o que é um blog 2
O João Pedro Pereira e eu começamos a pisar território comum. Porém, parece-me que ainda cabe fazer algumas ressalvas:
- o elemento de "frequência" continua a incomodar-me. Acho-o supérfluo, principalmente tendo em conta que nada tenho contra a vocação para a actualização do conteúdo ser elemento definidor do blog. Mas tomemos como exemplo o The Lonely Fork In the Road. Este blog foi actualizado em 27 e 28 de Junho e em 6 e 8 de Agosto. Não podemos, de todo, dizer que há frequência na actualização do seu conteúdo. Poderíamos sempre perguntar: mas será que, ainda que não a havendo, essa frequência seria no entanto pressuposta no tipo de site em causa? Eu acho que não. Olho para o The Lonely Fork In The Road e não consigo deixar de incluí-lo numa possível noção de blog, até porque, mesmo com a rarificação de posts, a actualização mantém-se como uma possiblidade em aberto, tal como se mantém em qualquer blog que, mesmo tendo fechado as portas, não desapareça do ciberespaço (o Barnabé é um bom exemplo).
- além do mais, acho que a noção de "frequência" dada pelo João Pedro Pereira é profundamente infeliz e creio que ele próprio não teve uma noção clara daquilo que escreveu. A actualização é frequente quando o blog é "actualizado o suficiente para motivar visitas recorrentes, para além daquelas que surgem por pesquisas avulsas em motores de busca"? É isto "frequência"? Um site em forma de blog criado sem qualquer intuito de visitas para além das do autor não é, portanto, um blog. Vou dar um exemplo. Eu tenho um espaço criado no Blogger onde coloco textos encontrados na Internet e que pretendo guardar numa morada única. Ninguém pode aceder a ele, a não ser que lá chegue direccionado por um motor de busca, e isto pela simples razão que só eu conheço o url. Por outro lado, a regularidade com que eu próprio o visito varia, não com a suficiência com que o actualizo, mas com a necessidade de consultar os textos que factores externos (de trabalho, de estudo...) me impõem. No entanto, a ligação entre o conteúdo e o tempo regula-se nele da mesma maneira do que em qualquer blog e ele não deve ficar de fora de uma possível definição. Assim, não concordo nem com o elemento de "frequência" usado na definição nem com o significado com que o João Pedro Pereira o usa.
- é curioso que o João Pedro Pereira diga "não recuso a importância da ordem cronológica inversa" quando no dia anterior dizia "se o Engrenagem estivesse ordenado por ordem cronológica de criação dos posts (como o script que aqui uso permite) duvido que alguém o deixasse de considerar um blog". Porém, aceito a formulação da Wikipedia.
- decerto, o espírito jornalístico e prático do João Pedro Pereira levou-o a confundir com "efeméride" a "actualidade efémera do pensamento" de que falo no meu post anterior. Explico: não me refiro ao relato de factos menores ou da chamada "história menor", mas à circunstância de os blogs servirem a fixação de um pensamento que é, em si mesmo (e independentemente daquilo a que se refere), efémero. Por outro lado, a interpretação do seu significado, a partir do momento em que é fixado, identificado no tempo, ultrapassa o pensamento considerado isoladamente e abarca também a oportunidade dessa mesma fixação. Não se trata então de intimidade, mas, sim, da imediaticidade da relação blogger/blog, que é notória mesmo em metablogs como o Metafilter.
- parece-me que a questão não deve ser a da possibilidade de alguém pensar "vou colocar este texto a negrito para que este seja o primeiro post a ser lido quando as pessoas visitarem o meu blog", mas a de "se colocar este texto a negrito para que seja o primeiro post a ser lido quando as pessoas visitarem o meu blog, este deixa de ser um blog?". Porque o que estamos a fazer aqui é procurar elementos definidores do que é ser blog, acho que a solução para este elemento deveria ser um "normally" semelhante à da ordem cronológica inversa...
Admito que a minha noção de efemeridade do conteúdo do blog seja pessoal demais e coloque problemas práticos na classificação de alguns sites. Por isso mesmo é que não a incluí na noção final de blog que apresentei. Aliás, desafio o João Pedro Pereira a confrontar com essa noção os blogs que menciona no seu post ("E quanto aos casos dos blogs profissionais, em que os textos podem até passar por editores, à semelhança do que acontece noutro tipo de publicações? E naqueles blogs (e muitas ferramentes permitem-no) com posts automatizados, programados para serem publicados à hora X? E no caso das fotografias, em que a efemeridade é captada no momento do "click" e só depois (quanto tempo depois?) é posta no blog, onde essa efemeridade já cristalizada é então dada a conhecer?"). Todos cabem nela, e as variações possíveis (ordem cronológica normal, hierarquização gráfica) também. Por isso, alargo o desafio: gostaria que me fosse apontado um site não-blog a que a definição possa ser aplicada. Parece-me a condição mais adequada para rever a reflexão como correu até aqui.
