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Ontem, dois filmes:




“Lenny”, de Bob Fosse. Na noite anterior, tinha-lhe visto o fim na rtp2 e fiquei com tal vontade de o ver (já tinha andado na net à procura de coisas sobre Lenny Bruce, julgo que na altura em que “Chicago” saiu e a filmografia de Bob Fosse foi relembrada – ou foi por causa de um artigo do Augusto M. Seabra sobre o espectáculo de Eric Bogosian no Porto?) que fui ao videoclube.
O que de “Lenny” ressalta é a atracção e a compreensão imensa do espectáculo por Fosse. É o que nos diz o segundo plano (o primeiro, um primeiríssimo plano dos lábios de uma mulher, remete-nos para a oralidade, que é o campo do stand-up por excelência – “don’t take my words away!”, pedia Bruce/Dustin Hoffman lá para o fim). O raccord faz-se com as palavras “Ladies and gentlemen, Lenny Bruce”, vemos uma silhueta por trás, o cotovelo apoiado no tripé do microfone como um homem que espera numa esquina. O foco de luz vira-se para ele, mas, como o vemos por trás, é na verdade para nós que ele se vira. Fosse põe-nos dentro do espectáculo, e põe-nos lá porque não tem medo de o fazer – está seguro em pôr-nos lá. Não digo mais, vão vê-lo também.





“Mystic River”, de Clint Eastwood. Não considero, como Ricardo Gross, que Eastwood seja o melhor realizador americano, nem contemporâneo nem de sempre. Mas achei o filme interessante e bastante próximo quer de “Imperdoável” – em ambos, a personagem principal sofre de uma tendência natural para a agressão e em ambos esse é um peso moral que evita qualquer tentativa de regeneração, porque regeneração é, ao fim e ao cabo, aceitar essa tendência – quer de (que ninguém se ria!!!) “Kill Bill”, já que também no último de Tarantino a violência é a matéria-prima e fundamental. A diferença é que Tarantino trata-a esteticamente como base para entretenimento, para circo, para B.D., enquanto que Eastwood, longe de ser irreverente, prefere ser naturalista, analítico, ou seja – como dizer? – prefere o humano ao desenho animado.

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