blogs, expresso e paulo querido 2
Face à resposta pronta do Paulo Querido, contraponho o seguinte:
1- Nunca disse que o superlead do artigo sugeria o completo apagamento dos intelectuais da blogosfera portuguesa. O que me causou estranheza foi o facto de Paulo Querido justificar a diminuição da representação daqueles com o recuo dos blogs políticos face ao avanço dos "blogues de autor, com a edição de poesia ou ensaio", dos "espaços relacionados com a cultura, sobretudo cinema, e o futebol" e dos "blogues eróticos ou mesmo pornográficos". Não percebo - e continuo a não perceber, porque Paulo Querido não explicou - porque é que o recuo do "político" é o recuo do "intelectual". Afinal, poesia,ensaios e cultura soa-me a intelectual quanto baste. Além disso, os temas "futebol" e "sexo" não são incompatíveis com as ideias: o Futeblog Total e o xupacabras (ou o Fleshbot, para dar um exemplo não-nacional) provam-no. E se A Peste é um blog intelectual, como Paulo Querido afirma, tem de explicar, pela sua própria definição, porque o é, pois parece-me que já escrevi muito mais sobre os Morangos com Açúcar do que sobre o Governo Sócrates.
1.1- A citação que fiz da definição de "intelectual" servia para distinguir este termo de "político": não teci considerações sobre os leitores e o autor do Gatas QB, pois não me cabe fazê-las.
1.2- Paulo Querido não me teria desiludido mesmo que tivesse escrito algo que realmente me desiludisse: sendo blogger, faço uma pequena ideia do que se passa na blogosfera.
1.3- Nunca disse que gostava "que a blogosfera continuasse a dar ao público uma garbosa imagem da faixa intelectual do país", (eu acho que a continua a dar, pois não identifico "intelectual" com "político", e foram os blogs políticos que perderam visibilidade), nem que não considero "este fenómeno como benigno para a blogosfera (agora mais perto da vida no mundo dos átomos) e até libertador para os intelectuais dos blogues". Estas são afirmações de Paulo Querido, não minhas.
2- Quanto ao Blogómetro, obviamente não vou comentar. Eu disse que ele era "de" Paulo Querido por saber da sua ligação próxima ao projecto, mas não lhe vou atribuir autorias se ele assim não o deseja. Quanto à afirmação de que ele se tinha guiado pelo Blogómetro, pareceu-me razoável, uma vez que os resultados eram próximos daqueles apresentados por este e o artigo mencionava o Sitemeter, mas, se assim não foi, as minhas sinceras desculpas.
2.1- O Murcon foi apontado como exemplo de um blog popular que não entra na lista do Blogómetro porque o autor não o inscreveu, nada mais. Nunca disse que ele deveria ter sido mencionado no artigo. Por outro lado, Paulo Querido tem razão quando diz que ele não entraria no top 20 do Blogómetro: ficaria em 21º (pelo menos no momento em que escrevo - 549 visitas diárias, logo a seguir às 539 de O Vizinho). Ou seja, não só ficaria num lugar que não se pode deixar de considerar representativo, como se posicionaria quinze lugares à frente do blog luso supostamente mais lido, o Hollywood.
3- Paulo Querido diz que não emitiu opinião no artigo. Tudo bem. Mas o artigo tem um problema: gráficos, percentagens de audiências e uma aparência geral de avaliação quantitativa. Paulo Querido diz, no entanto, que o Sitemeter não lhe permite arriscar mais do que "conclusões gerais sobre tendências e posições relativas". Diz também que "as estatísticas no sítio (...) são mais fiáveis (...) que as estatísticas elaboradas remotamente". Não contesto. Mas o Hollywood, sendo Weblog.com.pt, tem essas estatísticas no sítio, ao contrário do Abrupto, da Grande Loja do Queijo Limiano, do GatasQB (que são Blogger) e do Poemas de amor e dor (que é Sapo). Ou seja: Paulo Querido elaborou um top 5 com base nos dados de um serviço que não lhe permite arriscar mais do que conclusões gerais, mas adiantou o nome do blog possivelmente mais lido na blogosfera portuguesa com base num serviço que, sendo mais fiável, apenas dá dados quanto a um dos vários tipos de conta existentes na blogosfera portuguesa.
