o futurismo
Façamos um exercício de futurismo: o eleitor tem um PP estilhaçado, um PSD de bufão, um PS pantanoso e um BE com mais bloqueio do que bloco. Qual é o único partido português que mantém uma estabilidade, fabricada, como diria Vasco Pulido Valente, a partir da excentricidade do nosso regime atrasado vinte anos?
o ribau do vencedor
Menezes ganhou, mas, para falatório nos tempos que se seguem, eu aposto em Ribau.
o cacicanço
Ah, como esta coisa das quotas do PSD me lembra os bons velhos tempos de Associação Académica. Convocação massiva por SMS, utilização das carrinhas da AAC para transporte de eleitores amigos, uma lista (onde eu tinha amigos) que conseguiu passar à segunda volta praticamente sem qualquer campanha e só à base de recadinhos e pedidos de voto, tudo isso eu vi. Ao pé disto, caros leitores, estes senhores do PSD são uns meninos.
a unificação do português
A regularização do Português por tratado, para mim, merece só uma palavra: treta. Isto, é óbvio, não é consensual. Disse publicamente algo parecido quando estive em Moçambique e disseram-me que os portugueses têm a mania de ser donos da língua. Mas é o contrário. Ninguém é dono da língua. Por isso mesmo, ela não é regulável por tratado. As variações africanas, brasileiras e portuguesas têm a mesma dignidade e, como tal, a mesma liberdade para crescer e desenvolver-se. Querem fazer manuais todos iguais? Façam. Quero ver como é que resolvem um oceano de diferenças. A CPLP, compreende-se, precisa de sentir que a sua base é estável, chata e burocrática para crescer com estabilidade enquanto burocracia chata. Duas versões do Português? Não haverá muito mais do que isso?
a inversão
Para além de engraçadíssimo, este vídeo de Orson Welles a trocar as regras do jogo e entrevistar o entrevistador Dick Cavett (que, no mínimo, reconhecerão de uma cena de Forrest Gump) revela um tempo em que as pessoas que faziam televisão não pareciam sentir-se amarradas à convenção, ao soundbyte e à mera aparência. Reparem, no entanto, que Cavett mantém a elegância - e isso, sim, parece essencial.
o sketch
Absolutamente brilhante, este sketch da série Not The Nine O'Clock News - no caso, parodia a controvérsia à volta d'A Vida de Brian dos Monty Python, mas pode e deve ser lembrado sempre que se andar a discutir todo e qualquer sexo dos anjos...
o álbum
Eu nunca tinha ouvido Deerhoof, mas, depois de ter ouvido o álbum gratuito que eles puseram no site deles (e que não se deve aguentar lá muito tempo, vão lá depressa), não vou deixar de ouvir. Não são tão inteligentes como os Isabelle Otelo Saraiva de Carvalho, que põem os álbuns on-line num ficheiro único, mas ainda assim é bom de escutar.
a selecção de momentos pitorescos da história do mundo
Escolhidos daqui.
346bc. Having conquered much of the rest of Greece, Philip II of Macedon sent a message to the Spartans: "You are advised to submit without further delay, for if I bring my army into your land, I will destroy your farms, slay your people, and raze your city." They sent a one-word reply: " If." Their boldness paid off: Philip left them alone.
1227. The death of Genghis Khan. His philosophy, as attributed to him, is summed up thus: the greatest joy a man can have is victory; to conquer one's enemy's armies, to pursue them, to deprive them of their possessions, to reduce their families to tears, to ride on their horses, and to make love to their wives and daughters. Research published in 2003 based on analysis of Y-chromosomes suggests that 8 per cent of men across a large area of Asia (about 0.5 per cent of the global male population) are descended from Genghis Khan.
1336. The Sumptuary Act of Edward III forbade any person to eat more than two courses in one meal. The act made it clear that soup was a full course, and not just a sauce. The following year, Edward banned the wearing of fur by any man or woman, even the king.
1473. Attacking the neighbouring Aztec city of Tlatelolco, the army of Axayacatl of Tenochtitlan was surprised to be met by an army of naked women, who sought to distract their enemies by spraying them with milk from their breasts. However, this ruse did not save Tlatelolco, which was sacked, and many of its people sacrificed.
