Corrigi o problema que fazia com que este blog tivesse um enorme espaço em branco no início. Segue-se a versão final do Bro.
meanings of life
Penso em porquê, porque é que há coisas banais de que me lembro tão bem, e lembro-me de um homem, as afamadas notas de Economia Política quase a sair, e o homem, colega velho, reformado que decidiu estudar Direito, diz "quando as coisas correm bem somos todos iguais, agora é que se vai ver", o que é demasiado simples, demasiado simplório, e demasiado certeiro.
meanings of life
Pensar numa coisa importante para a vida. Um pequeno-almoço de leite e trigo. A rádio passa isto.
meanings of life
Pescar o mundo num computador portátil em pontos determinados do corredor. O direito sobre estas palavras. O silêncio obrigado. Telenovelas. "Madame Sosostris, famous clairvoyante".
Sobre a morte de cunhal
1. Cunhal, Gonçalves, Pintassilgo, Irmã Lúcia, Eugénio, Sophia: o século XX acaba no início do XXI.
2. Uma certeza assoma: quando Soares morrer, o 25 de Abril ficará verdadeiramente enterrado no passado e sujeito à tenebrosa mentira que é tudo o que se chama tradição.
3. O PCP ficou órfão do passado. O movimento renovador só pode vir a crescer ou, pelo menos, a emancipar-se.
4. Não estará longínquo um futuro em que os velhos neoliberais tenham na oposição os novos neocomunistas.
2. Uma certeza assoma: quando Soares morrer, o 25 de Abril ficará verdadeiramente enterrado no passado e sujeito à tenebrosa mentira que é tudo o que se chama tradição.
3. O PCP ficou órfão do passado. O movimento renovador só pode vir a crescer ou, pelo menos, a emancipar-se.
4. Não estará longínquo um futuro em que os velhos neoliberais tenham na oposição os novos neocomunistas.
dois pensamentos sobre televisão
("tributo" e carcavelos)
PENSAMENTO PRIMEIRO. O programa "Tributo", engodo inventado pela Rtp para encher chouriços na grelha à custa de semi-retirados célebres, até poderia ser tolerável se fosse honesto nas suas intenções. Mas, ao contrário do que um tributo deve ser (sendo que a garantia de uma prestação regular de tributos me faz alguma confusão, mas ainda assim), não há ali biografias em profundidade, esclarecimentos de pormenores, sucessos e fracassso menos conhecidos, seriedade na conversa. Ao contrário do que devia ser, neste programa o tributo vale mais do que o tributado. E, pormenor de requinte, no final o homenageado recebe um troféu. Deve ser por aguentar tanta parvoíce.
PENSAMENTO SEGUNDO. Por aquilo que compreendo, o roubo por "arrastão" em Carcavelos há dois dias consistiu num grupo de setenta a oitenta indivíduos - disse hoje a Rtp, mas já depois de se ter criado o mito de quinhentos - que começaram a correr e a agarrar em tudo o que podiam. Houve escaramuças, entre eles próprios e deles com a polícia, mas não vi ninguém a queixar-se de ter sido agredido (o comunicado do presidente da Câmara de Cascais dá a entender o mesmo). Aliás, pelo que se disse, houve só três feridos ligeiros: um guarda, uma senhora que se cortou numa garrafa e uma rapariga que levou uma cacetada de um polícia por engano.
Hoje à noite, as televisões foram ao directo a Carcavelos, que foi assim a praia mais vigiada do/pelo país. Foram também a Quarteira, onde dez tipos (novamente, número confirmado pela Rtp depois de um inicial cinquenta) roubaram três pares de calções numa loja e depois foram identificados pela polícia na praia. Um foi detido porque deu "um murro na mão e um pontapé na perna" ao guarda. Quase um terrorista. Isso não impediu os repórteres de perguntar às pessoas se se sentiam inseguras, de realçar que nada será como dantes e de lamentar como foi para esquecer o dia do arrastão de Carcavelos.
