os red hot chili peppers
Os Red Hot Chili Peppers são uma das bandas que não fui deixando de ouvir ao longo dos tempos (se bem que não tenha ouvido tudo, nem nada que se pareça - sou assim, demoro anos enquanto vou tirando as peles às coisas). Há uma razão geracional: a minha década de adolescência e primeira juventude, a década que me informou uma concepção do mundo, foi a de 90 e eu acho que os Peppers passaram por ela da mesma maneira. Da esperança inicial (queda do Muro, fim da Guerra Fria), fomos levando coça (Iraque, Jugoslávia, terrorismo, Terceira Via, fim da História, X-Files e conspirações, filmes-catástrofe) até aterrarmos no novo século em confusão total.
Assim, se em "Suck My Kiss" ("Blood Sugar Sex Magik", 1991), Anthony Kiedis cantava a recusa do social face à circunstância de se bastar a si próprio (I am what I am, most motherfuckers don't give a damn), precisando apenas de alguém com quem partilhar o sexo ("Aw baby, think you can? Be my girl, I'll be your man. (...) Aw, baby, please be there, suck my kiss, cut me my share"), em "Californication" ("Californication", 1999) a desilusão com o mundo exterior já é tão grande que já nem mesmo o sonho é incorrupto ("Psychic spies from China try to steal your mind's elation, little girls from Sweden dream of silver screen quotations, and if you want these kind of dreams it's Californication"). Ou seja, o espaço do eu, que era de escape, também passa a estar contaminado pelo artifício e pela impureza - passa a ser parte do problema, em vez de sê-lo da solução. A rebeldia e a chama de 1991 (Hit me, you can't hurt me, suck my kiss! Kiss me, please, pervert me, stick with this! Is she talking dirty? Give to me sweet sacred bliss, your mouth was made to suck my kiss!) é melancolia e absoluta falta de esperança em 1999 ("Marry me girl, be my fairy to the world, be my very own constellation. A teenage bride with a baby inside getting high on information. And buy me a star on the boulevard, it's Californication") . E Kiedis, que em 1991 era ser do presente, assume-se como definitivo ser do passado quando se dirige a Kurt Cobain ("Space may be the final frontier, but it's made in a Hollywood basement. Cobain, can you hear the spheres singing songs off station to station? And Alderon's not far away, it's Californication").
Tenho ouvido estas duas músicas bastante. Recordo-me de, quando tinha uma banda de garagem, querermos imitar o som de testosterona dos Peppers. Recordo-me de, no intervalo de locubrações universitárias, ver o vídeo de Californication, um jogo de computador que terminava com o encontro entre os elementos da banda, a sorrirem, como que dizendo "conseguimos, estamos cá". E penso em vê-los, conscientes e alegres caricaturas deles próprios , a tocarem "Dani California" nos ecrãs do Metro de Lisboa. Na verdade, muito mudou.
Assim, se em "Suck My Kiss" ("Blood Sugar Sex Magik", 1991), Anthony Kiedis cantava a recusa do social face à circunstância de se bastar a si próprio (I am what I am, most motherfuckers don't give a damn), precisando apenas de alguém com quem partilhar o sexo ("Aw baby, think you can? Be my girl, I'll be your man. (...) Aw, baby, please be there, suck my kiss, cut me my share"), em "Californication" ("Californication", 1999) a desilusão com o mundo exterior já é tão grande que já nem mesmo o sonho é incorrupto ("Psychic spies from China try to steal your mind's elation, little girls from Sweden dream of silver screen quotations, and if you want these kind of dreams it's Californication"). Ou seja, o espaço do eu, que era de escape, também passa a estar contaminado pelo artifício e pela impureza - passa a ser parte do problema, em vez de sê-lo da solução. A rebeldia e a chama de 1991 (Hit me, you can't hurt me, suck my kiss! Kiss me, please, pervert me, stick with this! Is she talking dirty? Give to me sweet sacred bliss, your mouth was made to suck my kiss!) é melancolia e absoluta falta de esperança em 1999 ("Marry me girl, be my fairy to the world, be my very own constellation. A teenage bride with a baby inside getting high on information. And buy me a star on the boulevard, it's Californication") . E Kiedis, que em 1991 era ser do presente, assume-se como definitivo ser do passado quando se dirige a Kurt Cobain ("Space may be the final frontier, but it's made in a Hollywood basement. Cobain, can you hear the spheres singing songs off station to station? And Alderon's not far away, it's Californication").
Tenho ouvido estas duas músicas bastante. Recordo-me de, quando tinha uma banda de garagem, querermos imitar o som de testosterona dos Peppers. Recordo-me de, no intervalo de locubrações universitárias, ver o vídeo de Californication, um jogo de computador que terminava com o encontro entre os elementos da banda, a sorrirem, como que dizendo "conseguimos, estamos cá". E penso em vê-los, conscientes e alegres caricaturas deles próprios , a tocarem "Dani California" nos ecrãs do Metro de Lisboa. Na verdade, muito mudou.
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