Eu não ponho em causa o profissionalismo de Paulo Querido, seria incapaz de o fazer e, para ser sincero, o mero facto de ele afirmar que o Hollywood é o blog português mais lido leva-me a acreditar que assim seja. Mas acredito porque é ele que o diz e eu confio na sua observação e ponderação. Porém, o artigo que ele escreveu dá a entender algo mais: dá a entender que as certezas, não sendo absolutas, são sólidas o suficiente para serem contabilizadas, o que, na verdade, não é permitido com rigor pelos instrumentos disponíveis. Mesmo que não coubesse nas páginas do Expresso, a explicação foi valiosa: a partir de hoje, não confiarei em tops.
1- Nunca disse que o superlead do artigo sugeria o completo apagamento dos intelectuais da blogosfera portuguesa. O que me causou estranheza foi o facto de Paulo Querido justificar a diminuição da representação daqueles com o recuo dos blogs políticos face ao avanço dos "blogues de autor, com a edição de poesia ou ensaio", dos "espaços relacionados com a cultura, sobretudo cinema, e o futebol" e dos "blogues eróticos ou mesmo pornográficos". Não percebo - e continuo a não perceber, porque Paulo Querido não explicou - porque é que o recuo do "político" é o recuo do "intelectual". Afinal, poesia,ensaios e cultura soa-me a intelectual quanto baste. Além disso, os temas "futebol" e "sexo" não são incompatíveis com as ideias: o Futeblog Total e o xupacabras (ou o Fleshbot, para dar um exemplo não-nacional) provam-no. E se A Peste é um blog intelectual, como Paulo Querido afirma, tem de explicar, pela sua própria definição, porque o é, pois parece-me que já escrevi muito mais sobre os Morangos com Açúcar do que sobre o Governo Sócrates.
1.1- A citação que fiz da definição de "intelectual" servia para distinguir este termo de "político": não teci considerações sobre os leitores e o autor do Gatas QB, pois não me cabe fazê-las.
1.2- Paulo Querido não me teria desiludido mesmo que tivesse escrito algo que realmente me desiludisse: sendo blogger, faço uma pequena ideia do que se passa na blogosfera.
1.3- Nunca disse que gostava "que a blogosfera continuasse a dar ao público uma garbosa imagem da faixa intelectual do país", (eu acho que a continua a dar, pois não identifico "intelectual" com "político", e foram os blogs políticos que perderam visibilidade), nem que não considero "este fenómeno como benigno para a blogosfera (agora mais perto da vida no mundo dos átomos) e até libertador para os intelectuais dos blogues". Estas são afirmações de Paulo Querido, não minhas.
2- Quanto ao Blogómetro, obviamente não vou comentar. Eu disse que ele era "de" Paulo Querido por saber da sua ligação próxima ao projecto, mas não lhe vou atribuir autorias se ele assim não o deseja. Quanto à afirmação de que ele se tinha guiado pelo Blogómetro, pareceu-me razoável, uma vez que os resultados eram próximos daqueles apresentados por este e o artigo mencionava o Sitemeter, mas, se assim não foi, as minhas sinceras desculpas.
2.1- O Murcon foi apontado como exemplo de um blog popular que não entra na lista do Blogómetro porque o autor não o inscreveu, nada mais. Nunca disse que ele deveria ter sido mencionado no artigo. Por outro lado, Paulo Querido tem razão quando diz que ele não entraria no top 20 do Blogómetro: ficaria em 21º (pelo menos no momento em que escrevo - 549 visitas diárias, logo a seguir às 539 de O Vizinho). Ou seja, não só ficaria num lugar que não se pode deixar de considerar representativo, como se posicionaria quinze lugares à frente do blog luso supostamente mais lido, o Hollywood.