Pois eu proponho um exercício diferente. Lembremo-nos. Lembremo-nos para sempre do arrastão de Carcavelos como o dia em que as pessoas - as pessoas - que foram sistematicamente empurradas para fora da grande cidade, para os bairros sociais ou de lata, para os longes da vista e do coração, como o dia em que elas mostraram que existiam àqueles que as mandaram para lá e sempre estiveram demasiado ocupados para se lembrarem delas. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como o momento em que um fantasma se torna carne, em que o racismo encapotado arranja justificação para existir, em que o preconceito ganha uma razão cuja causa é, por acaso, o próprio preconceito. Lembremo-nos do arrastão como a vingança dos putos postos à parte, que não aparecem em telenovelas da Tvi, acostumados a ouvirem "não podem entrar aqui assim vestidos" dos mesmos que lhes impõem a porcaria das coisas caras e de marca como o símbolo do estatuto a que nunca os deixarão chegar. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como o momento em que a bomba social que uma sociedade burguesa, balofa, urbana, maricas, pálida e com problemas de bexiga espoletou e deixou rebentar nas próprias mãos. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como exemplo de que não se governa para os mais desfavorecidos que delapidam a segurança social, mas para os mais ricos que pagam impostos, como se não fizessem todos parte do mesmo país, da mesma sociedade, como se não partilhassem a mesma coisa pública. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como a maior das psicoses de praia depois da falsa onda gigante no Algarve aqui há uns anos. Lembremo-nos de tudo isto e percebamos que em Carcavelos aconteceu mais do que setenta putos a roubar. Aconteceu a merda de uma sociedade a vir à tona da água morta e suja em que ela não sabe deixar de se afundar.
PENSAMENTO SEGUNDO. Por aquilo que compreendo, o roubo por "arrastão" em Carcavelos há dois dias consistiu num grupo de setenta a oitenta indivíduos - disse hoje a Rtp, mas já depois de se ter criado o mito de quinhentos - que começaram a correr e a agarrar em tudo o que podiam. Houve escaramuças, entre eles próprios e deles com a polícia, mas não vi ninguém a queixar-se de ter sido agredido (o comunicado do presidente da Câmara de Cascais dá a entender o mesmo). Aliás, pelo que se disse, houve só três feridos ligeiros: um guarda, uma senhora que se cortou numa garrafa e uma rapariga que levou uma cacetada de um polícia por engano.
Hoje à noite, as televisões foram ao directo a Carcavelos, que foi assim a praia mais vigiada do/pelo país. Foram também a Quarteira, onde dez tipos (novamente, número confirmado pela Rtp depois de um inicial cinquenta) roubaram três pares de calções numa loja e depois foram identificados pela polícia na praia. Um foi detido porque deu "um murro na mão e um pontapé na perna" ao guarda. Quase um terrorista. Isso não impediu os repórteres de perguntar às pessoas se se sentiam inseguras, de realçar que nada será como dantes e de lamentar como foi para esquecer o dia do arrastão de Carcavelos.
Pois eu proponho um exercício diferente. Lembremo-nos. Lembremo-nos para sempre do arrastão de Carcavelos como o dia em que as pessoas - as pessoas - que foram sistematicamente empurradas para fora da grande cidade, para os bairros sociais ou de lata, para os longes da vista e do coração, como o dia em que elas mostraram que existiam àqueles que as mandaram para lá e sempre estiveram demasiado ocupados para se lembrarem delas. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como o momento em que um fantasma se torna carne, em que o racismo encapotado arranja justificação para existir, em que o preconceito ganha uma razão cuja causa é, por acaso, o próprio preconceito. Lembremo-nos do arrastão como a vingança dos putos postos à parte, que não aparecem em telenovelas da Tvi, acostumados a ouvirem "não podem entrar aqui assim vestidos" dos mesmos que lhes impõem a porcaria das coisas caras e de marca como o símbolo do estatuto a que nunca os deixarão chegar. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como o momento em que a bomba social que uma sociedade burguesa, balofa, urbana, maricas, pálida e com problemas de bexiga espoletou e deixou rebentar nas próprias mãos. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como exemplo de que não se governa para os mais desfavorecidos que delapidam a segurança social, mas para os mais ricos que pagam impostos, como se não fizessem todos parte do mesmo país, da mesma sociedade, como se não partilhassem a mesma coisa pública. Lembremo-nos do arrastão de Carcavelos como a maior das psicoses de praia depois da falsa onda gigante no Algarve aqui há uns anos. Lembremo-nos de tudo isto e percebamos que em Carcavelos aconteceu mais do que setenta putos a roubar. Aconteceu a merda de uma sociedade a vir à tona da água morta e suja em que ela não sabe deixar de se afundar.
mercy, mercy
Isto (via Alexandre Soares Silva) lembrou-me um embaraço: chorar de comoção enquanto o Charles Aznavour cantava nos Marretas.
brindando à moralidade de classe média*
The Lord above gave man an arm of iron so he could do his job and never shirk,
The Lord above gave man an arm of iron, but with a little bit of luck,
With a little bit of luck, someone else'll do the blinkin' work!
