just in case
Ontem falei do "The Road to Mars" de Eric Idle sem saber que ele já tinha sido traduzido para português na colecção E Agora, Para Algo Completamente Diferente, que é coordenada pelas Produções Fictícias. Por seu lado, as Produções Fictícias têm um belíssimo site, em cujo fórum não consegui resistir a pedir a publicação dos livros de Lenny Bruce.
avanca
Fui ao festival de Avanca participar na workshop de realização com a formadora Ursula Meier. Lá, encontrei o realizador de um dos filmes preferidos da minha namorada (e cujo flyer ocupa lugar cativo na secretária no nosso quarto), conheci por acaso amigos de uma amiga e contracenei num exercício de curta-metragem com uma rapariga que cresceu a quinze quilómetros da terra onde eu cresci. Curioso, não?
O festival de Avanca já anunciou os projectos da competição de Multimédia.
Para um verdadeiro governo do século XXI
Ou já não vão a tempo? Talvez para a primeira remodelação, sr. Santana Lopes?
P.s.: O sr. já foi presidente do Sporting. Acha que o governo chega ao Natal, Dr.?
You tell me summer's here,
And the time is wrong.
You tell me winter's here and your days...
Are getting long.
Tears are in your eyes... tonight.
as minhas leituras *
Ontem de madrugada, lia este texto de George Monbiot (caçado no The Killing Train). A dada altura, diz ele:
Pouco depois, ponho-me a ler o Zaratustra.
Continuei com o Zaratustra.
E acabei com uma releitura rápida da "Introdução à História da Ciência Económica e do Pensamento Económico" de Avelãs Nunes.
Curioso, não?
My second piece of career advice echoes the political advice offered by Benjamin Franklin: whenever you are faced with a choice between liberty and security, choose liberty.
Pouco depois, ponho-me a ler o Zaratustra.
Livre de quê?Zaratustra pouco se importa com isso. Mas que o teu olhar me diga claramente para que fim és livre.
Saberás prescrever-te a ti mesmo o teu bem e o teu mal, e suspender a tua vontade por cima de ti como uma lei? Saberás ser o teu próprio juiz e o vingador da tua própria lei?
Continuei com o Zaratustra.
És jovem, e desejas mulher e filho. Eu, porém, te pergunto, serás homem que tenha o direito de desejar um filho?
E acabei com uma releitura rápida da "Introdução à História da Ciência Económica e do Pensamento Económico" de Avelãs Nunes.
Campanella publica "A Cidade do Sol" (1623), obra (...) na qual (...) descreve a "sua" sociedade comunista do futuro, advogando a supressão da família e a organização pelo estado das relações entre sexos.
Curioso, não?
You've been through all of
F. Scott Fitzgerald's books
You're very well read
It's well known.
But something is happening here
And you don't know what it is
Do you, Mister Jones?
(arrepio)
Na noite anterior à sua indigitação como primeiro-ministro, Santana Lopes começou um governo de boca para fora e anunciou a descentralização dos Ministérios.
E eu suspiro por um partido de esquerda sem as loucuras do Bloco (de que gosto sempre muito até ler as propostas eleitorais e os panfletos a convocar acampamentos), sem o cheiro (de tupperware com Estaline dentro) do Pcp e com os tomates que faltam ao Ps. Suspiro ainda por um país que vote nele. Será possível?
E eu suspiro por um partido de esquerda sem as loucuras do Bloco (de que gosto sempre muito até ler as propostas eleitorais e os panfletos a convocar acampamentos), sem o cheiro (de tupperware com Estaline dentro) do Pcp e com os tomates que faltam ao Ps. Suspiro ainda por um país que vote nele. Será possível?
My Hero
Aquilo que me deixa invejoso NALGUNS dos artistas do “Levanta-te e Ri” é o facto de eu não saber escrever comédia, apesar de ser talvez o meu género preferido. As séries da Britcom, por seu lado, estão anos-luz à frente de qualquer coisa semelhante na televisão portuguesa, com excepção, talvez, do “Gato Fedorento”, se bem que não me possa pronunciar com toda a certeza, pois ainda só assisti a sketches em computador.