1780. Around this date, Mr Daly, manager of a Dublin theatre, proposed a wager by which he would introduce a new word into the language and have everybody using it within 24 hours. Accordingly, he and his associates scrawled the word "QUIZ" on walls all over the city, and in no time at all the citizens of Dublin were asking what these letters meant. The wager was won. Sadly, some of our duller lexicographers doubt the veracity of this tale.
1847. The ring doughnut was invented by accident, when a baker's apprentice called Hanson Gregory pushed out the soggy, uncooked centre of the conventional doughnut that he had just pulled out of the deep fryer.
1848. The utopian Oneida Community was established in New York State. The community practised "complex marriage", in effect free love, and the women on average had "interviews" with three different partners every week. To avoid unwanted pregnancies and the "waste" of seed, the men aimed to avoid ejaculation during coitus, which could last for up to an hour. Pubescent boys trained to achieve this degree of control by engaging in intercourse with women who had just passed the menopause. Those who wished to bear children had to appear before a committee, which would determine their spiritual and moral fitness for breeding. All children were raised communally. The community's founder, John Humphrey Noyes, was obliged to flee to Canada in 1879 when he was warned that he was about to be charged with statutory rape. He wrote to advise his followers to abandon complex marriage, and within a year many community members had contracted conventional marriages.
1893. At the Bal des Quatre Arts, Paris, students witnessed the world's first striptease, when an artist's model called Mona, apparently under the influence of champagne, disrobed to music. She was subsequently arrested and fined 100 francs, causing the students to demonstrate. Some claim that the world's first striptease was performed by Salome, nearly 2000 years previously. The striptease developed in the burlesque theatres of the 1890s, and a popular early theme was that the woman shed her clothes one by one in search of a flea.
1939. Gadsby, a novel by E V Wright, is published, which entirely eschews the letter "e". Thirty years later the French writer Georges Perec publishes La Disparition, which achieves a similar feat.
1946. The Bournemouth Evening Echo carried the following story: "Mrs Irene Graham of Thorpe Avenue, Boscombe, delighted the audience with her reminiscence of the German prisoner of war who was sent each week to do her garden. He was repatriated at the end of 1945, she recalled. 'He'd always seemed a nice friendly chap, but when the crocuses came up in the middle of our lawn in February 1946, they spelt out Heil Hitler.'"
2001. Surgeons were obliged to amputate the world's first transplanted hand, because the recipient, a 50-year-old New Zealand man, found it "hideous and withered", and could not face having a dead man's hand on the end of his arm. Similarly, in 2006, a Chinese man asked surgeons to remove a penis transplant that had been grafted on to the 1cm stump he had been left with after an accident. Although the transplant was a success, neither the man nor his wife found they could live with another man's penis.
o número
O tempo passa e um tipo nem repara nestas coisas, mas elas são simpáticas: mais ou menos há uma semana, este blog ultrapassou a marca das 100 mil visitas. É giro e "giro" já é bom. Abraços, queridos leitores.
o que a oposição devia dizer
Para acabar com os crimes passionais, o Governo devia impedir que os cidadãos se apaixonassem.
A ouvir
Caras e caros, hoje à noite, no programa Cómicos de Garagem, às 23h na Antena 3, ouçam uma coisa chamada Jerónimo - fui eu que a fiz.
a frase
Às vezes, sabe-me bem uma boa síntese. Depois de vários anos a fotografar, parece-me que isto, sim, é uma boa síntese.
Taking a photograph means you don't take photographs of everything else you could have taken a photograph from.
a série: californication
E se isto era bom, a segunda cena de Californication a passar-se numa igreja já mostra que há aqui uma certa intenção de quem escreve.
a bertrand e as editoras
Quanto à guerra entre editoras e a Bertrand, a triste realidade é esta: num raciocínio de venda de reposição rápida e em que a variedade pouco importa (os livros estão cada vez mais todos iguais, já repararam?), a Bertrand não precisa de variedade editorial para sobreviver enquanto livreira. Com o Círculo de Leitores, a Bertrand, a Quetzal e a Temas e Debates, que também são da Bertelsmann, manter uma estrutura vertical em que a Bertrand vende apenas o que aquelas produzem parece possível. A posição da Booktailors é que deve ser retida no meio disto tudo: por quanto mais tempo estão os leitores dispostos a aturar a mediocridade das grandes livrarias? Em Novembro de 2006, por exemplo, andei a correr Lisboa à procura de um livro que tinha sido editado há pouco mais de um ano em Portugal. Entretanto, como não tenho tido grande interesse em diários de prostitutas e figuras televisivas, mantenho-me enquanto leitor à custa de fins de edição e livros baratos em alfarrabistas e feiras. Antes isso do que caixas de detergente.
a gratidão
Este post da Cátia, do qual reproduzo abaixo parte substancial, é representativo de uma maneira portuguesa bem típica de tratar os criadores como se fossem autodidactas porreiraços que estão sempre prontos para a festa e que trabalham na sua obra no meio de um perene e infeccioso ócio criativo. É importantíssimo ler e pensar, principalmente em cruzamento com este e este texto do Possidónio.
