o monólogo
Para além do stand-up, há outras formas de monólogo cómico norte-americano bem interessantes e que ainda não foram aproveitadas cá. Três nomes: Eric Bogosian, que já passou por Portugal e teve ainda recentemente o seu "Wake Up And Smell The Coffee" feito por Tiago Rodrigues no bar do Maria Matos; Spalding Gray, que começou um tipo de monólogo tragicómico, em tom confessional e sentado à mesa, que serviu de influência a vários artistas que lhe seguiram (incluindo o próprio Bogosian); David Sedaris, que começou a carreira aos 26 anos com The SantaLand Diaries, um relato na NPR sobre a sua experiência enquanto duende natalício nos armazéns Macy's.
As diferenças deste tipo de espectáculo para o stand-up são a motivação e a forma. No monólogo (ou neste tipo de monólogo), não se procura necessariamente a gargalhada em ritmo da piada, por um lado; por outro, há um enfoque muito maior em desenvolver uma história. A seco, eu diria que o que no stand-up depende da persona, aqui depende do texto (Sedaris, Spalding, Bogosian, todos escritores), que é o mesmo que dizer que, se um comediante de stand-up pode safar um mau texto, um bom texto pode safar um mau monologist; ainda mais a seco, diria que a diferença principal é a do que se pretende da audiência no que toca a ritmo e tipo de participação. O monologist está mais próximo do contador de histórias, enquanto que o comediante de stand-up está mais próximo do palhaço do circo. Mas, é claro, nenhuma destas classificações é pura.
Isto vem no seguimento de Mike Daisey, um monologist, ter sido recentemente vítima de um protesto parvo (e não me ocorre outra palavra ao ver o vídeo).
Reparem no modo como Daisey tratou o acontecimento. Primeiro, ficou surpreendido. Depois, tentou interpelar as pessoas que lhe despejaram água sobre o outline do show, mas nenhuma lhe respondeu (como diz o próprio Daisey, "usually, terrorists say what they want"). Daisey zangou-se, mas depressa voltou ao palco para continuar o show de cabeça fria e integrando o que acabara de acontecer numa conversa com o público restante. No fim do vídeo, vemo-lo a retomar o monólogo - e aí percebemos: isto não é treta. É um espectáculo teatral com princípio, meio e fim, que se dá às pessoas em troca do dinheiro do bilhete. Não é por estar sentado que um monologist é menos profissional do entretenimento - e aqui Daisey mostra-o muito bem.
As diferenças deste tipo de espectáculo para o stand-up são a motivação e a forma. No monólogo (ou neste tipo de monólogo), não se procura necessariamente a gargalhada em ritmo da piada, por um lado; por outro, há um enfoque muito maior em desenvolver uma história. A seco, eu diria que o que no stand-up depende da persona, aqui depende do texto (Sedaris, Spalding, Bogosian, todos escritores), que é o mesmo que dizer que, se um comediante de stand-up pode safar um mau texto, um bom texto pode safar um mau monologist; ainda mais a seco, diria que a diferença principal é a do que se pretende da audiência no que toca a ritmo e tipo de participação. O monologist está mais próximo do contador de histórias, enquanto que o comediante de stand-up está mais próximo do palhaço do circo. Mas, é claro, nenhuma destas classificações é pura.
Isto vem no seguimento de Mike Daisey, um monologist, ter sido recentemente vítima de um protesto parvo (e não me ocorre outra palavra ao ver o vídeo).
Reparem no modo como Daisey tratou o acontecimento. Primeiro, ficou surpreendido. Depois, tentou interpelar as pessoas que lhe despejaram água sobre o outline do show, mas nenhuma lhe respondeu (como diz o próprio Daisey, "usually, terrorists say what they want"). Daisey zangou-se, mas depressa voltou ao palco para continuar o show de cabeça fria e integrando o que acabara de acontecer numa conversa com o público restante. No fim do vídeo, vemo-lo a retomar o monólogo - e aí percebemos: isto não é treta. É um espectáculo teatral com princípio, meio e fim, que se dá às pessoas em troca do dinheiro do bilhete. Não é por estar sentado que um monologist é menos profissional do entretenimento - e aqui Daisey mostra-o muito bem.
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