3- Paulo Querido diz que não emitiu opinião no artigo. Tudo bem. Mas o artigo tem um problema: gráficos, percentagens de audiências e uma aparência geral de avaliação quantitativa. Paulo Querido diz, no entanto, que o Sitemeter não lhe permite arriscar mais do que "conclusões gerais sobre tendências e posições relativas". Diz também que "as estatísticas no sítio (...) são mais fiáveis (...) que as estatísticas elaboradas remotamente". Não contesto. Mas o Hollywood, sendo Weblog.com.pt, tem essas estatísticas no sítio, ao contrário do Abrupto, da Grande Loja do Queijo Limiano, do GatasQB (que são Blogger) e do Poemas de amor e dor (que é Sapo). Ou seja: Paulo Querido elaborou um top 5 com base nos dados de um serviço que não lhe permite arriscar mais do que conclusões gerais, mas adiantou o nome do blog possivelmente mais lido na blogosfera portuguesa com base num serviço que, sendo mais fiável, apenas dá dados quanto a um dos vários tipos de conta existentes na blogosfera portuguesa.
Eu não ponho em causa o profissionalismo de Paulo Querido, seria incapaz de o fazer e, para ser sincero, o mero facto de ele afirmar que o Hollywood é o blog português mais lido leva-me a acreditar que assim seja. Mas acredito porque é ele que o diz e eu confio na sua observação e ponderação. Porém, o artigo que ele escreveu dá a entender algo mais: dá a entender que as certezas, não sendo absolutas, são sólidas o suficiente para serem contabilizadas, o que, na verdade, não é permitido com rigor pelos instrumentos disponíveis. Mesmo que não coubesse nas páginas do Expresso, a explicação foi valiosa: a partir de hoje, não confiarei em tops.
4 Comentários:
Caríssimo,
Já agora não se estão a esquecer que exitem cerca de 5.000 blogues na nossa blogosfera: http://blogsemportugues.blogs.sapo.pt/?
E que há mais blogues que cinema, futebol, erotismo, poesia? E que continuam a existir excelentes blogues políticos (como sempre existiram) para além desses umbiguistas (barnabé, abrupto, bloguítica, blogue de esquerda, causa nossa)?
E que a temá da blogosfera desde o início é tão vasta, p. ex. o meu blogue está cá desde Julho/2003 e, tem tratado sobretudo de direitos humanos,
música, questões internacionais, política internacional, questões jurídicas, médicas; e como o meu há dezenas, mas por não pertencer a essa intelectualidade que não tem acesso aos media, ou que os que já tinham aceesso aos media passaram a ter acesso privilegiado ao blogoespaço passaram a ser preteridos.
Afinal que democracia é esta? Voltámos a ter corporativismo.
Despeço-me cordialmente.
Um abraço
E esses são os mesmos temas sobre que eu tenho escrito. Mas para mim ser intelectual é diferente de falar de política ou de pertencer a grupos que "aparecem". Para mim, um intelectual é alguém que pensa sobre temas e expõe (e, preferencialmente, discute) os seus raciocínios. Como eu e como tu. É o que gostamos de fazer, não é nada que tenhamos escolhido e, por isso, para mim "intelectual" não é palavrão nem excusividade de quem tem blogs políticos. E os temas de que falei não pretendem excluir outros, apenas os mencionei porque eram os que o Paulo Querido enumerava no seu artigo e não entendia porque não podiam ser tratados por uma "faixa intelectual".
Caríssimo Jorge,
não critiquei o seu texto, muito menos o do Paulo Querido, até o defendi em vários blogues, inclusivé no dele.
Entenda isso mais como um desabafo quasi
colectivo, que afinal ambos partilhamos.
Um abraço.
Compreendido, JP. Só era preciso esclarecer bem as coisas, não para ti, mas para todos os outros que lêem.
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