porque é que eu não votarei em cavaco silva
Não sou dado a partidarismos, nem vejo o mundo como um bolo partido em fatias de grupos. Que partidos apoiarão Soares, que partidos apoiarão Cavaco, que Esquerda contra que Direita, nada disso me importa. As pessoas têm a memória curta. E eu podia ter só quinze anos quando Guterres rendeu Cavaco, mas lembro-me de como a sucessão foi sentida: como uma mordaça que se soltou, como um peso tirado de cima dos ombros. Foi com Cavaco que eu vi cargas policiais sistemáticas a manifestações pacíficas, foi com Cavaco que eu vi um governo a definir para o futuro o que é feder a arrogância de maioria absoluta, foi com Cavaco que eu vi a cultura a ser presa num colete de forças chamado património.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que agora o que importa é a Economia, não a Política, como antigamente, e que nós precisamos é de um presidente que perceba de Economia. Gostava de saber o que vai fazer Cavaco com a sua Economia quando se sentar numa cadeira do Palácio de Belém e tiver de decidir sobre vetar ou não o diploma legal sobre a interrupção voluntária da gravidez. Quem tem de saber de Economia é o Ministro da Economia, o das Finanças, o Governador do Banco de Portugal, o Primeiro-Ministro. Um Presidente só precisa de saber de Economia tanto como precisa de saber de tudo o mais, porque o que o Presidente faz é fazer cumprir a Constituição e, com a ajuda do seu Conselho, interpretar o funcionamento do Estado (a, tão falada há uns meses, "garantia do regular funcionamento das instituições democráticas" - para quem quiser, o art. 120º e seguintes da Constituição).
E como representará Cavaco este papel? Todos lhe reconhecem a competência técnica, mas, aqui, não é o que mais importa. Cavaco será um técnico competente a desempenhar um cargo em que o que mais importa é seguramente a sua sensibilidade política, e essa é autoritária. É possível que Cavaco tenha mudado, mas eu não acredito. E, mesmo que acreditasse, por tudo aquilo que Cavaco fez, por tudo o que deixou de fazer e pelo seu comportamento enquanto o fez, só poderia chegar a uma conclusão: Cavaco Silva não merece ser Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que agora o que importa é a Economia, não a Política, como antigamente, e que nós precisamos é de um presidente que perceba de Economia. Gostava de saber o que vai fazer Cavaco com a sua Economia quando se sentar numa cadeira do Palácio de Belém e tiver de decidir sobre vetar ou não o diploma legal sobre a interrupção voluntária da gravidez. Quem tem de saber de Economia é o Ministro da Economia, o das Finanças, o Governador do Banco de Portugal, o Primeiro-Ministro. Um Presidente só precisa de saber de Economia tanto como precisa de saber de tudo o mais, porque o que o Presidente faz é fazer cumprir a Constituição e, com a ajuda do seu Conselho, interpretar o funcionamento do Estado (a, tão falada há uns meses, "garantia do regular funcionamento das instituições democráticas" - para quem quiser, o art. 120º e seguintes da Constituição).
E como representará Cavaco este papel? Todos lhe reconhecem a competência técnica, mas, aqui, não é o que mais importa. Cavaco será um técnico competente a desempenhar um cargo em que o que mais importa é seguramente a sua sensibilidade política, e essa é autoritária. É possível que Cavaco tenha mudado, mas eu não acredito. E, mesmo que acreditasse, por tudo aquilo que Cavaco fez, por tudo o que deixou de fazer e pelo seu comportamento enquanto o fez, só poderia chegar a uma conclusão: Cavaco Silva não merece ser Presidente da República.
8 Comentários:
Não poderia estar mais de acordo contigo.
Os Governos de Cavaco, principalmente os de maioria, foram uma autêntica DITADURA, pois o Senhor arrogante, arrogava-se detentor da verdade e queria, exigia que todos o seguissem, pois nunca se enganava.
ANOS HORRIBILES estes, não querendo eu nunca mais ver semelhante pessoa no meu Horizonte Visual e Auditivo.
encontrei aqui sintetizados e bem descritos alguns dos motivos que me levam a recusar um voto em Cavaco, a não me congratular com a candidatura de Soares e a lamentar a desistência de Alegre...
