a guerra
Tenho-me mantido silencioso relativamente à guerra de Israel. O que se pode dizer, ao fim e ao cabo? A discussão que tenho lido por aí passa pelo anti-semitismo, oposição de extremismos, a linhagem histórica do problema, o certo e o errado. Terá sido certa a intervenção de Israel? Terá sido proporcional à ofensa - a propósito, que é dos soldados israelitas raptados? Bem, só por causa de um homem, guerras têm começado (I GM) e acabado (Angola). Mas, se não é proporcional, como deveria ser? Seria possível atacar só um bocadinho o Líbano? Dever-se-ia não ter atacado, ponto? E os civis, são escudos humanos? É Israel que mata indiscriminadamente ou é o Hezbollah que os coloca lá para dizer que Israel mata indiscriminadamente?
As questões mais óbvias parecem-me ser estas. Mas, mais uma vez, olhando para isto, penso: de que adianta? Estarei a ser demasiado ingénuo ao considerar como masturbação intelectual uma discussão de política geoestratégica quando o que está em causa é a aniquilação de pessoas por pessoas? Não adianta muito vir chorar depois o esvaziamento moral e a crise de valores e ai que a culpa é toda do Nietzsche. O que dá a um Estado, a uma organização paramilitar, a um soldado, a um indivíduo o direito de interromper o acesso de um corpo humano à vida através de uma acção violenta? Isso não pode ser negligenciado, não pode. De que adianta vir depois falar de Arendt e Popper e do totalitarismo e do fim da poesia depois de Auschwitz? A verdade é que a guerra excita. Há quem, de súbito, tenha algo de que falar e muito para dizer. Cita-se Arendt e Popper, Said e Malouf, Ash e Hitchens. Fala-se de batalhas. A silly-season já não é silly. Há felicidade na Comunicolândia.
Os mortos devem ser respeitados e a guerra deve ser reprovada. As palavras medem-se e o silêncio vale mais do que mil imagens. Somos pessoas, raio - a nossa dignidade julga-se perante o sangue dos outros.
As questões mais óbvias parecem-me ser estas. Mas, mais uma vez, olhando para isto, penso: de que adianta? Estarei a ser demasiado ingénuo ao considerar como masturbação intelectual uma discussão de política geoestratégica quando o que está em causa é a aniquilação de pessoas por pessoas? Não adianta muito vir chorar depois o esvaziamento moral e a crise de valores e ai que a culpa é toda do Nietzsche. O que dá a um Estado, a uma organização paramilitar, a um soldado, a um indivíduo o direito de interromper o acesso de um corpo humano à vida através de uma acção violenta? Isso não pode ser negligenciado, não pode. De que adianta vir depois falar de Arendt e Popper e do totalitarismo e do fim da poesia depois de Auschwitz? A verdade é que a guerra excita. Há quem, de súbito, tenha algo de que falar e muito para dizer. Cita-se Arendt e Popper, Said e Malouf, Ash e Hitchens. Fala-se de batalhas. A silly-season já não é silly. Há felicidade na Comunicolândia.
Os mortos devem ser respeitados e a guerra deve ser reprovada. As palavras medem-se e o silêncio vale mais do que mil imagens. Somos pessoas, raio - a nossa dignidade julga-se perante o sangue dos outros.
3 Comentários:
Sobretudo isso: a guerra deve ser reprovada, independentemente do posto de observação.
No fundo só nos garante que não saímos da barbárie. E esse é o ponto de partida e o ponto de chegada...
Cátia
nietZsche
É o que dá escrever à pressa: boa, Gustavo.
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