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katrina

No final descobrimos que nem tecnologia, nem engenharia, nem economia, nem artilharia, nem ideologia nos podem salvar.
Andei a reler os posts deste blog com um intuito: queria saber se tinha escrito alguma coisa sobre o tsunami no Índico quando este ocorreu. Como pensava, não escrevi nada, e lembro-me do porquê: na altura, estava demasiado perplexo pela intensidade do que via para poder exprimir qualquer ideia que fosse para além dessa mesma surpresa.

Mas o desastre que o Katrina está a provocar nos EUA tem algo mais. Primeiro, destruir Nova Orleães é também acabar com toda uma memória cultural (o nascimento do jazz) que hoje é comum a todo o mundo. Não afirmo que isto seja o mais importante, não sou nenhum maluco, mas sinto que, juntamente com tudo o que há de essencialmente humano no desastre (alimentação, habitação, saúde, os familiares em perigo, todas as situações-limite físicas e emocionais), há um património que se destrói, e esse património também é meu.

Por outro lado, e mais importante, o desamparo das populações durante estes dias (só hoje é que a ajuda do Governo Federal chegou à cidade) mostra que o Primeiro Mundo americano só funciona quando tudo está bem, porque, quando as coisas correm mal, é preciso andar a discutir quem é que tem a culpa e quem é que tem de ajudar primeiro. Foi dito, aliás, o mesmo do Estado-Providência. Afinal, talvez agir em prol dos outros seja uma incapacidade comum a toda a gente. Ou talvez Kanye West tenha razão e o W. não queira saber dos negros, não sei. O assunto está a ser debatido em profusão na blogosfera, mas a minha mãe não deixou de ficar chocada quando lhe disse que havia gente a morrer enquanto outros discutiam se há trezentos anos meia dúzia de sujeitos disseram ou não se se devia ajudar quem precisa. É certo que não devemos ilibar de culpas o governo estadual do Louisiana se as teve, mas porque é que o governo central dos EUA, que sempre desgostou tanto de conversas e de discutir o Direito antes de declarar guerras no exterior, não se calou mais cedo e enviou as tropas federais para o terreno?

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