With a little bit, with a little bit, with a little bit of luck, you'll never work!
The Lord above made man to help his neighbor no matter where on land or sea or foam,
The Lord above made man to help his neighbor, but with a little bit of luck,
With a little bit of luck, when he comes around you won't be home!
With a little bit, with a little bit, with a little bit of luck, you won't be home!
Oh you can walk the straight and narrow but with a little bit of luck you'll run amok.
The gentle sex was made for man to marry, to tend his needs and see his food is cooked,
The gentle sex was made for man to marry, but with a little bit of luck,
With a little bit of luck, you won't get hooked! With a little bit, with a little bit, with a little bit of blooming luck!
meanings of life
Pela manhã, aprender sobre a origem do cappuccino.
Pela tarde, ver um frade capuchinho andar no calor da tarde com a túnica castanha (não suava).
Pela noite, ver uma peça sobre um capuchinho mau e um lobo verde.
Pela tarde, ver um frade capuchinho andar no calor da tarde com a túnica castanha (não suava).
Pela noite, ver uma peça sobre um capuchinho mau e um lobo verde.
bro(3)
a mesa de plástico e o círculo
bro da mesa do
medalhão ao pescoço e bro do teu
chapéu
bro por vezes faz falta ser silencioso nas casas
vestais te agradecem as lamas vindas de baixo bro
do andar de baixo
as noites tão quentes bro as noites tão quentes
o teu barrete
moído sob
o estaline das
noites tão
o carro parado luzes ligadas
lago de estige o velho que se mije
mas não bro tua mulher
lá dentro bro é tofu bro é
não sabe a nada e é misterioso
bro tu queres bro precisas
fufa e meia precisão de coiso vivo
tu queres o irmão meu no hospital o
bruto bro o novelo que tu bro arrebanhas
bro falo do povo que não existe
falo da erva que desiste
de crescer
como tu bro como tu
dizes que queres o rádio ligado
e falas da merda de não dormires
e os dragões de tu bro a fazerem te as noites origami
bro tu olhas
os homens e as
memórias
bro brancas e dizes no lado
do passeio onde moras com os teus
pecados
não quero ter memória
andar o presente bro
definido sobre ti como a
capa de água perpétua alimentada
do gotejar da calha dos teus egrégios
e tu bro arrancas do meio do teu corpo
a história da casa de madeira e autoclismas o tempo
(um dois três quatro vezes bro olhas as pessoas a caiarem de sozinhas a parede da casa vizinha casa perderem-se muralha invisível e anti-ineses-negras e da sobre rua bro pressente bro assina bro tremerem-lhe os dentes do cano de rua aberto esgoto logo à frente da tabacaria)
bro eu tenho
cheia cidade uma por dentro do meu corpo
a sério bro e o irmão meu no hospital quer saber
bro se conheces a
intelectual mulher fuga colecção de seios que
no natal se queimou por via duma
colecção de sóis transalpinos
e tu bro e o teu chapéu
rodopiam em conhecimento e falam
do partido comunista e dos
charros fumados numa toca de toupeira ou num
acampamento e os casais de homens vestidos de branco que
te perguntam acreditas como
fantasmas ou
anjos ou mulheres e
bro tu remorsos da porta
deixada aberta e dos gritos e falar
de política ao lado do passeio não é para ti
só te faltam palavras para o querer
dizer a vontade e a ausência
na raiz interna da
respiração
bro sabes que em
abril os cravos nascem da
terra morta e tu
és o mais
cruel dos homens
e há nisto a história da
porta e dos
espelhos quando
bro mancavas a
té à máquina e na
mão o sete o bolso o
sexo e o sono o
risco do dia nascente
ultimamente tu dirias
fechar as janelas e
cortar as estrelas perigosas
ultimamente cala
rias os jardins aos bigodes que te fazem
sono
bro és
de tiragem limitada e radiodifusão
tu entras na voltagem
da loja e presumes
seduzir e presumes
suportar mas o tempo
é mais um século vinte
(como um candeeiro permanente a acender-se e a apagar-se permanente a aceitar-se e permanente)
se soubesses juntar as
letras bro pelo menos mata
vate a morte é assunto
sério desde sá
carneiro pelo
menos tu
nunca dela te
riste e
medo dela tu não
ditas o que existe para o
candeeiro que é
permanente e te ilumina os
olhos noites
nuas
bro a máquina e a
pós game over a
mulher e a
pós a
deus o a
ceito ou tal
vez não por
enquanto só as
palavras e as
mãos queimando as
listas antigas dos templos
que já não existem a
não ser em muro.
