Este blog está encerrado.

O autor continua a publicar em http://jvnande.com.

Se quiser ler uma selecção de textos, clique aqui.



Só o consegui ver ontem (não passou em Coimbra?, se calhar, só no longínquo Girassolum...), mas antes tarde do que nunca.“The 25th Hour”, de Spike Lee, é um filme enorme que transforma situações quotidianas ou de forma já estandardizada em momentos originais que servem para definir o carácter das personagens, mesmo que sacrifique a verosimilhança (que é mais hábito do que adequação).

Tenho em mente os magistrais minutos em que os agentes da DEA descobrem droga em casa de Montgomery. Quem são aquelas pessoas? Porque não há logo uma bombástica cena de luta livre em que Montgomery assassine impiedosamente os malévolos agentes da autoridade que lhe vieram roubar a liberdade? Não a há porque não seria do carácter de Montgomery, que sempre fez o que fez e se tornou no que se tornou por vocação trágica, porque não poderia ser de outra maneira. O mundo actua na sua vida e ele está no mundo e as proporções em que cada um afecta o outro estão medidas sem hipóteses de alteração.

Ou seja, o filme, mais do que uma tragédia, é uma pós-tragédia. O desafio aos deuses foi feito, a felicidade enganadora existiu, a punição acorreu, e tudo isto é visto em flashback. Mas como se aceita o castigo, o que acontece depois? É nesta escolha do tempo dramático que o filme brilha, para além de na compreensão da narrativa como uma história dos conflitos entre pessoas (personagens? pessoas) antes de uma sucessão de factos no tempo. E tudo isto sem abandonar a temática de Nova Iorque (isto é uma história do dia-a-dia daquela cidade, entre muitas outras que se poderiam contar) e da Nova Iorque pós 11 de Setembro, tal como “Signs”, de Night Shyamalan, era um filme sobre a América (rural) do pós 11 de Setembro. Além do mais, e na minha modesta opinião, é o filme mais surpreendente de Spike Lee, aquele em que a mensagem (política), talvez porque não tão agressivamente mostrada, ganha mais força.

0 Comentários:

Enviar um comentário

<< Home

« Home | Próximo »
| Próximo »
| Próximo »
| Próximo »
| Próximo »
| Próximo »
| Próximo »
| Próximo »
| Próximo »
| Próximo »


jorge vaz nande | homepage | del.icio.us | bloglines | facebook | e-mail | ligações |

novembro 2003 dezembro 2003 janeiro 2004 fevereiro 2004 março 2004 abril 2004 maio 2004 junho 2004 julho 2004 agosto 2004 setembro 2004 outubro 2004 novembro 2004 dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 junho 2005 julho 2005 agosto 2005 setembro 2005 outubro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 maio 2006 junho 2006 julho 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 maio 2007 junho 2007 julho 2007 agosto 2007 setembro 2007 outubro 2007 novembro 2007 dezembro 2007 janeiro 2008 fevereiro 2008 março 2008 abril 2008 maio 2008 junho 2008 julho 2008 agosto 2008 setembro 2008 outubro 2008 janeiro 2009 fevereiro 2009 março 2009 maio 2009 junho 2009 julho 2009 agosto 2009