a histeria
Da Holanda, o João André não compreende a histeria à volta dos Morangos com Açúcar. Caro João André, mesmo em Portugal é difícil perceber. No entanto, deixo-te algumas achegas: o fenómeno à volta da morte de Francisco Adam não deve ser entendido tanto como um sinal de luto colectivo, mas antes como uma maneira de concretizar no plano real o que até aí só existia no plano ficcional. Ou seja, o embrenhamento por parte dos espectadores dos Morangos com Açúcar (não só jovens, nem todos os jovens) no enredo e na "realidade ficcionada" da série acaba por implicar a exigência de algo concreto, que sustente e justifique esse mesmo embrenhamento. O funeral de Francisco Adam, no que toca a essa exigência, foi tão real como a sessão de autógrafos que ele tinha dado antes de morrer, com a vantagem de fazer apelo a sentimentos fortes (angústia, tristeza, revolta - para mais, aconselho seriamente ler "A Grief Observed", de C. S. Lewis). Na generalidade, foi isso - partilhar a realidade dos Morangos com Açúcar como sendo mais uma personagem - o que levou todos aqueles miúdos à cerimónia, o que, por seu lado, levou aos evidentes desvios da pose: os fãs tiraram milhares de fotografias aos actores presentes. A pessoa de Francisco Adam, triste ironia, não importa nada, foi só um pretexto para um happening.
De resto, os Morangos com Açúcar - e ninguém me tira isto da cabeça - conseguem marcar pontos com o horário: são a típica série de fim de tarde, que se mete na cabeça das pessoas por dentro dos lençóis da preguiça e do cansaço. Ou seja, é plástico mostrado numa altura em que o espectador está particularmente susceptível à visão de plástico.
De resto, os Morangos com Açúcar - e ninguém me tira isto da cabeça - conseguem marcar pontos com o horário: são a típica série de fim de tarde, que se mete na cabeça das pessoas por dentro dos lençóis da preguiça e do cansaço. Ou seja, é plástico mostrado numa altura em que o espectador está particularmente susceptível à visão de plástico.
3 Comentários:
concordo
um plástico que nos é revelado na hora em que estamos completamente mortos e "engolimos" qualquer coisa
acho que não andei longe dessa interpretação:
«Para eles foi um amigo, e por ele choraram.»
«As crianças terão levado a interacção com a novela mais longe. Não só choram a morte de um amigo como sentem a mesma dor de outros amigos. Num mundo de realidade virtual, interacção mais profunda seria impossível. Raia o histerismo»
Estas foram frases em que abordei também a tal «maneira de concretizar no plano real o que até aí só existia no plano ficcional». Claro que não conclui, não cheguei a uma conclusão, passando pelo horário e pelo plástico, mas também seria difícil fazê-lo não podendo observar in loco o fenómeno.
Obrigado pela achega Jorge.
o francisco adam foi uma pessoa boa para as criancas a morte dele levou a ke miutas dessas chorassem e ficassem revoltadas !!!!! nao digam parvoisses o francisco adam ta pa sempre comigo e com todos os seus fas
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