a lei anti-tabaco
O deputado acrescentou que, "se um indivíduo consumir heroína ou cocaína num bar, tem uma de duas alternativas: ou se trata, ou paga uma multa de 25 euros, mas se o mesmo indivíduo fumar um cigarro, a lei aplica-lhe uma coima mínima no dobro do valor". Para Hélder Amaral, trata-se de "uma inversão dos valores comunitariamente aceites, pois para todos será mais grave consumir cocaína do que fumar um cigarro, mas esta lei vem afirmar o contrário".Bem, não é que eu veja muita malta a consumir cocaína ou heroína às abertas em bares, mas também é verdade que já não saio há algum tempo. Também pode ser que Hélder Amaral seja, em matéria de noite, um louco. Eu cá tenho-me ficado pela Graça, onde é difícil encontrar sítio aberto para lá das 10 e meia e os outros consumos são discretos.
Quanto à questão do tabaco, eu, não fumador, não tenho tido grandes problemas. Zangas q.b., que insensatez toda a gente tem, mas nada que mereça vinganças dinásticas. Também é verdade que conheço pessoas que juntam o fumo a uma maior sensibilidade a pólens, ácaros e alergias. No essencial, tenho duas histórias para contar. Na Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra, deixou-se de fumar a dada altura porque um fumador - se o negrito não chegou, repito: um fumador -, que a dado altura se constipou, sentiu incómodo com o fumo que foi obrigado a suportar numa altura em que não podia recorrer ao vulgar cigarro para se irmanar com o ambiente. Essa foi a primeira história. Segunda história: uma amiga minha, fumadora - fumadora - foi fazer Erasmus para a Irlanda exactamente no ano em que a lei entrou em vigor. Opinião? "Óptimo!". Hã? Mas tu fumas. "Sim, mas assim posso sair à noite e não ficar com o raio da roupa toda a cheirar a fumo. E, quando nos apetecia fumar, eu e os meus amigos juntávamo-nos, íamos fumar um cigarro para a entrada e depois voltávamos". Parece lógico.
Seja como for, a verdade é que duas das opiniões anti-tabágicas mais exultantes a que assisti vieram de dois fumadores. De resto, quanto a questões de liberdades, trocamos o incómodo dos não-fumadores (o fumo terceiro) pelo incómodo dos fumadores (o movimento para a porta), o que, sinceramente, não me parece mal trocado.
6 Comentários:
"Para todos será mais grave consumir cocaína do que fumar um cigarro"...
Dir-se-ia que não é bem assim, pois o consumo da cocaína, sendo da maior gravidade para o próprio, não afecta a saúde física dos restantes, e se a saúde social é afectada podemos sempre voltar costas a quem o faz. Mas contra um cigarro não adianta voltar costas, esse afecta sempre e é a saúde física que sai prejudicada.
Caro Nande, espero que estejas preparadíssimo para, em breve, seres obrigado a emagrecer pelo módico incómodo de baixares a Bica , voltando, 20 vezes a cada dia.
Quando parares de discutir direitos e desejos, ou seja, em matéria que reina um consenso alargadíssimo, dá uma olhadela no regime jurídico. Acrescento que sempre fui um frequentador da esplanada do Trop e não gosto assim tanto de enregelar.
Custando-me, não sou de atribuir o ímpeto moralista, o moralismo mesmo, à bancada dos azuis e amarelos. Mas ainda assim, acho muito bem que as pessoas, os indivíduos sem trela, se vão questionando a respeito de certos hábitos e práticas em nome da relevância atribuída ao bem-estar alheio.
disclaimer: Eu não defendo, nem sequer sou da opinião, que estejas gordinho. Poderia muito bem ter-me referido a óculos, sinais, hábitos vernaculares, comunhão de bens, horários das refeições, vírgulas, penteados, música e livros. As encenações e coreógrafias além-fronteiras já têm apresentado ocultações de momentos que o autor escreveu num passado (decerto bárbaro, em desrespeito absoluto), antes considerado clássico.
Já agora, era o Justi?
Meu caro Daniel, como sabes, trelas também não é coisa que me agrade. Sim, o excesso é cão e eu não gosto de imposições, ainda menos que venham de cima impor boa educação. Insuportável também quando vêm de baixo e, sinceramente, não sei de onde virá um Governo. Não me importo de viver no razoável da boa educação e é triste que tenha uma lei que estar para saltar para que se pense no que o razoável poderá ser. Eu só quero que as pessoas estejam bem, consigo e umas com as outras (e, sabendo que seria completamente impossível pensares que eu estou gordinho e estranhando sobre como é que essa ideia por vezes poderá passar pela cabeça a alguns, lembro-te que nos nossos primeiros tempos de CCDR, quando morava perto do Avenida, andava lampeiramente meia hora até lá - mas compreendo o que quiseste dizer, point taken).
Resumindo: isto foi partilhar experiências, não especialmente uma opinião. Quanto ao azuis e amarelos, bem, olha, pá, temos que nos rir de alguma coisa.
E não - era o Guilherme.
Claro...como é que não pensei no Guilherme, debilitadíssimo, cof cof.
Não é bem assim... a salinha antiga, a pequenina lá de baixo, cheia de fumo não era pêra-doce. E o tipo só veio com isso depois de se ter curado. Ficou-lhe bem, ao Morsa, ter pensado nisso.
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