notas sobre cinema 7
É verdade, estes filmes, nomeados para os prémios da Writer's Guild of America, vêm todos de produtoras independentes ou de subsidiárias de baixo orçamento dos grandes estúdios. O que quer isso dizer? Os grandes filmes não têm bons argumentos? É provável, mas não podemos esquecer que muitos dos que hoje consideramos bons argumentos vieram dos grandes filmes dos grandes estúdios. Não precisava de ir mais longe do que Billy Wilder. O medo de arriscar narrativamente em blockbusters (que, para um argumentista profissional, deveria ser um modelo de produção com critérios de exigência próprios e tão respeitável e exigente como outro qualquer) é explicado bem por John August: estamos a falar de investimentos de milhões de dólares e isso importa na disposição para o risco das produtoras. Mas, já agora, lembremos que os blockbusters nasceram com "Tubarão", que não é de todo um filme mal escrito ou pouco original; que se incrementaram para o grande público de modo incontornável com "A Guerra das Estrelas", obra complexa com referências múltiplas; que surgiram no seio criativo dos movie brats, admiradores e cruzados americanos da Nova Vaga francesa; que ao Coppola da fase grandiosa nunca foi exigido menos (os Padrinhos e Apocalipse Now foram enormes êxitos de bilheteira); que, ao longo dos anos, resultaram de reformulações de filmes com mérito como "Rocky", "First Blood" (ler Práctica del Guión Cinematográfico, de Bonitzer e Carrière) ou "Die Hard"; e que ainda hoje as casas-mães não são indiferentes ao que as filiais rebeldes vão fazendo. Ao fim e a cabo, os filmes ou são bons ou são menos bons, e para isso o mais importante não são os production numbers.
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