a ópera bichus
A ópera "Bichus", que eu escrevi, vai estrear no Teatro Académico de Gil Vicente às 21h30 de 11 de Abril, repetindo no dia a seguir. No dia 10, às 18h, vou estar no Café-Teatro do TAGV para lançar o livro da ópera, que inclui o meu texto original.
Foi já em Setembro de 2005 que o Ricardo Pinto (quem andou pela blogosfera em 2003 ainda se lembrará do a-deus) me propôs escrever um espectáculo de homenagem a Miguel Torga no centenário do seu nascimento, que seria dois anos depois. Julgo que também terá sido ele a dar a ideia de partirmos dos "Bichos". A proposta agradou-me de imediato: não só reconhecia grande valor ao Ricardo e ao resto da malta que ele se propunha juntar para o projecto - que já tinha visto actuar num espectáculo anterior sobre a paixão de Inês de Castro -, como me sentia atraído pela possibilidade de trabalhar sobre um dos primeiros textos "adultos" que lera, com 12 ou 13 anos.
Logo nas primeira reuniões do grupo de trabalho, percebi que nem eles nem eu ficaríamos satisfeitos com uma adaptação, pelo menos no sentido que esta palavra tem hoje. Na minha perspectiva, isso era redundante e ilustrativo. O espectáculo não era para a infância: eu não queria actores vestidos de animais a fazer barulhos de animais enquanto soltavam larachas moralizantes e uma cantiguinha. Na minha leitura - e eu não sou nem investigador nem torguiano, por isso, sou responsável só perante o público -, os "Bichos" não são meras fábulas, mas observações em forma de conto sobre tipos de personalidade. Há três níveis de autoridade no livro (animais, pessoas, deus), mas não é garantido que se fique onde se está: um animal pode ser maior do que deus, uma pessoa pode morrer como um bicho.
Assim, tive de escolher. Partindo do princípio de que não podia prestar homenagem a um autor livre se, até certo ponto, eu próprio não me libertasse do autor, escrevi uma ópera para apenas duas personagens e coro. Ópera impura, é certo, mistura de erudito e popular, igreja e Broadway, música contemporânea e Paredes - mas, raio, ópera. Do livro, que tinha despido até à raiz, usei só essa mesma raiz, os mecanismos das ideias que ele me propôs. Por isso o espectáculo tem o nome que tem: porque é uma visão nova que inventa o seu próprio léxico, mas também porque despe os "Bichos" e os torna vulneráveis a uma outra perspectiva.
Gostava muito que aparecessem. Se não puderem, tudo bem, mas não se esqueçam de dizer ao amigo que até gostava de ir. E despachem-se, que os bilhetes não são muitos.
As fotos dos ensaios são do Nuno Carrilho, que também é compincha.
Foi já em Setembro de 2005 que o Ricardo Pinto (quem andou pela blogosfera em 2003 ainda se lembrará do a-deus) me propôs escrever um espectáculo de homenagem a Miguel Torga no centenário do seu nascimento, que seria dois anos depois. Julgo que também terá sido ele a dar a ideia de partirmos dos "Bichos". A proposta agradou-me de imediato: não só reconhecia grande valor ao Ricardo e ao resto da malta que ele se propunha juntar para o projecto - que já tinha visto actuar num espectáculo anterior sobre a paixão de Inês de Castro -, como me sentia atraído pela possibilidade de trabalhar sobre um dos primeiros textos "adultos" que lera, com 12 ou 13 anos.
Logo nas primeira reuniões do grupo de trabalho, percebi que nem eles nem eu ficaríamos satisfeitos com uma adaptação, pelo menos no sentido que esta palavra tem hoje. Na minha perspectiva, isso era redundante e ilustrativo. O espectáculo não era para a infância: eu não queria actores vestidos de animais a fazer barulhos de animais enquanto soltavam larachas moralizantes e uma cantiguinha. Na minha leitura - e eu não sou nem investigador nem torguiano, por isso, sou responsável só perante o público -, os "Bichos" não são meras fábulas, mas observações em forma de conto sobre tipos de personalidade. Há três níveis de autoridade no livro (animais, pessoas, deus), mas não é garantido que se fique onde se está: um animal pode ser maior do que deus, uma pessoa pode morrer como um bicho.
Assim, tive de escolher. Partindo do princípio de que não podia prestar homenagem a um autor livre se, até certo ponto, eu próprio não me libertasse do autor, escrevi uma ópera para apenas duas personagens e coro. Ópera impura, é certo, mistura de erudito e popular, igreja e Broadway, música contemporânea e Paredes - mas, raio, ópera. Do livro, que tinha despido até à raiz, usei só essa mesma raiz, os mecanismos das ideias que ele me propôs. Por isso o espectáculo tem o nome que tem: porque é uma visão nova que inventa o seu próprio léxico, mas também porque despe os "Bichos" e os torna vulneráveis a uma outra perspectiva.
Gostava muito que aparecessem. Se não puderem, tudo bem, mas não se esqueçam de dizer ao amigo que até gostava de ir. E despachem-se, que os bilhetes não são muitos.
As fotos dos ensaios são do Nuno Carrilho, que também é compincha.
6 Comentários:
Este comentário foi removido pelo autor.
Eu só saio às 19h, por isso é bom que atrases aquilo uma hora. Finge que tens um ataque epiléptico, ou assim.
Grande Nande, boa sorte com a peça!
Um abraço.
Parabéns pelo trabalho. Sempre achei que eras um rapaz com grandes capacidades. Não posso ver a tua peça mas estou contigo...
C. Riachos
Jorge,
Estou orgulhosa do trabalho que este grupo desenvolveu. Orgulho pela iniciativa, pela nossa língua, pela verve do texto que baseou a ópera pela verve desta mesma. Acompanhei os ensaios, os seus protagonistas, e invejei-os a todos pela sua criação. Vou aplacar a minha inveja da melhor forma e sentar-me à sua beira, no palco. Eu vou.
Catarina Pais de Carvalho
Quem és tu, Jorge Nande?
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