Ontem vi “My Hero”, uma série muito simpática sobre um super-herói alienígena que tenta assumir a identidade de um pacato lojista em Londres. Não deixa de ser curioso que os alienígenas, George (o super-herói) e Arnie (o primo dele), tenham respectivamente sotaques irlandês e americano. George é interpretado por Ardal O’Hanlon, que já escreveu um romance. Lou Hirsch, actor com já longa carreira no teatro e que fez a voz de Baby Herman em “Quem Tramou Roger Rabbit”, é Arnie. Esta senhora faz de Mrs. Raven (impressionante transformação) e a mulher de George é Emily Joyce, provavelmente a actriz com o rosto mais bonito de toda as séries que já passaram por esta rubrica da Rtp2.
E, para concluir, deixo uma bela ideia para divertir as crianças no Carnaval.
re-a-ver
Hoje, a Rebecca Blood ajudou-me a entender algo que, por incapacidade terrível para compreender algumas das coisas mais simples do mundo, me escapou por completo.
Ainda: "A Materna Doçura", de Possidónio Cachapa, foi hoje mencionado/aconselhado/recomendado(?) por Marcelo Rebelo de Sousa no comentário deste no telejornal da Tvi. O que pensará ele disso, pergunto-me? Seja como for, este sitiozinho é bem agradável.
I know my reading is down--my reading of printed materials, that is. It has puzzled me for years. Since childhood, I have been an avid reader, but when I have a spare moment, I rarely want to sit down and read anymore. Until I started tracking the time I spend reading on the Web, I didn't realize that I am reading more than ever--hours of online reading every day, from weblogs to online news and magazines. No wonder I want to do something else when I get offline.
Ainda: "A Materna Doçura", de Possidónio Cachapa, foi hoje mencionado/aconselhado/recomendado(?) por Marcelo Rebelo de Sousa no comentário deste no telejornal da Tvi. O que pensará ele disso, pergunto-me? Seja como for, este sitiozinho é bem agradável.
Da decisão de Jorge Sampaio
Enquanto cidadão e nada mais do que isso, a decisão de Jorge Sampaio parece-me criticável de duas maneiras.
Primeiro, não acredito que Pedro Santana Lopes garanta qualquer estabilidade a um governo de que seja primeiro-ministro e opino que, sendo necessário marcar eleições antecipadas, mais vale fazê-lo agora do que estar a legitimar um governo novo com poucas hipóteses de sobrevivência. Sampaio guiou-se por um critério de dúvida razoável, sopesou as garantias de Santana de manutenção das grandes linhas governativas e decidiu pela via que lhe pareceu mais adequada. Eu não teria decidido assim. Contudo, respeito a opinião do Presidente da República. O que me repugna em toda esta situação não é o facto de haver um primeiro-ministro em quem não se votou, nem o facto de ele ter sido escolhido em Conselho em vez de em Congresso, Ana Marta. O Governo não é escolhido pelo voto - se calhar, custou-me mais ver as cabecinhas do Cds/Pp há dois anos a alcandorarem-se sorrateiramente a lugares de ministros do que isto – e não me parece que, tendo havido Congresso Nacional do Psd, os resultados tivessem sido diferentes. O que me custa é que o nome escolhido seja Santana Lopes – alguém em quem eu não reconheço qualquer garantia de estabilidade.
Segundo, Sampaio não deixa de chamar a atenção para o seu poder constitucional de dissolução da Assembleia da República até seis meses antes do fim do mandato “caso as orientações políticas da legislatura sejam postas em causa”. Ora, para o Presidente da República sentir a necessidade de manter esta hipótese em aberto, só podem haver duas justificações: ele não está certo da sua decisão final; ele quer apaziguar e ao mesmo tempo justificar-se perante os sectores que preferiam a convocação de eleições antecipadas. O que não deixa de ser uma pena, pois fragiliza desde logo a imagem do novo governo (imperdoável, já que é essa mesma a decisão que permite o seu surgimento) e, desde logo, a de Sampaio, que revela mais uma vez uma irritante vontade de consenso a todo o custo.
