o que é um blog
O João Pedro Pereira do Engrenagem retoma uma discussão que ainda não perdeu actualidade. Cabe fazer algumas observações.
Primeiro, a própria concepção de blog para Rebecca Blood, que ele cita, é demasiado discutível (inclui a necessidade de uma barra lateral, distingue weblog de diários pessoais e de filtros noticiosos e implica uma concepção curiosa do autor e da sua implicação no conteúdo – leia-se o livro da autora). Depois, não concordo inteiramente com a definição de weblog avançada:
- ”um tipo de site”: nada a apontar;
- “estruturado em torno do conteúdo de actualização frequente”: discordo. Um blog morto não deixa de ser um blog. Desafio alguém a viajar por um, como, por exemplo, o Barnabé. Não reconhecemos lá todos os elementos que nos fazem dizer “isto é um blog?”, mesmo que no presente não haja qualquer intuito de “actualização frequente”? Eu acho que sim. Além do mais, a noção de “frequente” não é clara: falamos de dias?, meses?, anos?...
- “ordenado por ordem cronológica inversa”: não entendo a inclusão deste elemento, até porque o próprio João Pedro Pereira o recusa quando afirma “se o Engrenagem estivesse ordenado por ordem cronológica de criação dos posts (como o script que aqui uso permite) duvido que alguém o deixasse de considerar um blog”;
- “sem elementos gráficos de hierarquização”: se falamos de soluções gráficas para relevar a importância de determinados elementos relativamente a outros, discordo – o que são afinal os títulos, os itálicos, os negritos?
- ”acessível em grande parte sem necessidade de clique”: claramente o João Pedro Pereira não visita blogs de fotografia como este. Se visita, ou se esqueceu dele quando construía a sua definição, ou não o considera um blog.
Conclusões? Devo confessar que este é dos temas que mais me fascina na blogosfera, mesmo que a ele pouco mais tenha dedicado do que estas linhas. Para mim, um blog identifica-se, antes de quaisquer elementos materiais, na sua relação com o tempo: o blog fixa a actualidade efémera do pensamento (artístico, crítico, íntimo…) na perenidade abstracta da Internet e, mais do que isso, fixa no tempo essa actualidade, defendendo-a de todo o outro tempo que há-de vir. Assim, concordo com a dimensão da actualização, mas não exactamente como é apresentada pelo João Pedro Pereira. A “estruturado em torno do conteúdo de actualização frequente” prefiro ”estruturado em torno de uma actualização temporal linear” - no blog, há um antes e um depois, estejam eles no início ou no fim. Digam-me onde estão o “antes” e o “depois” no IMDB, por exemplo. Não existem. Não quero dizer que o IMDB não tenha tido uma evolução perceptível ao longo do tempo, mas só que ele não foi construído com base nessa continuação temporal. Ou seja, quando vou ler o artigo sobre Alfred Hitchcock no IMDB, o momento em que o artigo foi escrito não me diz nada; mas quando leio este post de Pacheco Pereira, leio algo, não só sobre o autor, os seus gostos e o seu blog, mas também sobre todo o contexto em que foi escrito. Penso: porque é que isto foi escrito por esta pessoa neste momento? O blog regista uma continuidade, é depósito da mesma, quer sirva de diário íntimo, quer sirva de “jornal de parede”, como o Metafilter.
Assim, e porque, dada a multiplicidade de blogs que já vi, me recuso a deixar qualquer um deles de fora de uma definição devido a aspectos marginais, a minha noção de blog é, muito simplesmente: site com inclusões de conteúdo estruturadas com base numa actualização temporal linear definida por um “antes” e um “depois”.
Primeiro, a própria concepção de blog para Rebecca Blood, que ele cita, é demasiado discutível (inclui a necessidade de uma barra lateral, distingue weblog de diários pessoais e de filtros noticiosos e implica uma concepção curiosa do autor e da sua implicação no conteúdo – leia-se o livro da autora). Depois, não concordo inteiramente com a definição de weblog avançada:
- ”um tipo de site”: nada a apontar;
- “estruturado em torno do conteúdo de actualização frequente”: discordo. Um blog morto não deixa de ser um blog. Desafio alguém a viajar por um, como, por exemplo, o Barnabé. Não reconhecemos lá todos os elementos que nos fazem dizer “isto é um blog?”, mesmo que no presente não haja qualquer intuito de “actualização frequente”? Eu acho que sim. Além do mais, a noção de “frequente” não é clara: falamos de dias?, meses?, anos?...
- “ordenado por ordem cronológica inversa”: não entendo a inclusão deste elemento, até porque o próprio João Pedro Pereira o recusa quando afirma “se o Engrenagem estivesse ordenado por ordem cronológica de criação dos posts (como o script que aqui uso permite) duvido que alguém o deixasse de considerar um blog”;
- “sem elementos gráficos de hierarquização”: se falamos de soluções gráficas para relevar a importância de determinados elementos relativamente a outros, discordo – o que são afinal os títulos, os itálicos, os negritos?
- ”acessível em grande parte sem necessidade de clique”: claramente o João Pedro Pereira não visita blogs de fotografia como este. Se visita, ou se esqueceu dele quando construía a sua definição, ou não o considera um blog.
Conclusões? Devo confessar que este é dos temas que mais me fascina na blogosfera, mesmo que a ele pouco mais tenha dedicado do que estas linhas. Para mim, um blog identifica-se, antes de quaisquer elementos materiais, na sua relação com o tempo: o blog fixa a actualidade efémera do pensamento (artístico, crítico, íntimo…) na perenidade abstracta da Internet e, mais do que isso, fixa no tempo essa actualidade, defendendo-a de todo o outro tempo que há-de vir. Assim, concordo com a dimensão da actualização, mas não exactamente como é apresentada pelo João Pedro Pereira. A “estruturado em torno do conteúdo de actualização frequente” prefiro ”estruturado em torno de uma actualização temporal linear” - no blog, há um antes e um depois, estejam eles no início ou no fim. Digam-me onde estão o “antes” e o “depois” no IMDB, por exemplo. Não existem. Não quero dizer que o IMDB não tenha tido uma evolução perceptível ao longo do tempo, mas só que ele não foi construído com base nessa continuação temporal. Ou seja, quando vou ler o artigo sobre Alfred Hitchcock no IMDB, o momento em que o artigo foi escrito não me diz nada; mas quando leio este post de Pacheco Pereira, leio algo, não só sobre o autor, os seus gostos e o seu blog, mas também sobre todo o contexto em que foi escrito. Penso: porque é que isto foi escrito por esta pessoa neste momento? O blog regista uma continuidade, é depósito da mesma, quer sirva de diário íntimo, quer sirva de “jornal de parede”, como o Metafilter.
Assim, e porque, dada a multiplicidade de blogs que já vi, me recuso a deixar qualquer um deles de fora de uma definição devido a aspectos marginais, a minha noção de blog é, muito simplesmente: site com inclusões de conteúdo estruturadas com base numa actualização temporal linear definida por um “antes” e um “depois”.
1 Comentários:
Depois do meu post de ontem, o JVN teceu algumas críticas interessantes. Uma delas fez-me cortar parte da minha definição, das outras discordo. Passo a explicar:
(...)
Deixo o link, porque me pareceu demasiado extenso para colocar aqui.
http://www.jppereira.com/engrenagem/index.php?op=ViewArticle&articleId=288&blogId=1
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