o filme e a crítica
E, logo depois de falar em produto cultural, leio este post da Premiere onde é aflorada uma das questões que me parece mais premente na crítica cultural: o crítico é-o necessariamente e só da especialidade que critica? Explico-me. Sem querer fazer um comentário a Borat, parece-me mais ou menos consensual que, sendo ou não um grande filme, é sem dúvida um momento cultural marcante. Compreendo o argumento da impureza, de ser um produto marcadamente televisivo que, por acaso, passa no cinema, mas, ainda assim, considero que o crítico cinematográfico, sendo o "guardião" de uma linguagem específica, deve também procurar ser cuidadoso em perceber quando um filme procura situar-se mais longe dos outros filmes e mais perto de tudo o mais. Sacha Baron Cohen criou uma personagem que, em si mesma, é uma contradição: é homófobo, mas tem sexo com homens; desconfia das mulheres, mas atravessa os Estados Unidos por paixão a uma; vem dum país atrasado, mas vagueia num mundo novo; é malcriado, mas amigável; é malvado, mas, ao mesmo tempo, inocente.
Se o filme fosse apenas um veículo da imposição da personagem Borat à consciência colectiva, já seria muito, porque este tipo de personagem é necessário para nos questionarmos sobre nós mesmos. A prova, tive-a há dias, quando, na televisão interna do Metro, passou um dos sketches do filme. A meio, olhei à volta: toda a gente tinha os olhos no monitor, toda a gente tinha um sorriso na boca. Portanto, há aqui um valor. Um crítico tem de perceber qual é, olhá-lo de frente e explicá-lo. Por vezes, um filme mau pode ser um filme importante e foi por reconhecer isto mesmo que outrora dei cinco estrelas a A Paixão de Cristo.
Se o filme fosse apenas um veículo da imposição da personagem Borat à consciência colectiva, já seria muito, porque este tipo de personagem é necessário para nos questionarmos sobre nós mesmos. A prova, tive-a há dias, quando, na televisão interna do Metro, passou um dos sketches do filme. A meio, olhei à volta: toda a gente tinha os olhos no monitor, toda a gente tinha um sorriso na boca. Portanto, há aqui um valor. Um crítico tem de perceber qual é, olhá-lo de frente e explicá-lo. Por vezes, um filme mau pode ser um filme importante e foi por reconhecer isto mesmo que outrora dei cinco estrelas a A Paixão de Cristo.
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