o livro
Pessoalmente, o culto à volta de Robert McKee e do seu Story sempre me irritou um pouco. Não gosto de gurus, muito menos de charlatães. A Creative Screenwriting tem as páginas pejadas de anúncios de tipos que sabem "mesmo aquilo" que um argumento precisa para ser comprado por milhões e milhões de dólares. Ao fim e ao cabo, é uma lotaria: "já aconteceu, porque não me pode acontecer a mim"?
Por isso, até chegar à leitura de Story, foi preciso vir o Adaptation, que me pôs a pensar. Teria de haver alguma coisa que levasse o turvo Charlie Kaufman a meter o próprio McKee como personagem (aliás, numa grande interpretação de Brian Cox). E era verdade: não há um pingo de charlatanice no livro, que se aguenta na leitura como uma obra simultaneamente prática e de referência. Simpatiza-se com McKee logo quando diz que "Story é sobre arquétipos, não estereótipos", distinguindo-se assim de correntes mais à Syd Field (o grande teórico do guião convencional da actual Hollywood: tipo, primeiro plot point tem de acontecer na página 27 e coisas do género). McKee orienta e não estrangula, fazendo uso de um grande leque de referências culturais (de Aristóteles a Seven) e listando uma série de conceitos-chave que convém ter presentes aquando da construção prática da narrativa.
Story, no que me toca, tem-me ajudado a concentrar com maior eficácia no conflito, levando-me a pensar em aspectos diferentes das personagens para além do jogo de espelhos e da referência sintática. No fundo, permite-me libertá-las sem que me fujam. A estrutura fica mais centrada nelas, mas McKee põe a ideia de conflito a servir a progressão narrativa na forma de insatisfação (intervalo objectivos-sucessos), o que ajuda o interesse e garante ritmo.
Portanto, forma narrativa, sim, mas sem preconceitos. McKee tem-me convencido. Quando chegar ao fim do livro, logo digo se o conseguiu sem reservas.
Por isso, até chegar à leitura de Story, foi preciso vir o Adaptation, que me pôs a pensar. Teria de haver alguma coisa que levasse o turvo Charlie Kaufman a meter o próprio McKee como personagem (aliás, numa grande interpretação de Brian Cox). E era verdade: não há um pingo de charlatanice no livro, que se aguenta na leitura como uma obra simultaneamente prática e de referência. Simpatiza-se com McKee logo quando diz que "Story é sobre arquétipos, não estereótipos", distinguindo-se assim de correntes mais à Syd Field (o grande teórico do guião convencional da actual Hollywood: tipo, primeiro plot point tem de acontecer na página 27 e coisas do género). McKee orienta e não estrangula, fazendo uso de um grande leque de referências culturais (de Aristóteles a Seven) e listando uma série de conceitos-chave que convém ter presentes aquando da construção prática da narrativa.
Story, no que me toca, tem-me ajudado a concentrar com maior eficácia no conflito, levando-me a pensar em aspectos diferentes das personagens para além do jogo de espelhos e da referência sintática. No fundo, permite-me libertá-las sem que me fujam. A estrutura fica mais centrada nelas, mas McKee põe a ideia de conflito a servir a progressão narrativa na forma de insatisfação (intervalo objectivos-sucessos), o que ajuda o interesse e garante ritmo.
Portanto, forma narrativa, sim, mas sem preconceitos. McKee tem-me convencido. Quando chegar ao fim do livro, logo digo se o conseguiu sem reservas.
1 Comentários:
Excelente comentário.Ando querendo fazer o curso do Robert McKee, mas antes preciso aprender a ganhar dinheiro com roteiros e literatura...
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