No entanto, verdade seja dita, o Presidente foi extremamente cuidadoso ao lidar com as pressões partidárias durante o processo de ponderação. Terá agora que voltar a ganhar a confiança do Ps se quiser ter uma vida política pós-presidencial, mas as declarações de Ana Gomes parecem demasiado despropositadas, causadas provavelmente por uma reacção “a quente”. Não se pode dizer que a decisão de Jorge Sampaio seja pouco corajosa, que não tenha fundamento ou que seja completamente irrazoável. O Presidente da República optou por uma via conforme à sua maneira de compreender o seu desempenho do cargo e o aparelho de Estado, ou seja, fazendo prevalecer a força parlamentar sobre a sua. Tomou para isso o tempo de que precisou, ouvindo as críticas mais nervosas do Psd, e decidiu como decidiu sabendo o que isso iria significar para o Ps e para a sua imagem no seu partido de sempre. Se há coisa que Sampaio não foi, é Presidente da Direita. Também não foi, claro, Presidente de Esquerda. Tomou a sua decisão porque era a que lhe pareceu melhor tomar e tomou-a com o cuidado que lhe era exigível. Quanto muito, Sampaio foi ele próprio: querendo marcar a sua posição tanto como quem quer desaparecer, procurando a estabilidade mesmo que isso não seja credível.
Por fim, a demissão de Ferro Rodrigues, com fundamento algo atrapalhado, tem algo de muito parecido com a partida de Durão para Bruxelas. Na verdade, nada exigia que Ferro se demitisse, tal como nada exigia que Durão se demitisse. Ferro acabou desta maneira com todas as chatices que a sua liderança do Ps (nunca suficientemente forte, nunca suficientemente convincente) lhe trazia, tal como Durão se escapou às confusões e estorvos da política interna, principalmente a gestão da coligação com o Pp. Vital Moreira já se pronunciou sobre as prováveis consequências desta mudança.
Primeiro, não acredito que Pedro Santana Lopes garanta qualquer estabilidade a um governo de que seja primeiro-ministro e opino que, sendo necessário marcar eleições antecipadas, mais vale fazê-lo agora do que estar a legitimar um governo novo com poucas hipóteses de sobrevivência. Sampaio guiou-se por um critério de dúvida razoável, sopesou as garantias de Santana de manutenção das grandes linhas governativas e decidiu pela via que lhe pareceu mais adequada. Eu não teria decidido assim. Contudo, respeito a opinião do Presidente da República. O que me repugna em toda esta situação não é o facto de haver um primeiro-ministro em quem não se votou, nem o facto de ele ter sido escolhido em Conselho em vez de em Congresso, Ana Marta. O Governo não é escolhido pelo voto - se calhar, custou-me mais ver as cabecinhas do Cds/Pp há dois anos a alcandorarem-se sorrateiramente a lugares de ministros do que isto – e não me parece que, tendo havido Congresso Nacional do Psd, os resultados tivessem sido diferentes. O que me custa é que o nome escolhido seja Santana Lopes – alguém em quem eu não reconheço qualquer garantia de estabilidade.
Segundo, Sampaio não deixa de chamar a atenção para o seu poder constitucional de dissolução da Assembleia da República até seis meses antes do fim do mandato “caso as orientações políticas da legislatura sejam postas em causa”. Ora, para o Presidente da República sentir a necessidade de manter esta hipótese em aberto, só podem haver duas justificações: ele não está certo da sua decisão final; ele quer apaziguar e ao mesmo tempo justificar-se perante os sectores que preferiam a convocação de eleições antecipadas. O que não deixa de ser uma pena, pois fragiliza desde logo a imagem do novo governo (imperdoável, já que é essa mesma a decisão que permite o seu surgimento) e, desde logo, a de Sampaio, que revela mais uma vez uma irritante vontade de consenso a todo o custo.
No entanto, verdade seja dita, o Presidente foi extremamente cuidadoso ao lidar com as pressões partidárias durante o processo de ponderação. Terá agora que voltar a ganhar a confiança do Ps se quiser ter uma vida política pós-presidencial, mas as declarações de Ana Gomes parecem demasiado despropositadas, causadas provavelmente por uma reacção “a quente”. Não se pode dizer que a decisão de Jorge Sampaio seja pouco corajosa, que não tenha fundamento ou que seja completamente irrazoável. O Presidente da República optou por uma via conforme à sua maneira de compreender o seu desempenho do cargo e o aparelho de Estado, ou seja, fazendo prevalecer a força parlamentar sobre a sua. Tomou para isso o tempo de que precisou, ouvindo as críticas mais nervosas do Psd, e decidiu como decidiu sabendo o que isso iria significar para o Ps e para a sua imagem no seu partido de sempre. Se há coisa que Sampaio não foi, é Presidente da Direita. Também não foi, claro, Presidente de Esquerda. Tomou a sua decisão porque era a que lhe pareceu melhor tomar e tomou-a com o cuidado que lhe era exigível. Quanto muito, Sampaio foi ele próprio: querendo marcar a sua posição tanto como quem quer desaparecer, procurando a estabilidade mesmo que isso não seja credível.
