"morangos com açúcar" pensar 2
Os "Morangos com Açúcar" têm produtos de marca, como o mundo, e são coloridos, como nada mais. O modo como as personagens se relacionam com os objectos é fascinante: tudo está à venda, trabalha-se na praia para se poder pagar as férias ou os passatempos ou os sonhos, o bom aspecto impera e é o que importa. O que há de realmente sinistro nos "Morangos com Açúcar" vem daqui. Por um lado, é conformista ou, pelo menos, limitado no que mostra (um tipo quer ser engenheiro e põe o pai a cantar que vai é para a Academia Militar, outro bate na professora porque vai ser médico obrigado, duas concessões de praia guerreiam para serem a melhor enquanto os gerentes se apaixonam um pelo outro) - não é preciso lutar, ou mesmo querer, basta quase pensar no desejo para que ele, quase por milagre, se concretize. Por outro lado, "Morangos com Açúcar" educa para o conformismo, porque os mais novos só querem é seguir as pisadas dos mais velhos (maquilhagem, concertos, namoros, homens, mulheres). "Morangos com Açúcar", ao mostrar-nos o que é (ou o que pensa que é), ensina para o que não deve ser. Os seus seres não têm desejos, não têm caralhos e conas, fomes e sedes, vontades e representações. Tirando mamas e músculos, não há nada de humano que possam ter, porque não existem, são bandeiras, ensanduichados entre a alegria de mostrar a caricatura do que há e o incitamento a que o mundo seja também ele caricatura de si mesmo.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Home