Obviamente que um nome como o meu ou como o de um outro colaborador "incógnito" criaria um patchwork pouco hype.Terão sido esses "amigos" que tanto destaque tiveram nessa edição de aniversário que ajudaram a Dif crescer aos 5 anos.Terão concerteza sido eles quem escreveram ,fotografaram,ilustraram etc... a troco de nada.Porque,já agora,e para quem não sabe, a dif nada paga aos seus colaboradores.é esse um dos grandes males do nosso país.Quando o trabalho não é remunerado raramente é valorizado.mas, por amor à camisola também nunca me queixei.Mas chegou a altura de a despir e de me dar ao respeito.Admito que, com alguma pena.E infelizmente,também já percebo minimamente deste meio para não acreditar quando o francisco(direcção)me justifica o feito com a falta de espaço da edição e com uma selecção do rejeitados baseada em critérios aleatórios.right.
Parabéns á DIF.e aos amigos dela.
o site novo
Caras senhoras e caros senhores, tenho a honra de vos apresentar o meu espaço próprio na Internet: o www.jvnande.com. Ele vem da necessidade de ter um espaço próprio para além dos limites deste blog, uma vez que a quantidade de coisas que vou fazendo e que me apetece partilhar não podia estar limitada a deixar-se ir ocultando pelo tempo. Textos, sons, ligações para projectos ao qual estou ou estive ligado, está tudo lá e vai estar muito mais. Fica o recado: vão lá visitar o estaminé, se faz favor.
o início
Ao hoje ver no MOTELx o filme Midnight Movies - From the Margin to the Mainstream (logo depois de uma sessão em que reencontrei a Rita Moreira, que já não via há uns anos), descobri algo de muito interessante: que o El Topo do Jodorowsky, de que o André gosta muito, é o filme que iniciou o movimento das sessões da meia-noite.
a prostituição dos blogues
Ricardo Figueira acha que, pelo facto de eu incluir anúncios do Blogsvertise no meu blog, me estou a prostituir e, por isso, publica um post intitulado A Prostituição dos Blogues. Não consigo perceber se ele quer inventar uma profilaxia cibernáutica ou se, pelo contrário, tenderá mais a vestir batina e defender a virgindade absoluta até ao casamento. Estou de acordo com ele quando diz que o blog “é um espaço de opinião livre onde podemos ter uma audiência global, livre de censuras editoriais, onde o único limite é a nossa própria capacidade de imaginação, a nossa capacidade de comunicação, as nossas ideias para uma comunidade melhor”. Não percebo onde é que o facto de ter publicidade identificada como tal nalguns posts – para aí uma vintena num ano – me impede de fazer isto, mas avancemos.