Por fim, a demissão de Ferro Rodrigues, com fundamento algo atrapalhado, tem algo de muito parecido com a partida de Durão para Bruxelas. Na verdade, nada exigia que Ferro se demitisse, tal como nada exigia que Durão se demitisse. Ferro acabou desta maneira com todas as chatices que a sua liderança do Ps (nunca suficientemente forte, nunca suficientemente convincente) lhe trazia, tal como Durão se escapou às confusões e estorvos da política interna, principalmente a gestão da coligação com o Pp. Vital Moreira já se pronunciou sobre as prováveis consequências desta mudança.
Reflexões imediatas sobre o desenlace do Euro 2004
- Poderia dizer que as lágrimas de Cristiano Ronaldo são as de todo o país, mas não o vou fazer, porque não é verdade.
- Hoje, Portugal não tem um título nem um primeiro-ministro. Além do mais, o casaco de Maria José Ritta era ridículo.
- Portugal e Grécia são (ainda) dos países mais pobres de toda a Europa. Nos tempos dos Doze, acostumámo-nos a ser os penúltimos à frente da Grécia. Hoje, chegámos os dois à final, mas Portugal perdeu. Ou seja, no futebol, a Grécia vingou-se de tudo o resto.
- Portugal organizou um belíssimo campeonato. Isso não vai chegar para a auto-estima. Chegará, quanto muito, para a hetero-estima.
- Antes do jogo, Marcelo Rebelo de Sousa tinha vestida uma camisola da selecção. No fim, já não. Será que a suou?
- Durão Barroso e Ferro Rodrigues opinam sobre a prestação da selecção. Ganharam o estatuto de comentadores desportivos. Primeiro em out-doors, depois na televisão.
- Há pouco, só algumas cornetas solitárias ecoavam pela noite de Coimbra. Agora, as buzinadelas e as vozes soam a metade dos outros dias. Na televisão, entrevistam-se pessoas a festejar. Dizem-se tristes, muito tristes, mas festejam. Em definitivo, nos portugueses há uma estranha separação, ou entre o que sentem e o que fazem, ou entre o que sentem e o que dizem sentir.
- Durante o Euro, o uso que se fez da bandeira retirou dela a carga de símbolo e passou-a para a condição de objecto. Pessoalmente, lembrou-me muito o Dot, aquele boneco que se punha no canto da televisão durante a “Roda dos Milhões”.
- Hoje, Portugal não tem um título nem um primeiro-ministro. Além do mais, o casaco de Maria José Ritta era ridículo.
- Portugal e Grécia são (ainda) dos países mais pobres de toda a Europa. Nos tempos dos Doze, acostumámo-nos a ser os penúltimos à frente da Grécia. Hoje, chegámos os dois à final, mas Portugal perdeu. Ou seja, no futebol, a Grécia vingou-se de tudo o resto.
- Portugal organizou um belíssimo campeonato. Isso não vai chegar para a auto-estima. Chegará, quanto muito, para a hetero-estima.
- Antes do jogo, Marcelo Rebelo de Sousa tinha vestida uma camisola da selecção. No fim, já não. Será que a suou?
- Durão Barroso e Ferro Rodrigues opinam sobre a prestação da selecção. Ganharam o estatuto de comentadores desportivos. Primeiro em out-doors, depois na televisão.
- Há pouco, só algumas cornetas solitárias ecoavam pela noite de Coimbra. Agora, as buzinadelas e as vozes soam a metade dos outros dias. Na televisão, entrevistam-se pessoas a festejar. Dizem-se tristes, muito tristes, mas festejam. Em definitivo, nos portugueses há uma estranha separação, ou entre o que sentem e o que fazem, ou entre o que sentem e o que dizem sentir.
- Durante o Euro, o uso que se fez da bandeira retirou dela a carga de símbolo e passou-a para a condição de objecto. Pessoalmente, lembrou-me muito o Dot, aquele boneco que se punha no canto da televisão durante a “Roda dos Milhões”.
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