bro da mesa do
medalhão ao pescoço e bro do teu
chapéu
bro por vezes faz falta ser silencioso nas casas
vestais te agradecem as lamas vindas de baixo bro
do andar de baixo
as noites tão quentes bro as noites tão quentes
o teu barrete
moído sob
o estaline das
noites tão
o carro parado luzes ligadas
lago de estige o velho que se mije
mas não bro tua mulher
lá dentro bro é tofu bro é
não sabe a nada e é misterioso
bro tu queres bro precisas
fufa e meia precisão de coiso vivo
tu queres o irmão meu no hospital o
bruto bro o novelo que tu bro arrebanhas
bro falo do povo que não existe
falo da erva que desiste
de crescer
como tu bro como tu
dizes que queres o rádio ligado
e falas da merda de não dormires
e os dragões de tu bro a fazerem te as noites origami
bro tu olhas
os homens e as
memórias
bro brancas e dizes no lado
do passeio onde moras com os teus
pecados
não quero ter memória
andar o presente bro
definido sobre ti como a
capa de água perpétua alimentada
do gotejar da calha dos teus egrégios
e tu bro arrancas do meio do teu corpo
a história da casa de madeira e autoclismas o tempo
(um dois três quatro vezes bro olhas as pessoas a caiarem de sozinhas a parede da casa vizinha casa perderem-se muralha invisível e anti-ineses-negras e da sobre rua bro pressente bro assina bro tremerem-lhe os dentes do cano de rua aberto esgoto logo à frente da tabacaria)
bro eu tenho
cheia cidade uma por dentro do meu corpo
a sério bro e o irmão meu no hospital quer saber
bro se conheces a
intelectual mulher fuga colecção de seios que
no natal se queimou por via duma
colecção de sóis transalpinos
e tu bro e o teu chapéu
rodopiam em conhecimento e falam
do partido comunista e dos
charros fumados numa toca de toupeira ou num
acampamento e os casais de homens vestidos de branco que
te perguntam acreditas como
fantasmas ou
anjos ou mulheres e
bro tu remorsos da porta
deixada aberta e dos gritos e falar
de política ao lado do passeio não é para ti
só te faltam palavras para o querer
dizer a vontade e a ausência
na raiz interna da
respiração
bro sabes que em
abril os cravos nascem da
terra morta e tu
és o mais
cruel dos homens
e há nisto a história da
porta e dos
espelhos quando
bro mancavas a
té à máquina e na
mão o sete o bolso o
sexo e o sono o
risco do dia nascente
ultimamente tu dirias
fechar as janelas e
cortar as estrelas perigosas
ultimamente cala
rias os jardins aos bigodes que te fazem
sono
bro és
de tiragem limitada e radiodifusão
tu entras na voltagem
da loja e presumes
seduzir e presumes
suportar mas o tempo
é mais um século vinte
(como um candeeiro permanente a acender-se e a apagar-se permanente a aceitar-se e permanente)
se soubesses juntar as
letras bro pelo menos mata
vate a morte é assunto
sério desde sá
carneiro pelo
menos tu
nunca dela te
riste e
medo dela tu não
ditas o que existe para o
candeeiro que é
permanente e te ilumina os
olhos noites
nuas
bro a máquina e a
pós game over a
mulher e a
pós a
deus o a
ceito ou tal
vez não por
enquanto só as
palavras e as
mãos queimando as
listas antigas dos templos
que já não existem a
não ser em muro.
meanings of life
Uma eleição, uma conferência, um calor insuportável e, um pouco por toda a parte, o eco do "não vou por aí" dos sítios onde milhões que votam nunca irão.
