a liberdade de expressão 4
Para acabar com a conversa dos cartoons neste blog:
- Considero que o Jyllands-Posten, ao publicar os cartoons de Maomé para "testar as fronteiras da liberdade de expressão no islão", tomou uma atitude insensata, de puro sensacionalismo e que, numa sociedade que se quer tão tolerante como livre, deve ser vista como expressão de brutíssima bronquice.
- Considero que o facto de o jornal ter salientado em editorial o facto de a figura representada ser Maomé (com a consciência do dogma islâmico da proibição da representação deste) e que a sua atitude em encomendar cartoons ofensivos são muito pouco defensáveis, pois esgotam-se na mera ofensa.
- Considero que a destruição de propriedade privada e de instalações admnistrativas de países estrangeiros é justificável em casos de extrema opressão, mas nunca em abstracto.
- De nenhum modo se pode considerar que, na sequência deste caso, tenha ocorrido uma extrema opressão daqueles que destruíram embaixadas estrangeiras e outra propriedade privada e coagiram, física ou moralmente, terceiros em reacção à publicação dos cartoons. Essas destruições e coacções devem ser vistas como expressão de brutíssima bronquice.
- A incapacidade de distinguir entre uma publicação intencionalmente ofensiva e uma publicação meramente informativa dos cartoons deve ser vista como expressão de brutíssima bronquice.
- Seja como for, é necessário questionar aquilo que nos é mostrado (numa reportagem da RTP sobre manifestações da comunidade muçulmana em Moçambique, vi queima de papéis, berreiro e uma série de actos de espectáculo semelhantes, mas houve mais agressão quando, há dias, o Telejornal passou uma peça sobre os reembolsos aos comerciantes da extinta Feira Popular).
- Quando os ânimos estão exaltados, a expressão livre tem de lutar tanto contra quem não a quer como contra quem a esbanja. Eu tento ser sério e expresso-me livremente. Tenho menos a perder com quem se expressa livremente e não é sério do que com quem não quer que eu me expresse livremente, é verdade, mas também tenho a perder com o primeiro, porque a sua acção aumentará a dúvida sobre a seriedade da minha liberdade de expressão, desse modo diminuindo-a.
- A defesa duma restrição legal da liberdade de expressão deve ser vista como expressão de brutíssima bronquice.
- Sobre o bom senso: há dias, via o Prós e Contras sobre o assunto, Vasco Rato teimava com Ângelo Correia e eu pensava "e se Ângelo Correia se levantasse neste preciso momento, atravessasse o cenário e, para surpresa de Vasco Rato, se sentasse na mesa deste, apoiando os pés na sua cadeira?". Há algo na lei que o proíba? Nem por isso. Não ofenderia gravemente Vasco Rato, poderia até nem sequer tocar-lhe. Ângelo Correia tinha, enfim, essa liberdade. Mas, se o móbil dessa atitude fosse testar as fronteiras da liberdade de movimento de Vasco Rato, seria sensato? Não me parece.
- Utilizar o bom senso para justificar o abafamento de coisas que devem ser ditas deve ser visto como expressão de brutíssima bronquice.
- Os cartoons não ultrapassam um limite da liberdade de expressão (e, por isso mesmo, não adianta de nada estar a centrar a discussão nela neste ponto concreto) - simplesmente, falham o alvo que se propuseram ("testar..", etc, etc). Ou, então, acertam-no em cheio e isso torna-os meio perfeito para a expressão de brutíssima bronquice.
- Considero que o Jyllands-Posten, ao publicar os cartoons de Maomé para "testar as fronteiras da liberdade de expressão no islão", tomou uma atitude insensata, de puro sensacionalismo e que, numa sociedade que se quer tão tolerante como livre, deve ser vista como expressão de brutíssima bronquice.
- Considero que o facto de o jornal ter salientado em editorial o facto de a figura representada ser Maomé (com a consciência do dogma islâmico da proibição da representação deste) e que a sua atitude em encomendar cartoons ofensivos são muito pouco defensáveis, pois esgotam-se na mera ofensa.
- Considero que a destruição de propriedade privada e de instalações admnistrativas de países estrangeiros é justificável em casos de extrema opressão, mas nunca em abstracto.
- De nenhum modo se pode considerar que, na sequência deste caso, tenha ocorrido uma extrema opressão daqueles que destruíram embaixadas estrangeiras e outra propriedade privada e coagiram, física ou moralmente, terceiros em reacção à publicação dos cartoons. Essas destruições e coacções devem ser vistas como expressão de brutíssima bronquice.
