Gato Fedorento, enésimo mais um
Nesta notícia sobre a ruptura dos Gato Fedorento com a SIC, Ricardo Araújo Pereira refere que o DVD da série Fonseca num DVD “«vendeu 60 mil exemplares» e (…) foi abundantemente pirateado”. Palavras reveladoras: lembram que os Gato Fedorento são um caso (inédito e extraordinário) de autores que, pelo menos na fase inicial da sua carreira (eu diria, até ao lançamento do DVD), beneficiaram enormemente da partilha (por Internet ou em CD) de captações ilícitas do seu trabalho, já que elas permitiram ultrapassar o facto de apenas uma percentagem minoritária da população ter acesso à TV Cabo e contribuir assim para a popularização do quarteto. Pessoas que, em princípio, nunca teriam contacto com o programa, foram tendo acesso a partes dele, em jeito de “teasers”, numa espécie de passa-palavra que apenas foi possível graças aos computadores e ao estabelecimento por estes de uma nova relação entre nós e o audiovisual. Compare-se a dificuldade de conseguir certos filmes há uns anos atrás com a de os ver hoje em dia – ou melhor, não se compare, não há comparação possível. O espectador atento vê cada vez mais e exige cada vez mais, e, se vê mais, exige também mais de melhor. Os Gato Fedorento, talvez inconscientemente, mostraram a validade do meio e a maneira certa de lidar com ele. A ver se o exemplo fica.
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