Ricardo Figueira rejeita o sistema pay per post ”por que influencia o conteúdo de um blog”, ou seja, “exige que o autor do blog inclua determinado conteúdo em palavras e em links”, e porque tenta “enganar os motores de busca que olham para os links como um voto de confiança, como um ponto a favor de um site”, logo, “ao fabricar estes links (…) estamos a contribuir para que os resultados de motores de busca como o Google sejam artificiais”. Bem, se soubesse mais cedo, tinha pedido desculpa ao Google, caramba. Até seria capaz de lhes dar uns euros para compensar o incómodo…
Curiosamente, Ricardo Figueira diz que, ao colocar no seu blog anúncios de geração automática, está “a identificá-los como publicidade, uma coisa que não acontece com o sistema pay per post. Não acontece necessariamente pois os autores não são obrigados a distinguir esses artigos de outros quaisquer”. Isto tem piada, pois ele primeiro condena o pay por post por, devido ao facto de influenciar o conteúdo de um blog, ser intrinsecamente maléfico, e depois justifica-se por incluir no seu blog anúncios de geração automática cujo conteúdo depende mais do sistema anunciante do que dele próprio. Os anúncios que lhe aparecem “estão relacionados com os temas” de que ele escreve? Ou o facto de ter trabalhado no Google lhe dá privilégios no seio dos Google Ads ou Ricardo Figueira distorce a verdade, pois ele sabe muito bem que essa relação contextual é gerada automaticamente – ou seja, se a Blogsvertise anunciar em Google Ads, é muito provável que apareça um anúncio àquela no blog de Ricardo Figueira pelo mero acto de ele ter escrito um post… em que a deitava abaixo! Tal como me aconteceria a mim por já ter escrito muito contra o crédito de massas, matéria que rejeito no artigo que Ricardo Figueira leu. Ou seja, ele endeusa a liberdade de criação e de opinião para rejeitar um sistema de publicidade on-line que dá ao autor mais liberdade de criação e de opinião do que aquele que ele próprio utiliza. O leitor tem tanta liberdade de decidir se quer clicar no anúncio no blog dele como no meu; simplesmente, eu rejeito todos os anúncios que me apetecer e eles não passam para o leitor. Mais ainda, eu não dependo do leitor e por isso não tenho de aproveitar um post em que critico o sistema publicitário usado por outrem para incitar ao clique nos meus anúncios. É simples.
Mas peguemos no argumento principal de Ricardo Figueira e imaginemos até que eu aceitaria escrever um post Blogsvertise, digamos, sobre a Credifin. Como o sistema me dá liberdade de escolher, ganharia dinheiro para desancar explicitamente na Credifin, ou seja, ganharia dinheiro para escrever aquilo em que acredito, como fiz aqui. Imaginemos que todos os utilizadores do Blogsvertise fazem o mesmo: sim, o link para a Credifin subiria no Google, mas as opiniões de bloggers sobre ele também estariam lá para serem lidas por toda a gente que fez a pesquisa – tal como o número total de links para o blog de Ricardo Figueira aumenta com este post, mas qualquer um que o leia percebe que eu não acho que ele seja um produto particularmente brilhante.
Divirto-me muito a escrever estes artigos, como ele diz? Divirto-me tanto como a escrever os outros, ou seja, sim. Já rejeitei anúncios por não os querer, já os deixei passar porque não me apeteceu. Se não escrevesse aqui por gosto, não escrevia. Não sei se Ricardo Figueira se diverte tanto como eu, mas espero que sim. O meu blog serve para falar directamente aos outros com liberdade das constrições do coloquial, principalmente a falta de tempo para uma conversa decente e a dificuldade de se compreender logo um arrazoado complexo. Acho que não há nada de mal em encontrar um sistema de publicidade que permite que nenhuma da informação no nosso site não passe por nós. Mesmo nesses anúncios, estou imediatamente eu e o meu pensamento à frente do leitor. Isso é o que Ricardo Figueira, com o seu pensamento formatado para não ser mauzinho para com o Google, não compreendeu.
Ricardo Figueira rejeita o sistema pay per post ”por que influencia o conteúdo de um blog”, ou seja, “exige que o autor do blog inclua determinado conteúdo em palavras e em links”, e porque tenta “enganar os motores de busca que olham para os links como um voto de confiança, como um ponto a favor de um site”, logo, “ao fabricar estes links (…) estamos a contribuir para que os resultados de motores de busca como o Google sejam artificiais”. Bem, se soubesse mais cedo, tinha pedido desculpa ao Google, caramba. Até seria capaz de lhes dar uns euros para compensar o incómodo…
Curiosamente, Ricardo Figueira diz que, ao colocar no seu blog anúncios de geração automática, está “a identificá-los como publicidade, uma coisa que não acontece com o sistema pay per post. Não acontece necessariamente pois os autores não são obrigados a distinguir esses artigos de outros quaisquer”. Isto tem piada, pois ele primeiro condena o pay por post por, devido ao facto de influenciar o conteúdo de um blog, ser intrinsecamente maléfico, e depois justifica-se por incluir no seu blog anúncios de geração automática cujo conteúdo depende mais do sistema anunciante do que dele próprio. Os anúncios que lhe aparecem “estão relacionados com os temas” de que ele escreve? Ou o facto de ter trabalhado no Google lhe dá privilégios no seio dos Google Ads ou Ricardo Figueira distorce a verdade, pois ele sabe muito bem que essa relação contextual é gerada automaticamente – ou seja, se a Blogsvertise anunciar em Google Ads, é muito provável que apareça um anúncio àquela no blog de Ricardo Figueira pelo mero acto de ele ter escrito um post… em que a deitava abaixo! Tal como me aconteceria a mim por já ter escrito muito contra o crédito de massas, matéria que rejeito no artigo que Ricardo Figueira leu. Ou seja, ele endeusa a liberdade de criação e de opinião para rejeitar um sistema de publicidade on-line que dá ao autor mais liberdade de criação e de opinião do que aquele que ele próprio utiliza. O leitor tem tanta liberdade de decidir se quer clicar no anúncio no blog dele como no meu; simplesmente, eu rejeito todos os anúncios que me apetecer e eles não passam para o leitor. Mais ainda, eu não dependo do leitor e por isso não tenho de aproveitar um post em que critico o sistema publicitário usado por outrem para incitar ao clique nos meus anúncios. É simples.
