a prostituição dos blogues
Ricardo Figueira acha que, pelo facto de eu incluir anúncios do Blogsvertise no meu blog, me estou a prostituir e, por isso, publica um post intitulado A Prostituição dos Blogues. Não consigo perceber se ele quer inventar uma profilaxia cibernáutica ou se, pelo contrário, tenderá mais a vestir batina e defender a virgindade absoluta até ao casamento. Estou de acordo com ele quando diz que o blog “é um espaço de opinião livre onde podemos ter uma audiência global, livre de censuras editoriais, onde o único limite é a nossa própria capacidade de imaginação, a nossa capacidade de comunicação, as nossas ideias para uma comunidade melhor”. Não percebo onde é que o facto de ter publicidade identificada como tal nalguns posts – para aí uma vintena num ano – me impede de fazer isto, mas avancemos.
Ricardo Figueira rejeita o sistema pay per post ”por que influencia o conteúdo de um blog”, ou seja, “exige que o autor do blog inclua determinado conteúdo em palavras e em links”, e porque tenta “enganar os motores de busca que olham para os links como um voto de confiança, como um ponto a favor de um site”, logo, “ao fabricar estes links (…) estamos a contribuir para que os resultados de motores de busca como o Google sejam artificiais”. Bem, se soubesse mais cedo, tinha pedido desculpa ao Google, caramba. Até seria capaz de lhes dar uns euros para compensar o incómodo…
Curiosamente, Ricardo Figueira diz que, ao colocar no seu blog anúncios de geração automática, está “a identificá-los como publicidade, uma coisa que não acontece com o sistema pay per post. Não acontece necessariamente pois os autores não são obrigados a distinguir esses artigos de outros quaisquer”. Isto tem piada, pois ele primeiro condena o pay por post por, devido ao facto de influenciar o conteúdo de um blog, ser intrinsecamente maléfico, e depois justifica-se por incluir no seu blog anúncios de geração automática cujo conteúdo depende mais do sistema anunciante do que dele próprio. Os anúncios que lhe aparecem “estão relacionados com os temas” de que ele escreve? Ou o facto de ter trabalhado no Google lhe dá privilégios no seio dos Google Ads ou Ricardo Figueira distorce a verdade, pois ele sabe muito bem que essa relação contextual é gerada automaticamente – ou seja, se a Blogsvertise anunciar em Google Ads, é muito provável que apareça um anúncio àquela no blog de Ricardo Figueira pelo mero acto de ele ter escrito um post… em que a deitava abaixo! Tal como me aconteceria a mim por já ter escrito muito contra o crédito de massas, matéria que rejeito no artigo que Ricardo Figueira leu. Ou seja, ele endeusa a liberdade de criação e de opinião para rejeitar um sistema de publicidade on-line que dá ao autor mais liberdade de criação e de opinião do que aquele que ele próprio utiliza. O leitor tem tanta liberdade de decidir se quer clicar no anúncio no blog dele como no meu; simplesmente, eu rejeito todos os anúncios que me apetecer e eles não passam para o leitor. Mais ainda, eu não dependo do leitor e por isso não tenho de aproveitar um post em que critico o sistema publicitário usado por outrem para incitar ao clique nos meus anúncios. É simples.
Mas peguemos no argumento principal de Ricardo Figueira e imaginemos até que eu aceitaria escrever um post Blogsvertise, digamos, sobre a Credifin. Como o sistema me dá liberdade de escolher, ganharia dinheiro para desancar explicitamente na Credifin, ou seja, ganharia dinheiro para escrever aquilo em que acredito, como fiz aqui. Imaginemos que todos os utilizadores do Blogsvertise fazem o mesmo: sim, o link para a Credifin subiria no Google, mas as opiniões de bloggers sobre ele também estariam lá para serem lidas por toda a gente que fez a pesquisa – tal como o número total de links para o blog de Ricardo Figueira aumenta com este post, mas qualquer um que o leia percebe que eu não acho que ele seja um produto particularmente brilhante.
Divirto-me muito a escrever estes artigos, como ele diz? Divirto-me tanto como a escrever os outros, ou seja, sim. Já rejeitei anúncios por não os querer, já os deixei passar porque não me apeteceu. Se não escrevesse aqui por gosto, não escrevia. Não sei se Ricardo Figueira se diverte tanto como eu, mas espero que sim. O meu blog serve para falar directamente aos outros com liberdade das constrições do coloquial, principalmente a falta de tempo para uma conversa decente e a dificuldade de se compreender logo um arrazoado complexo. Acho que não há nada de mal em encontrar um sistema de publicidade que permite que nenhuma da informação no nosso site não passe por nós. Mesmo nesses anúncios, estou imediatamente eu e o meu pensamento à frente do leitor. Isso é o que Ricardo Figueira, com o seu pensamento formatado para não ser mauzinho para com o Google, não compreendeu.