- o elemento de "frequência" continua a incomodar-me. Acho-o supérfluo, principalmente tendo em conta que nada tenho contra a vocação para a actualização do conteúdo ser elemento definidor do blog. Mas tomemos como exemplo o The Lonely Fork In the Road. Este blog foi actualizado em 27 e 28 de Junho e em 6 e 8 de Agosto. Não podemos, de todo, dizer que há frequência na actualização do seu conteúdo. Poderíamos sempre perguntar: mas será que, ainda que não a havendo, essa frequência seria no entanto pressuposta no tipo de site em causa? Eu acho que não. Olho para o The Lonely Fork In The Road e não consigo deixar de incluí-lo numa possível noção de blog, até porque, mesmo com a rarificação de posts, a actualização mantém-se como uma possiblidade em aberto, tal como se mantém em qualquer blog que, mesmo tendo fechado as portas, não desapareça do ciberespaço (o Barnabé é um bom exemplo).
- além do mais, acho que a noção de "frequência" dada pelo João Pedro Pereira é profundamente infeliz e creio que ele próprio não teve uma noção clara daquilo que escreveu. A actualização é frequente quando o blog é "actualizado o suficiente para motivar visitas recorrentes, para além daquelas que surgem por pesquisas avulsas em motores de busca"? É isto "frequência"? Um site em forma de blog criado sem qualquer intuito de visitas para além das do autor não é, portanto, um blog. Vou dar um exemplo. Eu tenho um espaço criado no Blogger onde coloco textos encontrados na Internet e que pretendo guardar numa morada única. Ninguém pode aceder a ele, a não ser que lá chegue direccionado por um motor de busca, e isto pela simples razão que só eu conheço o url. Por outro lado, a regularidade com que eu próprio o visito varia, não com a suficiência com que o actualizo, mas com a necessidade de consultar os textos que factores externos (de trabalho, de estudo...) me impõem. No entanto, a ligação entre o conteúdo e o tempo regula-se nele da mesma maneira do que em qualquer blog e ele não deve ficar de fora de uma possível definição. Assim, não concordo nem com o elemento de "frequência" usado na definição nem com o significado com que o João Pedro Pereira o usa.
- é curioso que o João Pedro Pereira diga "não recuso a importância da ordem cronológica inversa" quando no dia anterior dizia "se o Engrenagem estivesse ordenado por ordem cronológica de criação dos posts (como o script que aqui uso permite) duvido que alguém o deixasse de considerar um blog". Porém, aceito a formulação da Wikipedia.
- decerto, o espírito jornalístico e prático do João Pedro Pereira levou-o a confundir com "efeméride" a "actualidade efémera do pensamento" de que falo no meu post anterior. Explico: não me refiro ao relato de factos menores ou da chamada "história menor", mas à circunstância de os blogs servirem a fixação de um pensamento que é, em si mesmo (e independentemente daquilo a que se refere), efémero. Por outro lado, a interpretação do seu significado, a partir do momento em que é fixado, identificado no tempo, ultrapassa o pensamento considerado isoladamente e abarca também a oportunidade dessa mesma fixação. Não se trata então de intimidade, mas, sim, da imediaticidade da relação blogger/blog, que é notória mesmo em metablogs como o Metafilter.
- parece-me que a questão não deve ser a da possibilidade de alguém pensar "vou colocar este texto a negrito para que este seja o primeiro post a ser lido quando as pessoas visitarem o meu blog", mas a de "se colocar este texto a negrito para que seja o primeiro post a ser lido quando as pessoas visitarem o meu blog, este deixa de ser um blog?". Porque o que estamos a fazer aqui é procurar elementos definidores do que é ser blog, acho que a solução para este elemento deveria ser um "normally" semelhante à da ordem cronológica inversa...
Admito que a minha noção de efemeridade do conteúdo do blog seja pessoal demais e coloque problemas práticos na classificação de alguns sites. Por isso mesmo é que não a incluí na noção final de blog que apresentei. Aliás, desafio o João Pedro Pereira a confrontar com essa noção os blogs que menciona no seu post ("E quanto aos casos dos blogs profissionais, em que os textos podem até passar por editores, à semelhança do que acontece noutro tipo de publicações? E naqueles blogs (e muitas ferramentes permitem-no) com posts automatizados, programados para serem publicados à hora X? E no caso das fotografias, em que a efemeridade é captada no momento do "click" e só depois (quanto tempo depois?) é posta no blog, onde essa efemeridade já cristalizada é então dada a conhecer?"). Todos cabem nela, e as variações possíveis (ordem cronológica normal, hierarquização gráfica) também. Por isso, alargo o desafio: gostaria que me fosse apontado um site não-blog a que a definição possa ser aplicada. Parece-me a condição mais adequada para rever a reflexão como correu até aqui.
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