Reconsideração de "Requiem for a Dream"
Por medo de injustiça, e prevendo discussões futuras, revi o filme poucas horas depois de o ter visto pela primeira vez. Devo dizer que a minha opinião mudou. Realmente, a montagem acabou por se esconder e deixar passar os elementos que mais importavam.
Se o que tinha retido no primeiro visionamento tinha sido a ideia de desconforto das personagens na sua própria condição física, no segundo a importância dos espelhos em que as personagens insistem em se ver e a troca de percursos no vício (Marion, que antes advertia Harry, agarra-se ainda mais; o acaso obriga este e Tyrone a abandonar violentamente; Sara, que é aquela em que a passagem do tempo se faz sentir mais – mesmo na variação de mutações físicas durante o filme -, é a que passa mais depressa por todas as etapas da dependência) ressaltam mais. Também acabam por se destacar a vontade de mudar (Tyrone, Marion e Harry para uma melhor condição económica, Sara para o peso de antigamente) e a importância das relações filiais (Tyrone tem saudades da mãe que o confortava; Marion renega os pais que a suportam economicamente; Harry abandona a mãe que, no entanto, ama; Sara sonha com o sucesso burguês do filho). Ou seja, o filme tem ou aproxima-se da forma trágica (o desafio aos deuses que não se deixam enganar) e, na verdade, está mais para o discurso exaustivo de "Magnolia" do que para as divagações psicadélicas de "Trainspotting". Por onde andará o "Pi"?
Se o que tinha retido no primeiro visionamento tinha sido a ideia de desconforto das personagens na sua própria condição física, no segundo a importância dos espelhos em que as personagens insistem em se ver e a troca de percursos no vício (Marion, que antes advertia Harry, agarra-se ainda mais; o acaso obriga este e Tyrone a abandonar violentamente; Sara, que é aquela em que a passagem do tempo se faz sentir mais – mesmo na variação de mutações físicas durante o filme -, é a que passa mais depressa por todas as etapas da dependência) ressaltam mais. Também acabam por se destacar a vontade de mudar (Tyrone, Marion e Harry para uma melhor condição económica, Sara para o peso de antigamente) e a importância das relações filiais (Tyrone tem saudades da mãe que o confortava; Marion renega os pais que a suportam economicamente; Harry abandona a mãe que, no entanto, ama; Sara sonha com o sucesso burguês do filho). Ou seja, o filme tem ou aproxima-se da forma trágica (o desafio aos deuses que não se deixam enganar) e, na verdade, está mais para o discurso exaustivo de "Magnolia" do que para as divagações psicadélicas de "Trainspotting". Por onde andará o "Pi"?
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