Mas peguemos no argumento principal de Ricardo Figueira e imaginemos até que eu aceitaria escrever um post Blogsvertise, digamos, sobre a Credifin. Como o sistema me dá liberdade de escolher, ganharia dinheiro para desancar explicitamente na Credifin, ou seja, ganharia dinheiro para escrever aquilo em que acredito, como fiz aqui. Imaginemos que todos os utilizadores do Blogsvertise fazem o mesmo: sim, o link para a Credifin subiria no Google, mas as opiniões de bloggers sobre ele também estariam lá para serem lidas por toda a gente que fez a pesquisa – tal como o número total de links para o blog de Ricardo Figueira aumenta com este post, mas qualquer um que o leia percebe que eu não acho que ele seja um produto particularmente brilhante.
Divirto-me muito a escrever estes artigos, como ele diz? Divirto-me tanto como a escrever os outros, ou seja, sim. Já rejeitei anúncios por não os querer, já os deixei passar porque não me apeteceu. Se não escrevesse aqui por gosto, não escrevia. Não sei se Ricardo Figueira se diverte tanto como eu, mas espero que sim. O meu blog serve para falar directamente aos outros com liberdade das constrições do coloquial, principalmente a falta de tempo para uma conversa decente e a dificuldade de se compreender logo um arrazoado complexo. Acho que não há nada de mal em encontrar um sistema de publicidade que permite que nenhuma da informação no nosso site não passe por nós. Mesmo nesses anúncios, estou imediatamente eu e o meu pensamento à frente do leitor. Isso é o que Ricardo Figueira, com o seu pensamento formatado para não ser mauzinho para com o Google, não compreendeu.
a marca
Hoje no metro pus-me a olhar para uma marca em forma de quarto minguante que tenho no braço direito desde há uns meses. Já esteve mais marcada, foi enfraquecendo com a passagem do tempo, mas continua a ser visível. O que mais me perturba nela é que não representa absolutamente nada. É, muito simplesmente, uma queimadura feita enquanto passava a ferro. Não simboliza um acontecimento importante, não me recorda vencer uma luta memorável contra um vilão sobre-humano - é só a porra de uma queimadura doméstica. No entanto, isso faz-me pensar que talvez esteja a ser um sonhador e que, afinal, é o pacato, o trivial e o comezinho que nos vão marcando, não os acontecimentos extraordinários que, precisamente por o serem, representam uma muito menor passagem do tempo por nós. Isso, por outro lado, faz-me pensar que estou só a justificar perante mim mesmo o facto de me ter deixado marcar para o futuro no braço direito por um estúpido ferro, como se fosse a minha própria rês, mas também me faz pensar que, se calhar, me marquei para mostrar que sou dono de mim próprio.
a song 4 mutya
Algo me diz que esta vai ser a Crazy ou, talvez melhor ainda, a I Don't Feel Like Dancin' deste ano, no sentido em que é irresistível o ginga-cu durante as primeiras audições - eu não sou grande conhecedor de Groove Armada, mas a verdade é que são estas paragens, subidas e descidas abruptas que acrescentam o dramatismo pop necessário à letra muito teen, pastilha elástica -, mas, depois de centenas de repetições em tudo quanto é meio de comunicação, daqui a uns meses já não vai haver pachorra para a canção. Enfim, pelo menos a Mutya Buena é gira e tem nome adequado para aquilo que é. Entretanto, já há grandes versões por aí.
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