bro(2)
a mesa de plástico e o círculo
bro da mesa do
medalhão ao pescoço e bro do teu
chapéu
bro por vezes faz falta ser silencioso nas casas
vestais te agradecem as lamas vindas de baixo bro
do andar de baixo
as noites tão quentes bro as noites tão quentes
o teu barrete
moído sob
o estaline das
noites tão
o carro parado luzes ligadas
lago de estige o velho que se mije
mas não bro tua mulher
lá dentro bro é tofu bro é
não sabe a nada e é misterioso
bro tu queres bro precisas
fufa e meia precisão de coiso vivo
tu queres o irmão meu no hospital o
bruto bro o novelo que tu bro arrebanhas
bro falo do povo que não existe
falo da erva que desiste
de crescer
como tu bro como tu
dizes que queres o rádio ligado
e falas da merda de não dormires
e os dragões de tu bro a fazerem te as noites origami
bro tu olhas
os homens e as
memórias
bro brancas e dizes no lado
do passeio onde moras com os teus
pecados
não quero ter memória
andar o presente bro
definido sobre ti como a
capa de água perpétua alimentada
do gotejar da calha dos teus egrégios
e tu bro arrancas do meio do teu corpo
a história da casa de madeira e autoclismas o tempo
(um dois três quatro vezes bro olhas as pessoas a caiarem de sozinhas a parede da casa vizinha casa perderem-se muralha invisível e anti-ineses-negras e da sobre rua bro pressente bro assina bro tremerem-lhe os dentes do cano de rua aberto esgoto logo à frente da tabacaria)
bro eu tenho
cheia cidade uma por dentro do meu corpo
a sério bro e o irmão meu no hospital quer saber
bro se conheces a
intelectual mulher fuga colecção de seios que
no natal se queimou por via duma
colecção de sóis transalpinos
e tu bro e o teu chapéu
rodopiam em conhecimento e falam
do partido comunista e dos
charros fumados numa toca de toupeira ou num
acampamento e os casais de homens vestidos de branco que
te perguntam acreditas como
fantasmas ou
anjos ou mulheres e
bro tu remorsos da porta
deixada aberta e dos gritos e falar
de política ao lado do passeio não é para ti
só te faltam palavras para o querer
dizer a vontade e a ausência
na raiz interna da
respiração
bro da mesa do
medalhão ao pescoço e bro do teu
chapéu
bro por vezes faz falta ser silencioso nas casas
vestais te agradecem as lamas vindas de baixo bro
do andar de baixo
as noites tão quentes bro as noites tão quentes
o teu barrete
moído sob
o estaline das
noites tão
o carro parado luzes ligadas
lago de estige o velho que se mije
mas não bro tua mulher
lá dentro bro é tofu bro é
não sabe a nada e é misterioso
bro tu queres bro precisas
fufa e meia precisão de coiso vivo
tu queres o irmão meu no hospital o
bruto bro o novelo que tu bro arrebanhas
bro falo do povo que não existe
falo da erva que desiste
de crescer
como tu bro como tu
dizes que queres o rádio ligado
e falas da merda de não dormires
e os dragões de tu bro a fazerem te as noites origami
bro tu olhas
os homens e as
memórias
bro brancas e dizes no lado
do passeio onde moras com os teus
pecados
não quero ter memória
andar o presente bro
definido sobre ti como a
capa de água perpétua alimentada
do gotejar da calha dos teus egrégios
e tu bro arrancas do meio do teu corpo
a história da casa de madeira e autoclismas o tempo
(um dois três quatro vezes bro olhas as pessoas a caiarem de sozinhas a parede da casa vizinha casa perderem-se muralha invisível e anti-ineses-negras e da sobre rua bro pressente bro assina bro tremerem-lhe os dentes do cano de rua aberto esgoto logo à frente da tabacaria)
bro eu tenho
cheia cidade uma por dentro do meu corpo
a sério bro e o irmão meu no hospital quer saber
bro se conheces a
intelectual mulher fuga colecção de seios que
no natal se queimou por via duma
colecção de sóis transalpinos
e tu bro e o teu chapéu
rodopiam em conhecimento e falam
do partido comunista e dos
charros fumados numa toca de toupeira ou num
acampamento e os casais de homens vestidos de branco que
te perguntam acreditas como
fantasmas ou
anjos ou mulheres e
bro tu remorsos da porta
deixada aberta e dos gritos e falar
de política ao lado do passeio não é para ti
só te faltam palavras para o querer
dizer a vontade e a ausência
na raiz interna da
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