- A incapacidade de distinguir entre uma publicação intencionalmente ofensiva e uma publicação meramente informativa dos cartoons deve ser vista como expressão de brutíssima bronquice.
- Seja como for, é necessário questionar aquilo que nos é mostrado (numa reportagem da RTP sobre manifestações da comunidade muçulmana em Moçambique, vi queima de papéis, berreiro e uma série de actos de espectáculo semelhantes, mas houve mais agressão quando, há dias, o Telejornal passou uma peça sobre os reembolsos aos comerciantes da extinta Feira Popular).
- Quando os ânimos estão exaltados, a expressão livre tem de lutar tanto contra quem não a quer como contra quem a esbanja. Eu tento ser sério e expresso-me livremente. Tenho menos a perder com quem se expressa livremente e não é sério do que com quem não quer que eu me expresse livremente, é verdade, mas também tenho a perder com o primeiro, porque a sua acção aumentará a dúvida sobre a seriedade da minha liberdade de expressão, desse modo diminuindo-a.
- A defesa duma restrição legal da liberdade de expressão deve ser vista como expressão de brutíssima bronquice.
- Sobre o bom senso: há dias, via o Prós e Contras sobre o assunto, Vasco Rato teimava com Ângelo Correia e eu pensava "e se Ângelo Correia se levantasse neste preciso momento, atravessasse o cenário e, para surpresa de Vasco Rato, se sentasse na mesa deste, apoiando os pés na sua cadeira?". Há algo na lei que o proíba? Nem por isso. Não ofenderia gravemente Vasco Rato, poderia até nem sequer tocar-lhe. Ângelo Correia tinha, enfim, essa liberdade. Mas, se o móbil dessa atitude fosse testar as fronteiras da liberdade de movimento de Vasco Rato, seria sensato? Não me parece.
- Utilizar o bom senso para justificar o abafamento de coisas que devem ser ditas deve ser visto como expressão de brutíssima bronquice.
- Os cartoons não ultrapassam um limite da liberdade de expressão (e, por isso mesmo, não adianta de nada estar a centrar a discussão nela neste ponto concreto) - simplesmente, falham o alvo que se propuseram ("testar..", etc, etc). Ou, então, acertam-no em cheio e isso torna-os meio perfeito para a expressão de brutíssima bronquice.
3 Comentários:
Meu caro,não me parece que o seu artigo possa esclarecer coisa alguma.O seu bom-senso pode ser diferente se fôr eu a utilizá-lo.O que me parece é que nisto surgem várias questões:as caricaturas,o direito à sua publicação e gostar ou não de muçulmanos.
Devo desde já dizer-lhe que qualquer muçulmano que se preze é capaz de morrer pelo profeta.Dizer isto não é não gostar deles,eles é que não gostam muito de mim.Não me conhecem e já me odeiam.Odeiam me mais agora por eu ser da Europa onde foram publicadas as caricaturas do seu profeta.Parece me que o melhor é odiar sem grandes motivos.Como viver com bom senso com um povo fanático por uma religião que proibe os desenhos e prega a nossa extinção?Sim,um dia acontecerá mas não por causa do mau-humor.O que será pior que as caricaturas,as imagens de assassino que corta a garganta da sua vitima na frente de uma câmara ligada,um suicida que acaba com a sua vida no meio de um casamento?E as dezenas de igrejas e mosteiros ortodoxos sérvios que foram destruidos pela fúria islâmica no Kosovo?Que tipo de sentimento religioso é esse que quer ver morto o irreverente por não ser igual a eles?Contra isso não são feitos protestos em massa nas ruas nem manifestações oficiais dos governos árabes.
A Declaração Islâmica dos Direitos do Homem estabelece que a liberdade de consciência está limitada à liberdade de ser muçulmano e a liberdade de expressão fica circunscrita ao quadro restrito da lei muçulmana.Não há uma esfera do religioso e do mundo político,tudo resulta no mesmo.Tudo é religião,nada é laico.O individualismo não é um valor para o Islão.Estarão em causa as caricaturas ou o direito de publicá-las?A sua publicação está num direito que os europeus construiram e sagrado porque sobre ele foi construída a civilização da liberdade.E não poderemos mudar,seria um erro catastrófico acreditar que pelo facto de mudarmos eles (muçulmanos) iriam mudar.
concordo inteiramente com os seus princípios. (em todo o caso creio que o vasco rato se devia realmente calar. seria o mais sensato.)
Considero que extrema bronquice é somente justificar a destruição de propriedade pertencente a ou a morte de, pessoas que não são responsáveis por determinada ofensa.
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