a trapalhada (ou como é que uma cambada de burocratas consegue arruinar o que é perfeito)
Em meados do ano passado, deu-se uma feliz coincidência e acabámos, eu e ele, por fazer parte do Júri Jovem do Festival IMAGO. Dos jurados, seria escolhido mais tarde o elemento que iria ao Festival de Cannes representar Portugal no júri do Prix de la Jeunesse. A presidente do IPJ foi lá dizer isso mesmo no último dia de festival. Estando eu excluído à partida (o representante tinha de ter 25 anos à data de Cannes, e eu já teria 26), não foi difícil perceber que - sem qualquer desmérito para o resto da malta fantástica que por lá andou nesses dias - o Raphäel era o favorito, quanto mais não fosse pelo facto de o francês ser a sua primeira língua.
Ao longo dos últimos meses, afastei-me do processo e nem mesmo durante o Festival de Cannes me voltei a lembrar do assunto. Daí o meu espanto quando, há dias, o Raphäel me pôs a par de tudo o que lhe tem acontecido e que pode ser lido aqui num comunicado do IMAGO. Em resumo: resguardando-se por trás de uma trapalhada de datas de protocolos e de trocas de mandatos, o IPJ regional de Castelo Branco, declarando-se estranhamente cego a toda a publicidade que foi feita ao longo de meses, veio dizer à última da hora, quando o Raphäel já estava de malas feitas para a viagem, que afinal não seria ele a ir a Cannes, porque ele só tinha sido seleccionado para entrar num concurso nacional com outros jovens e que tinha perdido. Assim, quem iria seria outra pessoa, que, perante a estupefacção do Raphäel e da organização do IMAGO, já andava a ser referenciada na comunicação social.
Obviamente, isto é uma carga de patranhas, usada apenas para encobrir uma absurda descoordenação dentro do IPJ. Em palavras simples, o que eles estão a dizer é que o Raphäel, que já tinha passado dois processos de seleccção (entrar no Júri Jovem e ser escolhido dentro deste), estava afinal ao mesmo nível de qualquer pessoa que tivesse enviado uma simples carta de candidatura aos IPJ's regionais. Ora, alguém faz um protocolo com um festival de cinema para beneficiar do seu critério específico de selecção de jurados para depois vir dizer que esse critério é irrelevante? Com isto, o IPJ desiludiu o Raphäel e manchou a reputação dos (excelentes) organizadores do IMAGO, que não se coibiram, no entanto, de revelar, em comunicado, os meios mesquinhos de actuação do delegado regional do IPJ:
Porque é que, então, se não era assim e o Sr. Miguel Nascimento já o sabia,não nos alertou logo para o facto de, afinal, a entrada não ser directa, mas estar sujeita a um concurso nacional? Porque é que em todos os meses que antecederam o IMAGO e que mediaram entre a assinatura do protocolo e a realização do Festival, não desmentiram as notícias que saíram nos jornais nacionais e regionais e na própria revista PREMIERE (até com um anúncio específico do Júri Jovem) que davam conta de que um dos elementos do Júri Jovem iria a Cannes? Porque é não nos pediram para emendarmos as regras do Júri Jovem que lhes foram enviadas antes de serem publicadas no nosso site onde se mantiveram por vários meses (e onde ainda se pode aceder através deste link colocado na nossa nova página na área Edições Anteriores http://www.imagofilmfest.com/5pt_jurijovem.htm) e, inclusivamente, como cúmulo do absurdo, foram publicadas NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DO PRÓPRIO IPJ?Parece estar tudo dito. Concluo só citando o Raphäel Jerónimo, na esperança de que não se deixe ir abaixo com isto (no passado, eu também tive uma desilusão com o mesmo concurso) e de que a imprensa nacional não seja estúpida o suficiente para não o ir buscar:
Porque é que depois de diversas tentativas de percebermos quando é que tinhamos de preencher os documentos para que o jovem por nós escolhido fosse a Cannes, só no último dia do prazo, 30 de Março de 2007, nos foi solicitado o envio desses documentos? Porque é que nem nessa altura nos foi dito que estávamos a enviar documentos para um concurso e não para a inscrição directa?
