Para além da dimensão judicial, o caso Casa Pia carrega em si uma afiada dimensão informativa que, parece-me, mostra um estádio final na afirmação de uma certa maneira de ser na comunicação social portuguesa que já se está a revelar desde o aparecimento do “Big Brother”. Se se quiser recuar ainda mais, podemos ver a sua ascendência na agressividade da informação da SIC dos primeiros anos.
O que acho revelador nestes novos tempos é o modo como certas figuras (Pedro Namora, Adelino Granja, os acusadores de cara mascarada nos telejornais da Tvi) são ouvidas para falar de um processo do qual não são figuras principais. Há alguns anos, ficaria confuso: Pedro Namora não é advogado no processo; não é juiz no processo; não é arguido no processo; não é testemunha no processo; quem é Pedro Namora? O que interessa de Pedro Namora, tal como aquilo que interessa das figuras dos reality shows, nasce e morre no mundo da Comunicolândia. Isto representa uma certa maturidade numa linguagem: a comunicação social deixa de se alimentar daquilo que é real, daquilo que acontece, para fazer depender o seu funcionamento de um fluido artificial que simula essa mesma realidade e que ela própria cria.
Ou seja, a informação, tal como a sociedade civil, evita os estorvos de uma alimentação natural fazendo passar como natural a mais facilmente conseguida alimentação artificial. Como em qualquer outra linguagem, ela ambiciona à criação, i.e., tem em si uma vocação artística que a emancipa e que, numa recta final, levará à autofagia.
O que acho revelador nestes novos tempos é o modo como certas figuras (Pedro Namora, Adelino Granja, os acusadores de cara mascarada nos telejornais da Tvi) são ouvidas para falar de um processo do qual não são figuras principais. Há alguns anos, ficaria confuso: Pedro Namora não é advogado no processo; não é juiz no processo; não é arguido no processo; não é testemunha no processo; quem é Pedro Namora? O que interessa de Pedro Namora, tal como aquilo que interessa das figuras dos reality shows, nasce e morre no mundo da Comunicolândia. Isto representa uma certa maturidade numa linguagem: a comunicação social deixa de se alimentar daquilo que é real, daquilo que acontece, para fazer depender o seu funcionamento de um fluido artificial que simula essa mesma realidade e que ela própria cria.
Ou seja, a informação, tal como a sociedade civil, evita os estorvos de uma alimentação natural fazendo passar como natural a mais facilmente conseguida alimentação artificial. Como em qualquer outra linguagem, ela ambiciona à criação, i.e., tem em si uma vocação artística que a emancipa e que, numa recta final, levará à autofagia.
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