - o Presidente da República é que é Cavaco. É uma pena que o respeito que tenho pelo cargo não corresponda ao respeito que (não) tenho pelo homem, mas assim é. A partir da tomada de posse, a pequena imagem que criei e que correu boa parte da blogosfera já não faz sentido e, por isso, retirá-la-ei. Cavaco terá de tomar decisões que, não sendo nem de perto nem de longe as que deu a entender que seriam, envolvem todos e devem servir o bem de todos. Dizer que, à partida e fora de uma campanha política, não estou com alguém colocado nessa posição é ilógico. Eu espero que Cavaco não seja nada do que foi e do que deu a entender que será. Eu espero que Cavaco não seja Cavaco. Para além disso, dou o benefício da dúvida a quem teve o beneplácito democrático. Estarei atento e, julgo, não estarei sozinho.
3 Comentários:
alfarrabista- Loja Nunes
http://lojanunes.blogspot.com/
O povo acabou por escolher aquele que se fechou e que não se quis comprometer com nada nem com ninguém, fechando-se num silêncio de ouro. Não se conhecem as suas opiniões acerca da despenalização do aborto, da OTA, do TGV, entre outros assuntos que preenchem a actualidade nacional.
O que levou cerca de 3 milhões de pesoas a votar em alguém tão superficial?
Como disseste, e bem na minha opinião, não é Cavaco Silva que é presidente mas sim o presidente é Cavaco Silva. Não me parece que ele seja o mesmo Cavaco primeiro ministro até porque são cargos diferentes e têm actuações diferentes. Até agora os presidentes sempre foram pessoas com facilidade de contacto com o povo (não me lembro bem do Ramalho Eanes mas também era popular) e este não é bem um homem de massas, algo que está mais proximo da função de um presidente.
Penso que aquelas profecias da desgraça não vão acontecer porque o presidente pode muito pouco, e para poder mais tem que haver alteração constitucional (não me alongo pois não sou especialista nessa área!)
Também acho que ele fez bem em não comentar ou opinar sobre acções já tomadas pelo governo porque iria criar logo um conflito e como presidente ele terá mais hipotese de conhecer a fundo os dossiers e opiniões.
Cumprimentos!
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