A todas estas dúvidas, que colocámos por escrito em Maio de 2007 aos responsáveis nacionais e regionais do IPJ, nunca obtivemos respostas por escrito, mas só meras tentativas de sacudirem a água do capote e de nos calarem, e apenas por telefone, claro, para que nada pudesse ficar registado (a não ser que gravássemos as conversas o que poderá ser uma hipótese a considerar no futuro ao falarmos com responsáveis de entidades públicas).
Como por exemplo o telefonema do Sr. Miguel Nascimento a um produtor do IMAGO onde se propõe defender um protocolo com condições melhoradas para o IMAGO se o Festival não der importância a esta situação.
Ou o telefonema de uns dias depois quando tudo vem a público e o Sr. Miguel Nascimento telefona ao mesmo produtor do IMAGO a dizer que ou nos calamos com isto ou se acaba o protocolo.
Ou o telefonema nervoso da passada segunda feira do Sr. Miguel Nascimento ao jovem em questão propondo-lhe uma viagem a um País europeu como forma de compensação ou até mesmo a promessa de uma ida a Cannes em 2008 em troca do seu silêncio.
E para culminar tudo a mensagem enviada ontem por um seu subordinado informando que o IMAGO a partir de agora deve negociar o protocolo directamente com a Comissão Executiva do IPJ (facto que agradecemos pois este senhor evidentemente é mais um empecilho do que um catalizador de apoios e ajudas para os jovens da região)?
Não cedemos a pressões, nem misturamos as águas. Uma coisa era o protocolo que tinhamos e que queríamos (e queremos) renovar e melhorar este ano com o IPJ NACIONAL e não REGIONAL, outra coisa era uma situação que nos foi oferecida, que não pedimos e que agora se mostra um presente envenenado, que coloca em causa a nossa credibilidade e coloca em causa a continuidade de um evento único como o Júri Jovem que tinha, em 2006, ganho estatuto internacional e mobilizava jovens de todo o País.
O IPJ e nomeadamente o sr. Delegado Regional, Miguel Nascimento, tentou passar uma imagem de incompetência do IMAGO numa situação em que não temos qualquer responsabilidade a não ser a de termos, através dos nossos meios,publicitado uma coisa que alguém decidiu mudar à última da hora e não tem coragem de assumir essa responsabilidade.
Solicitámos ao IPJ que em tempo útil explicasse a situação ao jovem escolhido, Raphäel Jerónimo, e que publicamente garantisse que o IMAGO nada tinha a ver com o que se passou. O IPJ assim não fez e, pior, o Sr. Miguel Nascimento assumiu uma posição de confrontação, mentiras e de recusa de responsabilidades. O Raphaël e muitos outros jovens têm demonstrado a sua solidariedade para com o IMAGO no sentido de desmascarar estes chantangistas e demagogos profissionais que à custa de tanto repetirem uma mentira conseguem convencer-se a si próprios de que estão a dizer a verdade.
Não o permitimos. Sentimos a nossa credibilidade posta em causa e recusamo-nos a ser alvo de chantagens e de pressões para nos calarmos e calar a pessoa directamente afectada por tudo isto. E se só agora vimos a público foi porque até agora esperámos calmamente por uma resposta formal.Nunca aconteceu, pelo que a nossa única opção é tornar pública a nossa posição e avançarmos para uma queixa formal à Secretaria de Estado da Juventude, o que faremos nos próximos dias.
Se isto não fosse um País de faz de conta poderíamos esperar alguma consequência dessa queixa e que alguém viesse a ser responsabilizado por todas as mentiras e trafulhices em questão. Se isto não fosse um País de faz de conta poderíamos esperar que o Sr. Nascimento fosse confrontado com as perguntas que aqui deixamos. Se o Sr. Nascimento não fosse um cobardolas escudado na poltrona do seu gabinete até poderíamos pensar em reunir os jornalistas e o jovem em questão e esclarecermos cara a cara estas questões.
Mas depois de todas as mentiras que disse e na condição de "boy" prestável e submisso já só desejamos que esta sinistra personagem não nos apareça mais à frente.
Enquanto jovem, seria de esperar que me mantivesse calado, amaldiçoando tudo e todos, e depois, esquecesse o assunto. Mas, eu já não sou assim tão jovem... E hoje, porque tenho o direito de tal fazer, e já que ninguém é capaz de me informar, quero saber: quem é o encarregado de educação do IPJ?