Cavaco, talvez pelo demasiado tempo que esteve à frente do governo (mas não só, evidentemente...), foi o político que mais me marcou pela negativa.Eu tinha-lhe tal asco (a palavra é feia mas "saíu-me") que nunca mais esqueço a cena dele a babar-se também de bolo-rei, na rua, enquanto (não)falava para os jornalistas, em tempo de campanha...
Ainda hoje vejo alguns murais, aqui e ali, género "Cavaco, rua!".
Foi o político que mais murais mereceu, mesmo no "pacato" norte de Portugal, por exemplo P. de Lima!
Da mesma maneira se pode apontar a Cavaco os erros e postura durante a sua governação, pode-se-lhe atribuir o mérito de ter sido o melhor primeiro ministro até a data, após o 25 de Abril. Só erra quem lá está. Sinceramente prefiro alguém arrogante mas íntegro, do que um bom jogador político que em Portugal tanto se valoriza. Infelizmente os que nada fazem além de agradar aos compinchas e não chocar com os interesses instalados, são mais valorizados por alguma classe intelectual deste país.
Até concordo que não basta perceber de economia. Mas Cavaco também já se mostrou atento à situação política por várias vezes. Um dos episódios mais recentes, a título de exemplo, foi o grito de alerta que deu a Sampaio para correr com Santana.
E o Soares merece (merecia)?
Acho estranho o medo que as pessoas têm do Cavaco, como se uma nova ditadura aí viesse, como se não houvesse salvaguarda da constituição e das instituições! Preocupa-me mais que o partido que está no governo apoie um candidato velho, que já foi presidente por 10 anos, só para ter alguma hipótese de ganhar uma eleição, do que o Cavaco Silva, idolatrado ou odiado, chegue a presidente.
Bastam dois tópicos: a idade de reforma e as voltas ao mundo dadas por Soares...
Se esse medo existe, o culpado é o próprio Cavaco, mais ninguém. E Soares não é o meu candidato ideal, mas preferirei sempre a sua velhice à veia autoritária de meia-idade de Cavaco.
Hoje, dia 21 de Outubro, ouvi um sujeito a dizer que o Cavaco era o rosto do salazarismo em Portugal após o 25 de Abril.
Bolas, tenho que concoprdar com ele!
Cavaco Silva? esse bastião de honestidade, sentou em 92/93 o genro na presidência da Rádio Comercial, ex-Rádio Clube Português, a única Rádio que foi nacionalizada em Portugal, e fê-lo, assim que soube que a família antiga proprietária e accionista se preparava para a adquirir por OPV. Mais, arranjou um testa de ferro, o empresário Carlos Barbosa,"amigo" da familia, (como se Carlos Barbosa pudesse ser amigo de alguém) que por motivos de "gratidão" ao velho patriarca da dita família, se ofereceu para entrar com a mesma na operação. No dia da OPV, Carlos Barbosa, anuncia que se candidata "só", e depois de conhecer todos os meandrosda operação e do crédito que a Banca concederia à familia ex-proprietária e a ele próprio, para a realização da operação. Apesar de em 19 anos o Rádio Clube Português, ter sido totalmente delapidado, expoliado e roubado, pelas diversas administrações públicas, o limite d familia com Carlos Barbosa, era de 1 milhão de contos para a aquisição. No dia da OPV, Carlos Barbosa entra sózinho, e compra por 1 milhão e 200 mil contos. Nomes como, António Marta que informou Cavaco Silva do interesse da família em recuperar a Rádio, e Oliveira e Costa, que no BNU, preparou o crédito, constam nesta história. Poucos anos depois, os convenientes e legais, para que pudesse ser "revendida", Carlos Barbosa,vende a Rádio Comercial, ex- rádio Clube Portugês. A QUEM? é uma Sociedade anónima, mas o genro de Cavaco continua lá sentado na presidência, e isto diz TUDO, tendo-se apropriado da obra valiosa de alguém que a havia pensado para dar um "complemento" monetário a pequenos accionistas.
É bom ter "Pápás" no poder, mais a mais quando todos os julgam "inquestionáveis". Aliás o sr. cavaco, afirma que isto ou aquilo "é verdade" porque "ele o diz", e pronto, está resolvido. O resto desta história é muito triste, porque o que cavaco fez depois, a um membro da família proprietária, temendo que se tornasse público o "embuste", são factos que um dia virão a lume. Terá que ser feito, o povo não pode deixar de conhecer quem é esta criatura.
C.A.Dias
Enviar um comentário
<< Home