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Como já era de esperar, devorei hoje os 12x13 minutos do Volume I do “Contacts” (Cartier-Bresson, Doisneau, Freed, Erwitt, McCullin, Giacomelli – só é pena o Winogrand ter morrido cedo demais) e, talvez por infecção do visto (um homem que de repente, e pela sua própria voz, se põe a reflectir sobre o seu trabalho, o lugar que este ocupa na sua vida, a sua percepção dele e de si mesmo através dele), notei o enfraquecimento da fotografia em mim. Quero dizer: estou em casa e está frio, penso, a água está fria e cá em baixo, na casa de banho onde tenho o laboratório, ainda mais. Ou seja, sou um preguiçoso, mas isso já eu sabia. Essa preguiça, no entanto, antes não me impedia de fazer as provas que queria.

Há nisto tudo uma certa maturidade. O papel custa dinheiro, o sonho já não é o que era (ainda está lá, porém). Para quê, começo a perguntar cada vez mais; dantes não, dantes perguntava porquê e atirava-me às coisas para compreender – guardei todas as fotos estragadas no dossier. Fiz a última acção profissional, vi o Manuel Silveira Ramos a ampliar fotografias a olho, como quem pinta. Espantoso, pensei.

Ou pode não ser nada disto e ser só eu a querer aproveitar Monção, as mãos da minha avó, os olhos da minha mãe, o sorriso do meu pai, o meu avô, que é talvez a pessoa com quem eu mais me pareço. Mas não me parece.

Tenho livros para arrumar.

Mas antes: vi aquilo tudo de seguida, o que de não há-de ser muito saudável, mas pensando sempre 'eu já conheço, eu já te vi, eu já te copiei, eu compreendo-te'. Na altura em que vi o programa na televisão, eu não conhecia nada. Agora, sem que pense sequer que alguma vez cheguei à dimensão daqueles homens, compreendo-os, sei do que falam quando se dizem frustrados ou alegres. E, ainda assim, aquelas provas de contacto são perfeitas. As de Depardon (cujas fotografias nunca foram das minhas predilectas) são-no para além do humano. A alegria foi-se sem que tenha chegado a perfeição? Será isso?

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