Ricardo Figueira rejeita o sistema pay per post ”por que influencia o conteúdo de um blog”, ou seja, “exige que o autor do blog inclua determinado conteúdo em palavras e em links”, e porque tenta “enganar os motores de busca que olham para os links como um voto de confiança, como um ponto a favor de um site”, logo, “ao fabricar estes links (…) estamos a contribuir para que os resultados de motores de busca como o Google sejam artificiais”. Bem, se soubesse mais cedo, tinha pedido desculpa ao Google, caramba. Até seria capaz de lhes dar uns euros para compensar o incómodo…
Curiosamente, Ricardo Figueira diz que, ao colocar no seu blog anúncios de geração automática, está “a identificá-los como publicidade, uma coisa que não acontece com o sistema pay per post. Não acontece necessariamente pois os autores não são obrigados a distinguir esses artigos de outros quaisquer”. Isto tem piada, pois ele primeiro condena o pay por post por, devido ao facto de influenciar o conteúdo de um blog, ser intrinsecamente maléfico, e depois justifica-se por incluir no seu blog anúncios de geração automática cujo conteúdo depende mais do sistema anunciante do que dele próprio. Os anúncios que lhe aparecem “estão relacionados com os temas” de que ele escreve? Ou o facto de ter trabalhado no Google lhe dá privilégios no seio dos Google Ads ou Ricardo Figueira distorce a verdade, pois ele sabe muito bem que essa relação contextual é gerada automaticamente – ou seja, se a Blogsvertise anunciar em Google Ads, é muito provável que apareça um anúncio àquela no blog de Ricardo Figueira pelo mero acto de ele ter escrito um post… em que a deitava abaixo! Tal como me aconteceria a mim por já ter escrito muito contra o crédito de massas, matéria que rejeito no artigo que Ricardo Figueira leu. Ou seja, ele endeusa a liberdade de criação e de opinião para rejeitar um sistema de publicidade on-line que dá ao autor mais liberdade de criação e de opinião do que aquele que ele próprio utiliza. O leitor tem tanta liberdade de decidir se quer clicar no anúncio no blog dele como no meu; simplesmente, eu rejeito todos os anúncios que me apetecer e eles não passam para o leitor. Mais ainda, eu não dependo do leitor e por isso não tenho de aproveitar um post em que critico o sistema publicitário usado por outrem para incitar ao clique nos meus anúncios. É simples.
Mas peguemos no argumento principal de Ricardo Figueira e imaginemos até que eu aceitaria escrever um post Blogsvertise, digamos, sobre a Credifin. Como o sistema me dá liberdade de escolher, ganharia dinheiro para desancar explicitamente na Credifin, ou seja, ganharia dinheiro para escrever aquilo em que acredito, como fiz aqui. Imaginemos que todos os utilizadores do Blogsvertise fazem o mesmo: sim, o link para a Credifin subiria no Google, mas as opiniões de bloggers sobre ele também estariam lá para serem lidas por toda a gente que fez a pesquisa – tal como o número total de links para o blog de Ricardo Figueira aumenta com este post, mas qualquer um que o leia percebe que eu não acho que ele seja um produto particularmente brilhante.
Divirto-me muito a escrever estes artigos, como ele diz? Divirto-me tanto como a escrever os outros, ou seja, sim. Já rejeitei anúncios por não os querer, já os deixei passar porque não me apeteceu. Se não escrevesse aqui por gosto, não escrevia. Não sei se Ricardo Figueira se diverte tanto como eu, mas espero que sim. O meu blog serve para falar directamente aos outros com liberdade das constrições do coloquial, principalmente a falta de tempo para uma conversa decente e a dificuldade de se compreender logo um arrazoado complexo. Acho que não há nada de mal em encontrar um sistema de publicidade que permite que nenhuma da informação no nosso site não passe por nós. Mesmo nesses anúncios, estou imediatamente eu e o meu pensamento à frente do leitor. Isso é o que Ricardo Figueira, com o seu pensamento formatado para não ser mauzinho para com o Google, não compreendeu.
3 Comentários:
Penso que na altura que colocaste os anúncios n’ A Peste o termo que usei foi exactamente “prostituição”. Começaste a prostituir de alguma forma o teu espaço. Não me parece assim tão condenável. Eu não serei capaz, mas não é isso que me impedirá de vir aqui ou a qualquer outro blog que tenha uma vertente publicitária à parte do seu conteúdo.
Quanto ao Ricardo Figueira – que desconhecia, tal como o seu Funchal – parece-me fazer-te mais um ataque pessoal do que conceptual. A mim pessoalmente desagrada-me mais ver a publicidade em banners do que em posts. Os posts posso sempre não ler, os banners estão sempre presentes queiramos ou não; mas uma vez mais, não deixaria [ou deixo] de visitar um blog por este motivo. A prioridade máxima é sempre o seu conteúdo. E quando se tem um bom conteúdo, até nos podemos dar ao luxo de publicitar – lembrando que a publicidade nem sempre é abonatória – pousadas da juventude em Alfeizerão ou restaurantes em Nadadouro.
Pelo que diz aqui, o substantivo prostituição formou-se do verbo prostituir, que, por sua vez, vem do latim 'prostituere', que significava «colocar diante, à frente, expor aos olhos». Se "expor aos olhos" é ainda "alguma forma" de prostituição, a "alguma forma" como eu "prostituo" o meu espaço acaba por não ser diferente da forma como o dono de uma loja prostitui o seu espaço por expor artigos na montra. O termo parece-me exagerado e inapropriado. Cada um tem a ideia que quer para o blog que lhe apetece ter e, no meu caso, não considero que posts pagos com o conteúdo decidido por mim o anulem. Se o blog fosse, digamos, corrompido pelos anúncios, se deixasse de ser o que é para passar a mero veículo de publicidade, aí, sim, haveria uma prostituição.
Caro Jorge, todos nós - sem excepção - nos prostituímos de alguma forma!
Enviar um comentário
<< Home